terça-feira, 30 de junho de 2015

Sobre a utopia de Lula

Recentemente Lula teve um episódio de: epifania? sinceridade? oportunismo? Blá blá blá de líder sindical? Sim para as duas últimas opções. Não foi um súbita revelação, não passa de retórica petista que tem em Lula seu principal representante. Dizer que o PT precisa voltar às origens, que só pensa em cargos e que precisa recuperar a utopia inicial do partido, não passam de declarações que o previnem contra o absoluto e inconteste fracasso de sua discípula, de quem quer se descolar para eventual volta ao poder.
Mas ninguém se perguntou sobre o que seria a tal "utopia".
O conceito nasceu com a filosofia política, etimologicamente significa lugar ideal, de sonho, por isso mesmo inexistente. Filósofos da esquerda marxista consideram que o socialismo e mais adiante, o comunismo (sociedade sem classes sociais, como o nome indica, sem propriedade privada, tudo pertence a todos igualmente) representaria a sociedade ideal.
Se utopia é sonho, implica que é irrealizável. Cidades perfeitas, políticas perfeitas são impossíveis. Então, como pode se perder algo infactível? Aí reside o absurdo da proposta de Lula.

A Escola de Frankfurt adotou o conceito de utopia em sua teoria crítica da sociedade como conceito limite, um alvo que, apesar de inalcançável, seria inspirador. Horkheimer deu à utopia o sentido de plano para o futuro, um futuro possível para a prática social, econômica e política em que as ações não dependeriam de um mecanismo econômico como no marxismo, elas surgiriam de um protesto contra esse mecanismo. Seria a "ideia de um estado tal que nele, as ações dos homens não emanem de um mecanismo, e sim de suas próprias decisões", escreveu Horkheimer, o chamado projeto de emancipação.
Problema: em uma sociedade inteiramente permeada de violência, miséria, sujeição, dificilmente esse projeto de emancipação se realizaria.
Evidentemente, não é a esse tipo de raciocínio que Lula se referia, e sim à utopia de um partido de trabalhadores, da massa operária à qual ele pertenceu um dia, ao mecanismo de poder sindical. E este vive de contribuições do patronato e dos próprios trabalhadores. E a quem beneficiam?? Seus líderes não abrem mão desse poder que financia seus projetos de permanência no poder sindical.
Lula imagina o Brasil assim: um imenso sindicato, todo poder aos chefes, todos submissos ao pensar único: acabar com a pobreza, implantar o socialismo, acabar com latifúndios, justiça social é ser contra patrões, FMI, poder da burguesia, etc. etc.
Deixam de lado por ignorância e por conveniência que, justiça social com combate à pobreza não é só distribuir riqueza. Esta precisa, evidentemente, ser criada. Acabar com a pobreza não depende de bolsas unicamente, mas de educação e saúde acessíveis e de qualidade. E, principalmente, acabar com a pobreza depende da produção e investimento, que requerem governos honestos e responsáveis, políticas econômicas sérias, compromisso com os setores que movimentam a riqueza e os bens de um país. 
A mão que afaga...
O PT de Lula ambicionou cargos públicos, acostumou-se a se refestelar com o dinheiro público, e o mais grave, sustentar-se à custo de desvio de verbas, ineficiência, a desfaçatez de destruir empresas como a Petrobras. Essa era e é a utopia de Lula e seus asseclas. 

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