quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Filosofia para quê?

Filosofia se tornou disciplina no Ensino Médio...
Mas, para que serve?
Essa questão não pode ser posta, justamente Filosofia e filosofar não têm uma serventia propriamente dita.
Como se diz hoje, A Filosofia não "instrumentaliza" e isso apesar de muitos professores insistirem que ela pode servir a propósitos políticos, aos chamados "enfrentamentos" de questões sociais e políticas.
Se formos ler, por exemplo, "A República" de Platão, ou "Política" de Aristóteles, veremos que nenhuma das obras prega qualquer tipo de bandeira de ação ideológica. Aliás, o conceito mesmo de ideologia é muito mais recente.
As lições éticas e políticas em filosofia não têm um cunho partidário, ou não seriam filosofia.
Mas então para que servem essas "teorias" de filósofos se não "iluminam a prática"?
Cadê a prática diriam os engajados?
Feitas as leituras, mergulhados nos aspectos e ideias de cada um dos filósofos, o resultado é uma abertura do pensamento, um exercício do pensar, a apresentação de novos e diferentes caminhos, mostrar diversas perspectivas, mudar o olhar sobre nós, nossas vidas, nossa realidade, nossa história. Ver de um modo novo o corriqueiro, prover nossa reflexão de conceitos, aprender com os filósofos para que cada um de nós possa também exercer esse tão propalado uso de critérios. Como se diz por aí, "pensamento crítico", porém sem alcançar o que esse conceito significa.
Justamente, por "pensamento crítico" não se deve implicar em adoção de uma bandeira para resgatar oprimidos.Esse conceito vem sendo usado quase exclusivamente por esse viés, quando significa algo muito mais grave. Não que a situação dos oprimidos não seja grave ou que opressores não sejam condenáveis. É que por "pensamento crítico" propriamente se deve significar a busca de sentido, interpretações por meio visão mais ampla, procurar entender o que se quer dizer com tal ou tal ideia, tal ou tal conceito. Enfim, não se deixar levar por cantos da sereia e embalar-se no guru do momento ou na fácil condenação de que a sociedade é injusta (ela é mesmo...) ou que haveria uma ordem social ideal apenas com os justos, os bons, os despossuídos.

Abrir os olhos, ler, refletir, aprofundar-se nas propostas dos filósofos, mostrar como e o que pensam, procurar entender suas ideias, não seria isso já bastante para defender a importância da Filosofia?!

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Nietzsche como remédio para o marasmo ideológico do marxismo

Quem e o que é ser revolucionário?
A esquerda marxista, sim, ela ainda existe e persiste no Brasil, se considera revolucionária, justiceira, suas palavras de ordem são aclamadas e assim não passam pelo crivo da crítica histórica.
Como a história e suas transformações importam?
 Na medida em que fatos e acontecimentos são situados, têm sua singularidade e seus aspectos próprios, a cegueira ideológica recusa vê-los, quanto mais analisá-los. As invés disso buscam um ideal, valores, plenitude, a finalidade dos movimentos de classe como superação da ordem econômica burguesa, mitos como Guevara. E com tudo isso se acham do lado do bem geral, como se a realidade histórica, social e econômica (leia-se "capitalismo") fosse o lado do mal.
Um pouquinho de Niezstche serviria para por no chão esses ideais revolucionários, cujos modelos incluem os caudilhos de Cuba e da Venezuela.
O pressuposto desse tipo de pseudo reflexão, é o da revolução, o de que a história encaminha-se para um fim, glorioso, a vitória do oprimidos (antes eram chamados "proletários").

Nietzsche, como observou Foucault em "As Palavras e as Coisas", incendiou essa determinação causal, esse fim dos tempos, como a morte de Deus. Nossa! Que escárnio, diriam os fiéis.
Mas se trata tão somente de esclarecer que sem um absoluto, os homens ficariam à mercê deles mesmos, ao inventaram deuses, quiseram também igualar-se a eles. Criaturas que criam mitos para se convencer de que podem impor valores como se estes fossem universais.

Ora, o homem moderno nasce para o saber ocidental como finito, como vida finita, como produtor de bens finitos, como falante de linguagem cujas regras e significados o precedem.
Na modernidade esse ser finito se dissolveu, e Nietzsche anunciou isso antes das novas formações de saber da modernidade (para a próxima postagem deste blog). A novidade seria o super homem (não, não é o do cinema, nem a raça superior nazista).
É aquele que enfrenta sua fragilidade, o que atravessa em uma corda abismos, ele é o destemido, sem medo de punição. Nietzsche é o precursor de nossos tempos "queimou ... as promessas misturadas da dialética e da antropologia" (Foucault em "As Palavras e as Coisas", p. 275).

Marx pertence ao pensamento do século 19. Seria formidável se seus asseclas em pleno século 21 se dessem conta disso!