Cercam a morte o medo, o terror, o pânico, o não retorno, o nunca mais, o abissal, o fim. A vida eterna, prêmio ou castigo atenua ou anula para os que nela creem aquele medo do fim inevitável.
Cartazes, dizeres, consolação, imagens, os números e assim sucumbimos à pandemia, para a minha geração algo inédito, parecia que as mortes, as guerras, as devastações, as doenças mortais passavam ao largo, estavam longe, como o ebola na África, a violência e matanças no mesmo continente, a Síria arrasada, tufões e terremotos longínquos, sempre longe e por isso mesmo incapazes de despertar o medo e de lamentarmos pois o que acontecia, acontecia à distância.
De repente ambulâncias, covas enfileiradas, hospitais lotados, e o que nascera na China não ficara por lá, atingiu e atinge todo o planeta.
A violência do crime organizado ou ordinário ficou um tanto de fora dos noticiários e cedeu lugar ao enfrentamento do mal. Sim, do mal, o mal que sufoca e pode matar.
A resposta veio lenta, emaranhada com os discursos e atitudes de negação. A sensação de desamparo e as distorções se misturaram.
Agora sabe-se o que se enfrenta e como se enfrenta, não é preciso acrescentar nada.
Mas a guerra de discursos da vacina foi além. E chegou em março às negociações fraudulentas de que apenas hoje se tem notícia. E eis que ressurgem o Brasil e os governos de sempre. Há que lembrar de um termo que ficou um tanto esquecido, as "maracutaias"...
Parte do exército cooptada e pastores a bater no peito e exigir de seu rebanho a submissão. E mais, uma parte da população cegada, obnubilada por uma bandeira nacional humilhada. Pobre nação, ao contrário de países civilizados, fomos conduzidos ao morticínio (515 mil se foram) e a uma ideologia disfarçada de patriotismo que conduz o país àquela vala do extremismo, divisão extrema direita e esquerda esta chefiada por um ex-presidiário vestido de pele de cordeiro.
Há que reagir. A morte chega para todos, escolher a vida implica enfrentar dificuldades, vencê-las e. ao chegar a hora de cada um decidir, discernir, deixar as boas lembranças, os feitos, as lições de vida, os exemplos além de um retrato na parede.