sexta-feira, 29 de abril de 2016

A ética da responsabilidade social e política

É possível ignorar e deixar passar em brancas nuvens acontecimentos próximos ou em locais distantes, relativos à vida social, à situação política, econômica e mesmo moral?
Infelizmente sim, para grande parte da humanidade que afirma: "não tenho nada a ver com isso..." e desligam sua consciência moral, política, social. Deixam que outros se ocupem e se preocupem, "Eu vou cuidar de minha própria vida".
Engajamento, militância, extremismo, paixão cega por um partido, grupo social, ideologia política, seria o outro lado da moeda. Não a indiferença e o absenteísmo, mas pregar, influenciar, passar por cima de argumentos, deixar de lado a análise atenta e honesta em nome de um credo político, muitas vezes disfarce para tirar proveito da situação.
Assim, a ética da responsabilidade pleiteia o meio termo, no meio está a sabedoria, já ensinam filósofos como Aristóteles. O equilíbrio e a equanimidade levam a aderir a causas, posicionar-se e responsabilizar-se diante de injustiças, crimes, desvios da legalidade, corrupção das autoridades que lesam o patrimônio público e burlam regras essenciais a sua profissão e cargo, em nível mais amplo. E em nível mais restrito, devemos nos indignar com as faltas e falhas tidas como menores, como burlar regras de trânsito, pichar, sujar, destruir o patrimônio público e privado.

A condição primeira da ética da responsabilidade é a informação fidedigna, pois ignorar ou distorcer acontecimentos impossibilita responder adequadamente aos erros e desvios, como denunciar e exigir respaldo e reparos a esses erros e injustiças se não se conhece o que realmente ocorreu?
Veracidade, legitimidade, respeito às normas que foram acordadas por todos em estados democráticos de direito, apuração da verdade, exigência de discussão pública e argumentação sustentada pela busca incansável do bem comum, isso tudo é indispensável! São também condições da ética da responsabilidade ouvir as partes interessadas, capacidade de justificar e estender os resultados a todos os interessados, a chamada universalização, isto é, o máximo de pessoas julgando, agindo e transformando a sociedade com respeito ao bem comum.

Ao lado do poder da informação, a outra base necessária dessa ética é a educação. A responsabilidade é ainda maior e mais grave quando se trata de educar, de construir a personalidade, de capacitar para a vida em sociedade, de instrumentalizar para o exercício de uma atividade. E esses deveres dos professores e dos que propõem as políticas educacionais são cruciais, são indispensáveis. Inaceitáveis são a negligência, a indiferença ou o outro extremo, considerar que se pode imprimir na cabeça de crianças e adolescentes uma "história" falseada imposta como se impõe uma cartilha: não há outro lado, não há divergência, só o amém ao desgastado discurso de classe social, de luta de classes, de que o capitalismo é o mal por excelência. 
Ora, é a maior das irresponsabilidades éticas incutir a noção fácil de digerir de que a pobreza e a desigualdade social são fruto dos empresários e capitalistas gananciosos...
Uma análise criteriosa da história não só a nossa, do Brasil, mas a da Europa, da Ásia, da África, portam elementos diversos, impossível reduzi-la à luta de classes, discurso esse que endeusa o Estado, que justifica ditaduras, que desconhece propositadamente os ciclos e movimentos complexos da história.
Não é preciso ser marxista nem gramsciano para reconhecer que há pobreza, miséria, violência, que educação universal e de qualidade inexiste.
Mas é preciso ação, preocupação, responsabilidade principalmente do poder público para tomar iniciativas que minorem a injustiça social. Produzir riqueza é o melhor meio para reduzir a pobreza.