A interrogação metafísica se dá pela pergunta sobre os fundamentos de todos os entes.A questão foi abordada por Heidegger na conferência de 1929 “Que é Metafísica?” e envolve a totalidade do problema e até aquele que questiona, quer dizer, o homem em sua situação existencial. Por exemplo, a própria situação de Heidegger como professor, e junto dele outros
pesquisadores nas diversas áreas da ciência. Nessas condições, o que surge são os entes, quer dizer, aquilo que é pesquisado. Nunca surge o nada. Justamente, se o nada não aparece, é porque de certa forma precisou ser
considerado.
O que leva à consideração metafísica do nada que conduz à experiência com a negação. Quando nos angustiamos, sentimos algo parecido com nada. Angústia de que? Do nada... “A angústia manifesta o nada”, diz Heidegger na obra mencionada acima. Quando passa a angústia, parece que foi por nada. Esse assédio do nada
na angústia, permite compreender a famosa afirmação, o nada “nadifica”, quer dizer, só podemos
captar os entes em si por meio do nada, isto é, do que eles não são.
O homem, ser-aí no mundo, existe como que suspenso no nada, e essa suspensão dentro do nada permite transcender tudo o que há, o ente em sua totalidade. Assim, pode-se abarcar esse todo, os limites, negar, e nesse dizer não, ser livre. Ser livre é dizer não, e isso difere da mera proibição. O nada nos conduz como que a um abismo, o de nossa radical finitude.
Em tempo de pensamento pós--metafísico, Heidegger retorna à Metafísica e lhe dá outro sentido: “Metafísica é o perguntar além do
ente para recuperá-lo enquanto tal, em sua totalidade, para a compreensão”
(1979, p. 43). Difere de outras metafísicas, como a da filosofia cristã, a criação do mundo a
partir do nada. Ora, Deus eterno e absoluto exclui totalmente o nada, quer dizer, o absoluto é incompatível com o nada. Esse impasse é superado por Heidegger com a pergunta, de onde vem a negação? Da essência mesma do homem, seus questionamentos o põem em contato com o
ente, suspenso no nada.
Nossa própria essência, enquanto ser-aí em situação, é indagar, e indagar é fazer metafísica. Existir é
já estar posto dentro da metafísica, de onde brota a mais essencial das questões: “Por que há o ente e não antes o nada?"
Cada um de nós pode ensaiar sua resposta...