Mas ninguém se perguntou sobre o que seria a tal "utopia".
O conceito nasceu com a filosofia política, etimologicamente significa lugar ideal, de sonho, por isso mesmo inexistente. Filósofos da esquerda marxista consideram que o socialismo e mais adiante, o comunismo (sociedade sem classes sociais, como o nome indica, sem propriedade privada, tudo pertence a todos igualmente) representaria a sociedade ideal.
Se utopia é sonho, implica que é irrealizável. Cidades perfeitas, políticas perfeitas são impossíveis. Então, como pode se perder algo infactível? Aí reside o absurdo da proposta de Lula.
A Escola de Frankfurt adotou o conceito de utopia em sua teoria crítica da sociedade como conceito limite, um alvo que, apesar de inalcançável, seria inspirador. Horkheimer deu à utopia o sentido de plano para o futuro, um futuro possível para a prática social, econômica e política em que as ações não dependeriam de um mecanismo econômico como no marxismo, elas surgiriam de um protesto contra esse mecanismo. Seria a "ideia de um estado tal que nele, as ações dos homens não emanem de um mecanismo, e sim de suas próprias decisões", escreveu Horkheimer, o chamado projeto de emancipação.
Problema: em uma sociedade inteiramente permeada de violência, miséria, sujeição, dificilmente esse projeto de emancipação se realizaria.
Evidentemente, não é a esse tipo de raciocínio que Lula se referia, e sim à utopia de um partido de trabalhadores, da massa operária à qual ele pertenceu um dia, ao mecanismo de poder sindical. E este vive de contribuições do patronato e dos próprios trabalhadores. E a quem beneficiam?? Seus líderes não abrem mão desse poder que financia seus projetos de permanência no poder sindical.
Lula imagina o Brasil assim: um imenso sindicato, todo poder aos chefes, todos submissos ao pensar único: acabar com a pobreza, implantar o socialismo, acabar com latifúndios, justiça social é ser contra patrões, FMI, poder da burguesia, etc. etc.
Deixam de lado por ignorância e por conveniência que, justiça social com combate à pobreza não é só distribuir riqueza. Esta precisa, evidentemente, ser criada. Acabar com a pobreza não depende de bolsas unicamente, mas de educação e saúde acessíveis e de qualidade. E, principalmente, acabar com a pobreza depende da produção e investimento, que requerem governos honestos e responsáveis, políticas econômicas sérias, compromisso com os setores que movimentam a riqueza e os bens de um país.
A mão que afaga...
O PT de Lula ambicionou cargos públicos, acostumou-se a se refestelar com o dinheiro público, e o mais grave, sustentar-se à custo de desvio de verbas, ineficiência, a desfaçatez de destruir empresas como a Petrobras. Essa era e é a utopia de Lula e seus asseclas.