Há cinco questões fundamentais que a Filosofia se propõe a colocar, busca responder ou mesmo deixa em aberto:
- Sobre o Ser, tudo o que há, que existe, que subsiste, que aparenta ser, ou que é o que aparenta; e pode esta questão ser posta de outro modo: o que são os fenômenos, acontecimentos, coisas, objetos? Eles possuem um cerne, uma essência que é sua marca de identificação? Cabe perguntar também o modo como vieram a ser, o modo como atualmente são, como serão ou deixarão de ser. Exemplo: para Aristóteles em sua Metafísica há substâncias essenciais (o que não pode faltar ao ser) e seus acidentes, o modo como existem no tempo, no espaço, neste ou naquele lugar, deste ou daquele modo, enfim, suas variações.
- Sobre o conhecimento, como conhecemos, como atingimos o que nos cerca: pela percepção? sensações? intelecto? O que nos vem à mente, ao nosso saber, depende de ideias, de conceitos, da linguagem? Ou retratamos as coisas exatamente como elas são, tal como se a mente fosse um espelho? Necessitamos de um tipo de rede (proposições, atos de fala, construções sociais) que, lançada à realidade a torna cognoscível? Ou a realidade em si é conhecida tal qual ela é e não como nós a representamos?
- Sobre o bem e o mal, o sentimento ético/moral de que há atitudes comprometidas com o bem e que abominam o mal, para em seguida perguntar? Mas, o que é bem? E o que é mal? Quem os distingue? Sob quais critérios consideramos boa a ação ou a condenamos? Precisamos de alguém superior e detentor de um código para distinguir bem de mal? Quem pode punir? Somos sujeitos a uma lei eterna e receberemos recompensa ou castigo? Ou nós mesmos somos livres e responsáveis por nossos atos?
- Sobre a verdade, alguém a detém? Trata-se de uma questão de critérios? Quais seriam? A coerência, a comprovação? Como provar ou comprovar? Há juízos corretos, e os que passam por corretos, mas que mudam com o tempo e as sociedades? Verdade pronunciada em nome de quem ou do que? Se a verdade é desejável e benéfica, como podem os enganos, a mentira, a ilusão, o auto-engano prevalecerem muitas vezes? O que significa "verdade"? Integridade? Possibilidade de verificação? Ater-se a um credo ou crença?
- Sobre o sentido da existência: há pleno sentido para os que obtêm resposta em um mestre, uma doutrina, uma religião, um partido político? É preciso um ideal, mas como chegar a esse ideal, ou melhor ainda, há mesmo um ideal? A plenitude pode provir de realizações pessoais? Da família? Dos laços de amor e afeto? Do trabalho? Do projeto de vida no qual as pessoas se engajam? Do poder da esperança para os que sofrem? E quando não há perspectiva e a vida não tem sentido algum como concluem os céticos?
É possível que nenhuma dessas questões seja proposta por um sem número de pessoas, nesse caso a própria condição humana acaba por ser negada, alienada e rejeitada.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Michel Houellebecq critica filósofos franceses
Em entrevista à revista Época (14 de novembro 2016) o escritor francês Michel Houellebecq, polêmico como sempre, enaltece os escritores e desanca com os filósofos franceses da segunda metade do século 20. Afirma que Sartre e Camus nada mais têm a dizer, e que Derrida, Lacan, Deleuze e Foucault são incompreensíveis, suas frases são "bizarras" e sem "nenhum sentido".
Já ele próprio se julga grande escritor. De fato ele é o mais lido, premiado e traduzido novelista da França. Li duas de suas obras "Les particules élémentaires" e "La carte et le territoire". São interessantes, fazem refletir sobre nossa sociedade, os sentimentos humanos enraizados e que nos perturbam, como sexo, arte, política, destino das nações, França em especial.
Entretanto, escrever ficção o autoriza a tratar desse modo filósofos que fazem parte de uma geração influente com suas ideias e conceitos?
Ninguém nega que a leitura desses filósofos seja difícil. Filosofia não é fácil, difere e muito da literatura, que conduz o leitor para situações imaginárias, cujo ritmo e conteúdo atrai e necessariamente encanta, surpreende, prende a atenção, provoca sentimentos e sensações diversas.
No caso de Houellebecq, vêm à tona, amor, intriga, como a modernidade enfrenta questões políticas, éticas, científicas, como progresso pode também ser decadência. Definitivamente, escritor interessante e com enorme talento. Talento tão grande quanto sua soberba e orgulho, desprezo pelo que não lhe diz respeito. Considera-se merecedor do Nobel de Literatura, "não vejo na França quem possa estar mais bem colocado do que eu para isso". A cada vez que se depara com dificuldade para entender não só filósofos, também escritores e análises da política hoje, afirma que para de ler.
Voltemos à sua crítica aos filósofos. Ao mesmo tempo em que critica a obscuridade deles, enaltece os intelectuais. Ora, filósofos não seriam igualmente intelectuais? Segundo ele próprio, são os intelectuais que ampliam a discussão, disseminam suas ideias, ideias essas que têm poder e precisam de divulgação. Por acaso filósofos não fazem exatamente isso? Ah, ressalva Houellebecq, os intelectuais não podem ser acadêmicos nem pesquisadores!
Tudo bem, então de onde extraem suas poderosas ideias?
Se os filósofos são difíceis, incompreensíveis, é porque são filósofos. A escrita filosófica é conceitual, pode ser simplificada para se tornar mais acessível até certo ponto. Mas não é compatível com a Filosofia esfarelarem-se pensamentos, noções, ideias, conceitos.
Em certo sentido, pode-se concordar com o escritor, muito do que os filósofos acima citados produziram é de fato ininteligível e/ou inacessível. E é justamente por isso mesmo que aqueles e outros tantos devem e podem ser criticados. Sim, pois deve-se poder questionar e obter respostas para: o que tal filósofo quis dizer? Qual é sua mensagem? A que conclusões o pensamento de tal ou tal filósofo conduz? E em que medida isso importa?
Se o filósofo não responder a essas questões, lixo para ele. Nesses casos, Houellebecq tem razão...
Já ele próprio se julga grande escritor. De fato ele é o mais lido, premiado e traduzido novelista da França. Li duas de suas obras "Les particules élémentaires" e "La carte et le territoire". São interessantes, fazem refletir sobre nossa sociedade, os sentimentos humanos enraizados e que nos perturbam, como sexo, arte, política, destino das nações, França em especial.
Nasceu em 1958, prêmio Goncourt em 2010, cultiva imagem "dégoûtante".
Entretanto, escrever ficção o autoriza a tratar desse modo filósofos que fazem parte de uma geração influente com suas ideias e conceitos?
Ninguém nega que a leitura desses filósofos seja difícil. Filosofia não é fácil, difere e muito da literatura, que conduz o leitor para situações imaginárias, cujo ritmo e conteúdo atrai e necessariamente encanta, surpreende, prende a atenção, provoca sentimentos e sensações diversas.
No caso de Houellebecq, vêm à tona, amor, intriga, como a modernidade enfrenta questões políticas, éticas, científicas, como progresso pode também ser decadência. Definitivamente, escritor interessante e com enorme talento. Talento tão grande quanto sua soberba e orgulho, desprezo pelo que não lhe diz respeito. Considera-se merecedor do Nobel de Literatura, "não vejo na França quem possa estar mais bem colocado do que eu para isso". A cada vez que se depara com dificuldade para entender não só filósofos, também escritores e análises da política hoje, afirma que para de ler.
Voltemos à sua crítica aos filósofos. Ao mesmo tempo em que critica a obscuridade deles, enaltece os intelectuais. Ora, filósofos não seriam igualmente intelectuais? Segundo ele próprio, são os intelectuais que ampliam a discussão, disseminam suas ideias, ideias essas que têm poder e precisam de divulgação. Por acaso filósofos não fazem exatamente isso? Ah, ressalva Houellebecq, os intelectuais não podem ser acadêmicos nem pesquisadores!
Tudo bem, então de onde extraem suas poderosas ideias?
Se os filósofos são difíceis, incompreensíveis, é porque são filósofos. A escrita filosófica é conceitual, pode ser simplificada para se tornar mais acessível até certo ponto. Mas não é compatível com a Filosofia esfarelarem-se pensamentos, noções, ideias, conceitos.
Em certo sentido, pode-se concordar com o escritor, muito do que os filósofos acima citados produziram é de fato ininteligível e/ou inacessível. E é justamente por isso mesmo que aqueles e outros tantos devem e podem ser criticados. Sim, pois deve-se poder questionar e obter respostas para: o que tal filósofo quis dizer? Qual é sua mensagem? A que conclusões o pensamento de tal ou tal filósofo conduz? E em que medida isso importa?
Se o filósofo não responder a essas questões, lixo para ele. Nesses casos, Houellebecq tem razão...
domingo, 6 de novembro de 2016
Kant, o transcendental a priori e o papel da experiência
Talvez a mais notória contribuição de Kant para a Filosofia, especialmente a Metafísica e a Teoria do Conhecimento, seja o que ele próprio chamou de "Revolução Copernicana". O sujeito e suas propriedades formais e a priori são as condições necessárias para haver conhecimento.
Quer dizer que todo e qualquer objeto ou situação fora do sujeito, tudo o que está na realidade, só é atingível por meio de propriedades formais da razão, que são transcendentais e a priori. Mas não se trata da mente individual e subjetiva, ao modo de Descartes e sim formas puras do entendimento, não pessoais, não obtidas por meio da experiência.
A experiência tem um papel fundamental, mas não funciona sozinha pondo na mente ideias obtidas única exclusivamente pelo contato dos sentidos com o mundo externo, como para o empirismo de Locke.
A experiência, para Kant, seria caótica se não fossem as faculdades da intuição que organizam o material recebido pela experiência. Essa faculdade de pensar, de intuir por meio da sensibilidade, põe ordem no caos empírico. "Intuição" justamente é essa capacidade de conhecer objetos de modo a priori, isto é, são as condições da sensibilidade que põem os fenômenos todos a serem conhecidos, no tempo e no espaço.
A razão é soberana e imprescindível, o uso puro da razão funciona dentro dos limites da experiência, portanto, nada de idealismo platônico, nada da Metafísica tradicional que impõe de fora para dentro tudo o que em si mesmo existe, sem que o sujeito intervenha.
Não é possível ir além dos limites da sensibilidade, além do tempo e do espaço.
Os únicos juízos ou formulações que garantem certeza, são os juízos sintéticos a priori, as representações do espírito sobre os fenômenos empíricos.
Diferentemente dos juízos empíricos sintéticos obtidos pela experiência, por isso a posteriori, por exemplo, que todos os corpos são pesados, que o pão alimenta, que é preciso nadar para não se afogar, etc. etc., os juízos sintéticos a priori, não dependem da experiência, são necessários, absolutamente confiáveis também para situações futuras, são puros, são racionais. São eles que mostram à experiência o que vale como conhecimento seguro, suscetível de progredir.
Se o conhecimento se baseasse somente na experiência dos sentidos, o mundo exterior, que é mutável e que contém inúmeras facetas, seria inatingível e não se poderia obter conhecimento seguro. A experiência limita o mundo que conhecemos, mas ela não é possível sem a intervenção das formas puras a priori do entendimento.
Conclusão: se a razão fornece os princípios do conhecimento seguro, a priori, confiável, cabe a cada indivíduo usar os aparatos da subjetividade, os princípios e propriedades da razão pura.
Quanto às questões da prática, dos juízos morais, são outros princípios que contam: a boa vontade, sua autonomia, a liberdade e o senso de dever moral. Quanto mais livre, mais capaz de exercer o dever moral.
Quer dizer que todo e qualquer objeto ou situação fora do sujeito, tudo o que está na realidade, só é atingível por meio de propriedades formais da razão, que são transcendentais e a priori. Mas não se trata da mente individual e subjetiva, ao modo de Descartes e sim formas puras do entendimento, não pessoais, não obtidas por meio da experiência.
A experiência tem um papel fundamental, mas não funciona sozinha pondo na mente ideias obtidas única exclusivamente pelo contato dos sentidos com o mundo externo, como para o empirismo de Locke.
A experiência, para Kant, seria caótica se não fossem as faculdades da intuição que organizam o material recebido pela experiência. Essa faculdade de pensar, de intuir por meio da sensibilidade, põe ordem no caos empírico. "Intuição" justamente é essa capacidade de conhecer objetos de modo a priori, isto é, são as condições da sensibilidade que põem os fenômenos todos a serem conhecidos, no tempo e no espaço.
A razão é soberana e imprescindível, o uso puro da razão funciona dentro dos limites da experiência, portanto, nada de idealismo platônico, nada da Metafísica tradicional que impõe de fora para dentro tudo o que em si mesmo existe, sem que o sujeito intervenha.
Não é possível ir além dos limites da sensibilidade, além do tempo e do espaço.
Os únicos juízos ou formulações que garantem certeza, são os juízos sintéticos a priori, as representações do espírito sobre os fenômenos empíricos.
Se o conhecimento se baseasse somente na experiência dos sentidos, o mundo exterior, que é mutável e que contém inúmeras facetas, seria inatingível e não se poderia obter conhecimento seguro. A experiência limita o mundo que conhecemos, mas ela não é possível sem a intervenção das formas puras a priori do entendimento.
Conclusão: se a razão fornece os princípios do conhecimento seguro, a priori, confiável, cabe a cada indivíduo usar os aparatos da subjetividade, os princípios e propriedades da razão pura.
Quanto às questões da prática, dos juízos morais, são outros princípios que contam: a boa vontade, sua autonomia, a liberdade e o senso de dever moral. Quanto mais livre, mais capaz de exercer o dever moral.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
Conceito de Filosofia em termos muito simples
Dia desses meu neto se machucou e perguntou se eu também era médica. Faz sentido, pois o avô paterno, seu pai e sua mãe são médicos. Como ele tem quatro anos, não permitiu que eu cuidasse do ferimento, pois que eu não era entendida no assunto...
Foi assim que ele ficou sabendo que minha profissão era professora, e de Filosofia. "Mas que é isso vovó?"
Iniciei minha carreira de professora aos dezenove anos, meus alunos cursavam o antigo Clássico, no Colégio Estadual do Paraná, onde eu estudara.
O colegial se dividia entre opções para CL (Línguas), CB (Biologia), CM (Matemática), e o curso em que eu me formara, CS (Ciências Sociais). Logo me apaixonei por Filosofia, e me tornei professora mesmo antes de me formar na UFPR no saudoso Curso de Filosofia (1968-1971). O melhor professor, que usava anotações pessoais e as expunha com clareza e sabedoria, foi Frei Raimundo Vier.
Assim, mirando-me nos professores, nos filósofos, nas suas ideias e conceitos, não parei de estudar o pensamento das grandes mentes iluminadas que nos inspiram desde os pré-socráticos até os atuais, Dewey, Rorty, Wittgenstein, Heidegger, Sartre, Foucault, Habermas e muitos outros.
Evidentemente, não poderia lançar mão deles para tentar explicar ao meu neto o que seria Filosofia...
Nada melhor do que ilustrar com exemplos e situações do cotidiano, pois por experiência própria sabia o quanto alunos, mesmo mais velhos, têm enorme dificuldade para abstrair, para sair do mais imediato e sensível, para o mais geral e inteligível.
O que é abstrair? O que é inteligível?
Considere essa situação: engatar uma questão na outra. Quem fez esse seu brinquedo? Onde ele foi feito? Como ele foi feito? Do que ele é feito? Como chegou até você?
Isso só para despertar a curiosidade, e as respostas, não importa, podem ser as mais divertidas e absurdas.
Depois, alargar o círculo das perguntas, onde você mora, onde você nasceu, antes de você nascer como era? Nada? Onde todas as coisas do mundo estão? Lugar, tempo, antes e depois, aqui e agora, levam a sair do sensível e local para ir um pouco adiante.
Por que disso e daquilo, justamente um recurso comum e extraordinário ao qual a maioria das crianças com três a quatro anos recorre. Por que esse menino está chorando? E você responde que não sabe.
"Não saber" e "saber", a crucial importância dessa ferramenta. Sabemos, afinal, o que sobre quais coisas?
Se a criança olha para você e faz cara de quem entendeu ou não entendeu, não tem problema. Ela já despertou para o fazer perguntas, uma espécie de diálogo platônico que exercita a inteligência e a vontade de saber.
Filosofia pode basicamente se resumir nisso: "vontade de saber", que implica: conhecer, indagar, usar conceitos, chegar a conclusões, entre elas a dos limites do que podemos saber. Ao mesmo tempo mostrar o que é inaceitável: coibir, proibir, cercear a liberdade de pensamento.
Seria muito proveitoso perguntar aos alunos que cursam o Ensino Médio se eles gostariam de poder optar entre disciplinas que contemplariam suas preferências e seu futuro profissional.
Duvido que eles abririam mão dessas escolhas... Aliás, alguém pelo menos leu o projeto de lei?
Foi assim que ele ficou sabendo que minha profissão era professora, e de Filosofia. "Mas que é isso vovó?"
Iniciei minha carreira de professora aos dezenove anos, meus alunos cursavam o antigo Clássico, no Colégio Estadual do Paraná, onde eu estudara.
O colegial se dividia entre opções para CL (Línguas), CB (Biologia), CM (Matemática), e o curso em que eu me formara, CS (Ciências Sociais). Logo me apaixonei por Filosofia, e me tornei professora mesmo antes de me formar na UFPR no saudoso Curso de Filosofia (1968-1971). O melhor professor, que usava anotações pessoais e as expunha com clareza e sabedoria, foi Frei Raimundo Vier.
Assim, mirando-me nos professores, nos filósofos, nas suas ideias e conceitos, não parei de estudar o pensamento das grandes mentes iluminadas que nos inspiram desde os pré-socráticos até os atuais, Dewey, Rorty, Wittgenstein, Heidegger, Sartre, Foucault, Habermas e muitos outros.
Evidentemente, não poderia lançar mão deles para tentar explicar ao meu neto o que seria Filosofia...
Nada melhor do que ilustrar com exemplos e situações do cotidiano, pois por experiência própria sabia o quanto alunos, mesmo mais velhos, têm enorme dificuldade para abstrair, para sair do mais imediato e sensível, para o mais geral e inteligível.
O que é abstrair? O que é inteligível?
Considere essa situação: engatar uma questão na outra. Quem fez esse seu brinquedo? Onde ele foi feito? Como ele foi feito? Do que ele é feito? Como chegou até você?
Isso só para despertar a curiosidade, e as respostas, não importa, podem ser as mais divertidas e absurdas.
Depois, alargar o círculo das perguntas, onde você mora, onde você nasceu, antes de você nascer como era? Nada? Onde todas as coisas do mundo estão? Lugar, tempo, antes e depois, aqui e agora, levam a sair do sensível e local para ir um pouco adiante.
Por que disso e daquilo, justamente um recurso comum e extraordinário ao qual a maioria das crianças com três a quatro anos recorre. Por que esse menino está chorando? E você responde que não sabe.
"Não saber" e "saber", a crucial importância dessa ferramenta. Sabemos, afinal, o que sobre quais coisas?
Se a criança olha para você e faz cara de quem entendeu ou não entendeu, não tem problema. Ela já despertou para o fazer perguntas, uma espécie de diálogo platônico que exercita a inteligência e a vontade de saber.
Filosofia pode basicamente se resumir nisso: "vontade de saber", que implica: conhecer, indagar, usar conceitos, chegar a conclusões, entre elas a dos limites do que podemos saber. Ao mesmo tempo mostrar o que é inaceitável: coibir, proibir, cercear a liberdade de pensamento.
***
PS.: sobre o projeto do Ensino Médio: Seria muito proveitoso perguntar aos alunos que cursam o Ensino Médio se eles gostariam de poder optar entre disciplinas que contemplariam suas preferências e seu futuro profissional.
Duvido que eles abririam mão dessas escolhas... Aliás, alguém pelo menos leu o projeto de lei?
sábado, 1 de outubro de 2016
Três modelos para a Filosofia Social
Em qual desses modelos a sociedade atual se encaixaria?
Hobbes (1588-1670) viveu na época do absolutismo inglês, em sua obra mais famosa, O Leviatã diz que os homens agem por impulso, são ambiciosos e egoístas. Eles se esforçam para sair de situações desagradáveis, de tudo o que traz dor e sofrimento, em sua luta pela sobrevivência ou age e vence ou sucumbe e morre. Antes da constituição da sociedade, no estado natural, a guerra era de todos contra todos, o homem lobo do homem, vence o mais forte ou o mais astuto. O desejo de poder só acaba com a morte. Como não há garantia de deter o poder e os meios para viver, a luta se perpetua. O pacto pela paz visa o interesse de obter um poder absoluto, que mantivesse todos sob o comando do Estado. Ao soberano os súditos conferem toda a força e mando com relação à vida, à propriedade e a aplicação da justiça. Aceitar o poder soberano é o único modo de sobreviver.
John Locke (1632-1704) lançou as bases do pensamento liberal inglês, viu a Revolução Gloriosa (1689) derrotar o autoritarismo dos Stuart. O parlamentarismo e o governo constitucional adotaram os princípios da livre iniciativa, livre concorrência e liberdade de credos. O poder nasce do acordo entre partes, a propriedade, e tudo o que os indivíduos conquistam pelo trabalho, a eles pertence. A sociedade é formada para satisfazer necessidades e exercer ampla e livremente seus direitos.
Rousseau (1712-1780) preconiza a igualdade de todos, o povo como soberano em Do Contrato Social. Ao contrário de Hobbes, para Rousseau o homem no estado de natureza nada tinha de egoísta, como podia satisfazer todas suas necessidades, a natureza proporcionava tudo de que tinha necessidade, não havia comércio, guerra, competição.
A propriedade de bens e terras gerou desigualdade, e somente com a evolução da sociedade civil e a liberdade como um direito fundamentado em contrato é que surge a organização política. Os homens se dispõem a perder o que lhes cabe individualmente em benefício de todos, do corpo político. Nessa união de todos, cada um obedece a si, e permanece livre.
Hoje diríamos que Hobbes oscilaria entre o realismo (guerra, violência, milhares de refugiados, tráfico internacional de armas e drogas) e o pessimismo: a solução é manter todos sob a força outorgada a um poder absoluto?
Locke defende a propriedade, a liberdade e a constituição, fundamentos necessários e ameaçados por ditadores e pela imposição de um só credo, que pode levar ao terrorismo.
Rousseau, a utopia da igualdade exige abrir mão da propriedade, a liberdade possível é delegada à vontade geral. O próprio Rousseau afirmava ser difícil que um povo permanecesse em associação duradoura, seria preciso que o Estado fosse pequeno, cidadãos deveriam poder se conhecer, os problemas simples de resolver, igualdade apenas com pouco ou nenhum luxo.
Assim, democracia ainda que não perfeita, obediência à constituição, rigor da lei aos que dela fogem e estaríamos no melhor dos mundos.
Passo importante: eleição dos mais honestos e mais capazes, não à corrupção, simples assim. E, ao mesmo tempo, difícil.
Hobbes (1588-1670) viveu na época do absolutismo inglês, em sua obra mais famosa, O Leviatã diz que os homens agem por impulso, são ambiciosos e egoístas. Eles se esforçam para sair de situações desagradáveis, de tudo o que traz dor e sofrimento, em sua luta pela sobrevivência ou age e vence ou sucumbe e morre. Antes da constituição da sociedade, no estado natural, a guerra era de todos contra todos, o homem lobo do homem, vence o mais forte ou o mais astuto. O desejo de poder só acaba com a morte. Como não há garantia de deter o poder e os meios para viver, a luta se perpetua. O pacto pela paz visa o interesse de obter um poder absoluto, que mantivesse todos sob o comando do Estado. Ao soberano os súditos conferem toda a força e mando com relação à vida, à propriedade e a aplicação da justiça. Aceitar o poder soberano é o único modo de sobreviver.
John Locke (1632-1704) lançou as bases do pensamento liberal inglês, viu a Revolução Gloriosa (1689) derrotar o autoritarismo dos Stuart. O parlamentarismo e o governo constitucional adotaram os princípios da livre iniciativa, livre concorrência e liberdade de credos. O poder nasce do acordo entre partes, a propriedade, e tudo o que os indivíduos conquistam pelo trabalho, a eles pertence. A sociedade é formada para satisfazer necessidades e exercer ampla e livremente seus direitos.
Rousseau (1712-1780) preconiza a igualdade de todos, o povo como soberano em Do Contrato Social. Ao contrário de Hobbes, para Rousseau o homem no estado de natureza nada tinha de egoísta, como podia satisfazer todas suas necessidades, a natureza proporcionava tudo de que tinha necessidade, não havia comércio, guerra, competição.
A propriedade de bens e terras gerou desigualdade, e somente com a evolução da sociedade civil e a liberdade como um direito fundamentado em contrato é que surge a organização política. Os homens se dispõem a perder o que lhes cabe individualmente em benefício de todos, do corpo político. Nessa união de todos, cada um obedece a si, e permanece livre.
Hoje diríamos que Hobbes oscilaria entre o realismo (guerra, violência, milhares de refugiados, tráfico internacional de armas e drogas) e o pessimismo: a solução é manter todos sob a força outorgada a um poder absoluto?
Locke defende a propriedade, a liberdade e a constituição, fundamentos necessários e ameaçados por ditadores e pela imposição de um só credo, que pode levar ao terrorismo.
Rousseau, a utopia da igualdade exige abrir mão da propriedade, a liberdade possível é delegada à vontade geral. O próprio Rousseau afirmava ser difícil que um povo permanecesse em associação duradoura, seria preciso que o Estado fosse pequeno, cidadãos deveriam poder se conhecer, os problemas simples de resolver, igualdade apenas com pouco ou nenhum luxo.
Assim, democracia ainda que não perfeita, obediência à constituição, rigor da lei aos que dela fogem e estaríamos no melhor dos mundos.
Passo importante: eleição dos mais honestos e mais capazes, não à corrupção, simples assim. E, ao mesmo tempo, difícil.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
"Deus não está morto": equivocado e prejudicial
O filme de Harold Cronk (2014) chegou às telas de cinema no Brasil, mas sua fama vem dos meios digitais, Youtube, de canais pagos de TV e da Netflix.
A divulgação do mesmo se dá como rastilho de pólvora, inclusive nas escolas, nas diversas disciplinas e séries.
O problema grave e que pode passar despercebido, é que o mesmo não passa de um panfleto, e, como é bem dirigido, atores razoáveis e bem claro em seus objetivos, a mensagem do mesmo se torna ainda mais contundente e de fácil assimilação.
Logo surge o rapaz que defenderá o cristianismo, a existência de um único Deus, e, também ele apoia seus argumentos em provas científicas.
Lamentável, pois a ciência se caracteriza por técnicas, provas, experimentação, leis sobre a natureza, evolução, teoria atômica, biologia, ecologia, etc. entre outros ramos de saber verificável e suscetível de erro e de reavaliação. Por isso mesmo é preciso atenção: a ciência não tem nada, absolutamente nada a ver com religiões, com provas sobre a existência ou a inexistência de Deus.
Deus, fé, divindades, Bíblia, Corão, crenças pertencem às várias e diversas religiões. Não se prova Deus por meio de teorias científicas e nem que Deus não existe por meio de teses da Física ou da Biologia, sob o risco de submeter as crenças, a fé, ao crivo da ciência. Ora, as ciências mudam, evoluem, uma teoria comprovada pode ser derrubada por outra, é o que se constata na história da ciência. O conhecimento científico pode ser usado na prática por indústrias, tanto a de armas como a farmacêutica, por exemplo.
As ciências resultam de esforços de pesquisadores para explicar o cosmo, a natureza, os organismos, não servem para provar nem que Deus não está morto, e nem que ele está morto.
Outro grave problemas do filme é dirigir a fé em Deus para o cristianismo, e certo movimento, o do cristianismo norte-americano, fundamentalista e levar o público a desacreditar e, pior, condenar outras religiões, como o islamismo, o que é um absurdo.
E culmina na morte do professor ateu, supostamente convertido ao ser atropelado e vê ressurgir outro mundo, acompanhado pelo som estridente de um conjunto gospel e um público que lota e delira em um estádio vizinho, com as canções laudatórias feitas para seduzir e convencer.
Quando Nietzsche decretou "Deus está morto" o fez em nome de um tipo de reflexão filosófica e não religiosa; quando Richard Dawkins escreveu "Deus, um delírio", o fez para mostrar que o ateísmo não é prejudicial, nem vai acabar com religiões ou com as crenças, seitas, rituais, fé, não rasgou a Bíblia. Seu intento foi mostrar que libertos de credos ou religiões nos voltaríamos para nós mesmos, nossa existência finita, autônoma, livre e pela qual apenas nós, homens e mulheres, somos responsáveis. É uma questão de decisão pessoal.
Ao passo que a mensagem do filme, claramente, é de doutrinação: se você for cristão, está do lado do bem e da verdade, se não for, está do lado do mal e da mentira.
É assim que começam a violência, a discriminação, o fundamentalismo, o pensar único, o fanatismo. Facilmente se chega à Inquisição, sim, mesmo em nossos dias: terrorismo radical declarado do Estado Islâmico, e o terrorismo disfarçado de certas seitas cristãs fundamentalistas nos EUA.
A divulgação do mesmo se dá como rastilho de pólvora, inclusive nas escolas, nas diversas disciplinas e séries.
O problema grave e que pode passar despercebido, é que o mesmo não passa de um panfleto, e, como é bem dirigido, atores razoáveis e bem claro em seus objetivos, a mensagem do mesmo se torna ainda mais contundente e de fácil assimilação.
Cartaz do filme, panfletário
Em breves palavras, um professor de Filosofia recebe seus alunos no primeiro dia de aula, sala cheia, e se declara ateu, como grande parte de filósofos (até aí tudo bem) e obriga seus alunos a defenderem o ateísmo sob o argumento de que a ciência prova que Deus não existe. Grave, gravíssimo: as aulas de Filosofia não podem se prestar à defesa doutrinária pessoal, seja ela qual for!Logo surge o rapaz que defenderá o cristianismo, a existência de um único Deus, e, também ele apoia seus argumentos em provas científicas.
Lamentável, pois a ciência se caracteriza por técnicas, provas, experimentação, leis sobre a natureza, evolução, teoria atômica, biologia, ecologia, etc. entre outros ramos de saber verificável e suscetível de erro e de reavaliação. Por isso mesmo é preciso atenção: a ciência não tem nada, absolutamente nada a ver com religiões, com provas sobre a existência ou a inexistência de Deus.
Deus, fé, divindades, Bíblia, Corão, crenças pertencem às várias e diversas religiões. Não se prova Deus por meio de teorias científicas e nem que Deus não existe por meio de teses da Física ou da Biologia, sob o risco de submeter as crenças, a fé, ao crivo da ciência. Ora, as ciências mudam, evoluem, uma teoria comprovada pode ser derrubada por outra, é o que se constata na história da ciência. O conhecimento científico pode ser usado na prática por indústrias, tanto a de armas como a farmacêutica, por exemplo.
As ciências resultam de esforços de pesquisadores para explicar o cosmo, a natureza, os organismos, não servem para provar nem que Deus não está morto, e nem que ele está morto.
Outro grave problemas do filme é dirigir a fé em Deus para o cristianismo, e certo movimento, o do cristianismo norte-americano, fundamentalista e levar o público a desacreditar e, pior, condenar outras religiões, como o islamismo, o que é um absurdo.
E culmina na morte do professor ateu, supostamente convertido ao ser atropelado e vê ressurgir outro mundo, acompanhado pelo som estridente de um conjunto gospel e um público que lota e delira em um estádio vizinho, com as canções laudatórias feitas para seduzir e convencer.
Quando Nietzsche decretou "Deus está morto" o fez em nome de um tipo de reflexão filosófica e não religiosa; quando Richard Dawkins escreveu "Deus, um delírio", o fez para mostrar que o ateísmo não é prejudicial, nem vai acabar com religiões ou com as crenças, seitas, rituais, fé, não rasgou a Bíblia. Seu intento foi mostrar que libertos de credos ou religiões nos voltaríamos para nós mesmos, nossa existência finita, autônoma, livre e pela qual apenas nós, homens e mulheres, somos responsáveis. É uma questão de decisão pessoal.
Ao passo que a mensagem do filme, claramente, é de doutrinação: se você for cristão, está do lado do bem e da verdade, se não for, está do lado do mal e da mentira.
É assim que começam a violência, a discriminação, o fundamentalismo, o pensar único, o fanatismo. Facilmente se chega à Inquisição, sim, mesmo em nossos dias: terrorismo radical declarado do Estado Islâmico, e o terrorismo disfarçado de certas seitas cristãs fundamentalistas nos EUA.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Pensamento crítico distorcido e a tese capenga do "golpe"
Que movimentos e organizações como UNE, MST, ANDES, certos artistas e vários grupos recrutados nas redes sociais tenham aderido à tese de golpe, é inaceitável, porém compreensível.
Que professores de Filosofia embarquem nessa onda, não só é inaceitável, como incompreensível.
Recentemente professores têm se defendido com o argumento de que estão lhes retirando o "pensamento crítico". Sem generalizar, não todos evidentemente, mas voltou a crescer o número dos que ouvem o canto da sereia e aderem à tese do golpe, sob a batuta do pensamento único que há décadas se plantou em certos meios universitários.
Mas quem lhes destituiu do pensamento crítico, sem aspas, forem eles mesmos. Como diria Kant, eles são os únicos responsáveis pela defesa de uma linha única, adotada e prestigiada, disseminada entre eles, e plantada em seus alunos. Não permitem que os outros pensem diferente,afinal, adotar o que seu mestre manda é tão mais fácil!
Os jovens, há muito ouvem apenas palavras de ordem, conceitos e velhos chavões como se representassem o pensamento crítico e este fosse único, como se toda a realidade social, política e histórica se resumisse em direita conservadora e esquerda revolucionária.
Os pobres são oprimidos pelo "grande capital", justiça social apenas pelo socialismo.
Mas, o que seria o socialismo hoje? Como repartir igualitariamente bens, como eliminar bancos, financeiras, como produzir, viver e trabalhar sem meios para tal? Se são necessários saúde, educação, bem estar, capacitação, estudo, lazer, moradia, o Estado pode provir tudo? De onde o Estado e os governos obtêm recursos? Do trabalho, empresas e trabalhadores, um não existe sem o outro.
No momento se regozijam ao gritar que a democracia foi aviltada, que as eleições não foram respeitadas, Dilma foi eleita.
Sim, fazendo como o próprio PT preconizou, "o diabo", marketing que falseou, iludiu, amedrontou os mais pobres, de um lado, e de outro era preciso conservar as mordomias do poder, as falcatruas, o dinheiro desviado da estatais. Estatais golpeadas, governo sem rumo, recessão, desemprego.
Pensamento crítico da parte dos professores de Filosofia exige discernimento, abertura, estudo aprofundado e sério de filósofos os mais importantes. Quais seriam? Deem uma olhada em sua estante...
Restringir o pensamento crítico à adoção das teses de que houve golpe à democracia é distorcer o exercício do pensamento crítico. Antes de mais nada, por favor, leiam a Constituição, o direito à liberdade de pensamento, a possibilidade de destituir do cargo os que passam por cima de leis.
Em seguida, exponham aos seus alunos o(s) filósofo (s) e as teses filosóficas que ele (s) defende(m). Verão que não há um sequer com visão unilateral, nenhum deles falseia justamente a crítica, quer dizer, pensar, refletir, defender ideias e conceitos pelo uso da razão.
E, ao defender com argumentos seu pensamento, suas propostas, sabe que há outros que pensam diferentemente. Não irá ofendê-los, ouvirá o outro, e prosseguirá na defesa de sua visão, de sua escola. Não porque tenha certeza de que possui a verdade, mas porque é filósofo, ama o saber.
Que professores de Filosofia embarquem nessa onda, não só é inaceitável, como incompreensível.
Recentemente professores têm se defendido com o argumento de que estão lhes retirando o "pensamento crítico". Sem generalizar, não todos evidentemente, mas voltou a crescer o número dos que ouvem o canto da sereia e aderem à tese do golpe, sob a batuta do pensamento único que há décadas se plantou em certos meios universitários.
Mas quem lhes destituiu do pensamento crítico, sem aspas, forem eles mesmos. Como diria Kant, eles são os únicos responsáveis pela defesa de uma linha única, adotada e prestigiada, disseminada entre eles, e plantada em seus alunos. Não permitem que os outros pensem diferente,afinal, adotar o que seu mestre manda é tão mais fácil!
Os jovens, há muito ouvem apenas palavras de ordem, conceitos e velhos chavões como se representassem o pensamento crítico e este fosse único, como se toda a realidade social, política e histórica se resumisse em direita conservadora e esquerda revolucionária.
Os pobres são oprimidos pelo "grande capital", justiça social apenas pelo socialismo.
Mas, o que seria o socialismo hoje? Como repartir igualitariamente bens, como eliminar bancos, financeiras, como produzir, viver e trabalhar sem meios para tal? Se são necessários saúde, educação, bem estar, capacitação, estudo, lazer, moradia, o Estado pode provir tudo? De onde o Estado e os governos obtêm recursos? Do trabalho, empresas e trabalhadores, um não existe sem o outro.
No momento se regozijam ao gritar que a democracia foi aviltada, que as eleições não foram respeitadas, Dilma foi eleita.
Sim, fazendo como o próprio PT preconizou, "o diabo", marketing que falseou, iludiu, amedrontou os mais pobres, de um lado, e de outro era preciso conservar as mordomias do poder, as falcatruas, o dinheiro desviado da estatais. Estatais golpeadas, governo sem rumo, recessão, desemprego.
Pensamento crítico da parte dos professores de Filosofia exige discernimento, abertura, estudo aprofundado e sério de filósofos os mais importantes. Quais seriam? Deem uma olhada em sua estante...
Restringir o pensamento crítico à adoção das teses de que houve golpe à democracia é distorcer o exercício do pensamento crítico. Antes de mais nada, por favor, leiam a Constituição, o direito à liberdade de pensamento, a possibilidade de destituir do cargo os que passam por cima de leis.
Em seguida, exponham aos seus alunos o(s) filósofo (s) e as teses filosóficas que ele (s) defende(m). Verão que não há um sequer com visão unilateral, nenhum deles falseia justamente a crítica, quer dizer, pensar, refletir, defender ideias e conceitos pelo uso da razão.
E, ao defender com argumentos seu pensamento, suas propostas, sabe que há outros que pensam diferentemente. Não irá ofendê-los, ouvirá o outro, e prosseguirá na defesa de sua visão, de sua escola. Não porque tenha certeza de que possui a verdade, mas porque é filósofo, ama o saber.
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