segunda-feira, 15 de junho de 2015

O que é estruturalismo?

Surgiu na França, décadas de 50/60, com o objetivo de facilitar e inovar a pesquisa nas ciências humanas, com ênfase na Etnologia, Psicanálise, Linguística e mesmo na Psicologia. Pode-se dizer que não se constitui em uma escola filosófica, foi antes um esforço para repensar a Filosofia com base nas ciências acima listadas.
Fatores imprescindíveis para o estruturalismo são: haver linguagem; capacidade de localizar um elemento no todo e encontrar o todo no elemento (pense-se nas trocas linguísticas, em que para uma sentença ser formulada seguem-se regras de combinação de fonemas, palavras, e sua significação); oposição; diferenciação; símbolos.
Estruturas são formas significantes, descontínuas, o sujeito é constituído, não há necessidade de uma visão da história em termos de origem e finalidade (como na dialética hegeliana e também na marxista), importam os cortes, a descontinuidade, dispensa-se toda e qualquer transcendência, bastam as imanências, quer dizer, o que surge em função de disposições dos elementos que são detectados por meio da atividade de compor e decompor o real.
Invariantes culturais universais, como relações de parentesco, mitos, o modo como o psiquismo se estrutura como se fosse linguagem, formas da arte e da literatura, tudo isso pode ser captado de modo estrutural. 
Sem linguagem não há pensamento, formulou Saussure há cem anos!
O que isso tem de tão revolucionário?
A Linguística nasceu quando se iniciaram estudos a respeito da organização das diversas línguas e esses estudos evidenciaram que todas têm flexões, frases que precisam de regras, signos, e que a Filologia (estudo da evolução das línguas), não dá conta de como se usa a linguagem.
A constituição ou estrutura de toda e qualquer língua requer um conjunto de regras socialmente praticado, que ninguém inventou, que está aí quando as crianças aprendem, e que são faladas por alguém. Portanto, regras e seu uso importam, já saber como evoluíram não importa para o uso individual. Indivíduos trocam signos, com dupla face: imagens acústicas (significantes) que são algo mais que o som, vêm juntamente com os significados, isto é, o que se entende, se compreende. Essas realizações da estrutura linguística só se dão num sistema que congrega elementos de tal forma que a intencionalidade do sujeito entra no que ele quer comunicar, mas não no veículo que serve para comunicar.
Assim, estruturas detectadas nas culturas são invariantes e universais, suscetíveis de transformações possibilitadas pelas regras que regem o todo. Desse modo, o etnólogo chega à sintaxe das transformações, ou seja, as regras que tornam o real inteligível e possibilitam a construção de modelos para estudo e compreensão da realidade social.
O inconsciente, as relações de troca, a linguagem, a arte, as narrativas, o simbolismo estruturam o sujeito, sua fala, sua cultura.
Assim, o concreto, a realidade social evidencia-se nessas possibilidades combinatórias sem apelar para origem e finalidade última. Dispõem-se de elementos e regras combinatórias que não se esgotam. Tal como em um jogo de xadrez, o jogo segue regras e as jogadas são ilimitadas. 
Formas, cores e sua disposição = estrutura.


Alfredo Volpi e suas bandeirinhas ilustram o jogo estrutural.

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