segunda-feira, 26 de abril de 2010

O conceito de filosofia

É comum pensar que a filosofia é inútil ou que há tantos conceitos de filosofia quantos são os filósofos.
Ok, digamos que isso esteja correto. Mas o que se deve entender por utilidade? A do martelo? A da receita culinária? A de um sinal de trânsito?
Neste sentido, a filosofia é inútil, contemplativa, pura reflexão, ideias que apenas servem para se ter novas e mais ideias. Eu costumava dizer aos meus alunos: tudo contitunuará tal como está, com ou sem a filosofia...
Então, para que filosofar? A filosofia é ensinadora, tem um uso na formação pessoal, alarga horizontes, sem ela não saberíamos como pensar as situações a partir de um ponto de vista menos comprometido com casos particulares, mais geral e mais aprofundado.
Quando se para (do verbo parar) para (preposição) pensar, surgem questões fundamentais, que a maioria dos filósofos fez e ainda faz: para que, por que, por que não, desde quando?
Algumas respostas são dadas pela ciência, outras pelas diversas religiões, e outras ficam sem resposta.
Ora, isso que acabei de escrever, é reflexão filosófica. A partir do momento histórico, na Antiga Grécia, em que pela razão são expostas dúvidas e perguntas, a narração mítica aos poucos cede lugar à reflexão dos primeiros filósofos.
Por exemplo, nos mitos se atribui aos deuses com suas iras, conflitos e lutas, a existência do cosmo. Os filósofos, pelo contrário, perguntam com sua própria cabeça, como tudo veio a ser?
E, ainda apenas pensando, refletindo, atribuem a origem a uma causa primeira, a um princípio geral, como o fogo, o ar, as partículas elementares.
Aos poucos a pergunta se deslocou para outras questões, como o que são as coisas que percebemos? São como as percebemos ou o que não percebemos é o que elas realmente são, isto é, sua essência?
A pergunta pela essência de todas as coisas dominou o cenário da história da filosofia até bem recentemente. Hoje as questões mudaram. Esse é um tema para a próxima postagem.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Democracia e educação

O filósofo norte-americano J. Dewey (1859-1952), inspirou o movimento da Escola Nova no Brasil, através de Anísio Teixeira.
Educar é uma tarefa de reconstrução contínua da experiência, a educação é para a vida social (e não para passar no vestibular...). O que isso significa?
Que a educação tem laços com o trabalho, com a família, com as relações econômicas, com a política.
A experiência para Dewey é um conceito bem geral, não se trata da experiência científica e sim das relações do nosso corpo, de todo nosso ser com a natureza, em que ambos se modificam. Esse foi e é um processo de evolução e de aprendizado humanos.
Na formação do caráter e da personalidade da criança e ao longo de todo o processo em que nos instruimos na escola formal, há por detrás algo mais amplo, mais sólido, a educação. O processo educacional está presente em toda a estrutura social, na formação da personalidade, no preparo para o mundo do trabalho, no desenvolvimento das capacidades intelectuais, na socialização da criança, na linguagem, na escrita, no raciocínio lógico.
A inteligência não é uma capacidade intelectual isolada, ela caminha junto com as experiências, com o raciocínio, se desenvolve com o cuidado e atenção oferecidos pela família e pela escola. Esse treino do pensamento é a base da liberdade genuína, a melhor das liberdades - a liberdade intelectual de agir e pensar com sua própria cabeça.
Para Dewey não há educação sem democracia e nem democracia sem educação.
Alguém bem preparado pelo estudo, terá também espírito crítico e transformador, e isso depende tanto da educação como de haver plena democracia. Em sociedades totalitárias a escola é puramente ideológica, partidária, serve para moldar pequenos "soldados" obedientes, dóceis, massa de manobra.
Nas democracias deve haver direitos iguais, liberdade de pensamento, garantia de que todos podem ter acesso à educação e saúde.
Por sua vez, o próprio modo de educar leva em conta a diferença, o respeito, a formação de valores, a liberdade de pensamento, a ação responsável - condições que só vicejam em regimes democráticos.
Pensem nisso antes de votar!