sábado, 7 de maio de 2022

A pobreza intelectual do marxismo

 

Grande parte de chamada intelectualidade e vou me referir apenas ao Brasil, ainda usa como chave de análise da sociedade e da história, o marxismo. É isso mesmo, Marx, o combatente teórico do capitalismo e suas teses referentes ao século 19. Os textos marxistas servem para apoiar todo tipo de crítica à sociedade industrial e não levam em conta as radicais transformações que o avanço científico e tecnológico proporcionou, que houve duas grandes guerras, que o jogo de forças internacional se polariza, que entre oriente e ocidente há disputa pela hegemonia, que países pobres e países ricos não devem sua riqueza ou pobreza devido à luta de classes! A realidade história, social e econômica, a ordem mundial tem características simplesmente ignoradas pelos defensores do socialismo marxista. 

E isso porque grande parte da intelectualidade é batizada nos cursos universitários e de modo especial nos cursos de ciências humanas com as ideias e com a ideologia de esquerda e seus chavões: luta de classe, desigualdade, o capitalismo como fonte de toda miséria e injustiça social, as teses de uma classe social de opressores e outra de oprimidos, capital e trabalho. Essa divisão é aplicada ao todo da sociedade, mas não leva em conta mudanças revolucionárias da globalização, das necessidades de fontes de energia, das inúmeras e diversas ocupações, dos negócios, das transações internacionais, da evolução nos meios de transportes, da comunicação total. Não analisa os contrastes enormes entre centro e periferia (que nem de longe lembram lutas de classe!); nas dificuldades do pequeno produtor rural e nas dificuldades que também o grande produtor rural enfrenta e suas causas; em como lidar com o perigo permanente do tráfico internacional; como incentivar a arte e a cultura; como melhorar a qualidade do ensino e proporcionar um ensino de pelo menos média qualidade aos rincões do país.

Enfim, o tão desgastado conceito de contradição não é aplicável automaticamente entre classes sociais, nem o capitalismo é o mesmo opressor que sujeitava trabalhadores às condições degradantes de fins do século 19 inícios do 20. Trabalhadores são todos os que operam máquinas, computadores, que varrem as ruas, que pesquisam em laboratórios, que cortam e penteiam, que operam nos caixas, que realizam tarefas burocráticas sem fim. Impossível reduzir todo o amplo leque de atividades sociais, econômicas, educacionais, científicas, tecnológicas a modo de produção capitalista. E ainda há o tráfico de drogas, corrupção nas pequenas e grandes empresas, uma guerra cruel e injustificada se arrasta nas fronteiras da Europa. E por cima de tudo, como coroamento, os governos. Ah, os governos e suas instituições! Alguma análise marxista cabe em uma simples tomada de visa de um município, seu prefeito e vereadores, o sistema eleitoral, e subindo na escala do descalabro público, governantes e seus asseclas, o jogo político dos interesses -, o que isso tem a ver com oprimidos X opressores?!

O planejamento de uma cidade, trânsito, melhorias urbanas, acidentes, o que isso tem a ver com oprimidos X opressores?

A recente pandemias e suas trágicas consequências, o que isso tem a ver com oprimidos X opressores?

Infelizmente a pobreza intelectual de grande parte do ensino, contaminada pelos chavões marxistas, insiste em permanecer na ignorância, na facilidade do esquematismo, na ideologia que dá ares de justiceiro a quem dela faz uso. Intelectuais deveriam ser pensantes, analíticos, abertos à realidade e suas transformações. 

Infelizmente as críticas à ideologia esquelética da esquerda partiram da ideologia militarista da direita, o que veio a dar fôlego aos marxistas. O caldo entornou de vez... A distância entre a realidade e suas inúmeras facetas se aprofunda com o encobrimento político/ideológico dos extremos esquerda e direita. 

O pouco espaço para o pensamento sério, fundamentado, propositivo precisa com urgência se alargar.