sexta-feira, 26 de junho de 2015

Inteligência, pensamento abstrato e o concreto na educação

Inteligência e seu desenvolvimento, se dão paralelamente ao desenvolvimento do pensamento e da linguagem. Símbolos, sinais, signos são apresentados o tempo todo, e linguagens se acham à nossa disposição. As noções de temporalidade, o raciocínio lógico, a própria presença no mundo com nossas ações e experiências, enriquecem o material da inteligência. Por sua vez, a inteligência resolve questões de situações cotidianas e projetos a serem desenvolvidos.
J. Dewey, filósofo norte-americano (1859-1952), elaborou importantes noções sobre a aplicação da inteligência, da experiência, da lógica e da observação, na educação de crianças e na vida em geral.
Lidar com coisas, o concreto, ao contrário do que educadores propõem, não se dá sem o abstrato, sem atos de pensamento (que envolvem necessariamente inteligência e linguagem). Quando a criança lida com objetos, brinquedos, jogos, ela também está imersa em inferências, pois as coisas se apresentam revestidas pelas sugestões que despertam, e "são significativas enquanto desafios para a interpretação ou como evidências que subsidiam uma crença". Portanto, levam a pensar, a concluir, a inferir que tais e tais ocorrências, têm tais e tais consequências.
Situações familiares são mais imediatas, práticas e concretas. A casa com seus objetos e pessoas, ruas, árvores, comida, necessidades básicas, o meio ambiente, para as crianças, e para os adultos, impostos, eleições, leis, assim como comer, dirigir, etc., são vistos como concretos, associados à vida social comum.
E como teóricos os conceitos da ciência, o pensamento abstrato, distante dos interesses vitais, como saúde, bem-estar, beleza, sucesso, e isso porque as exigências da vida nos parecem sempre urgentes e concretas.
Entretanto, o teórico, o abstrato em maior ou menor grau, pode e deve ser praticável. Conhecer pelo conhecer, desinteressado, o pensar pelo ato livre de pensar, estes são essenciais para a própria vida prática, para emancipar as pessoas, tornar suas vidas mais ativas e ricas.
Desse modo, a experiência que se inicia pelos materiais concretos, é seletiva, há uso da inteligência para, por exemplo, separar os materiais (como faz um bebê com brinquedos), adaptar esses materiais e, mais adiante e importante, saber usá-los. O uso exige compreensão das funções, o para que, junto a um porque, que chega a um objetivo e este satisfaz (ou não) os propósitos da ação.
Educadores deveriam levar em conta que o desenvolvimento do pensamento abstrato é uma das finalidades da educação, e que ele deve proporcionar satisfação; que o processo educacional deve levar a uma interação equilibrada entre a lida concreta, as atividades práticas, com o despertar da curiosidade e da capacidade para solucionar problemas intelectuais. Crianças com dificuldade de abstração deveriam ser guiadas para o  modo como as ideias podem ser aplicadas.
"Todo ser humano tem ambas as capacidades, e todos serão mais eficientes e felizes se ambas as capacidades forem desenvolvidas em conexão uma com a outra", o abstrato e o concreto, escreveu Dewey (How we think)

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