quinta-feira, 29 de junho de 2023
A ética do dever e do compromisso
sexta-feira, 23 de junho de 2023
"Morte aos milionários", o regozijo dos comunistas.
A notícia da explosão do submergível (23/06/2023) foi mais um desses assuntos de incrível repercussão. Eram milionários que se aventuraram numa cápsula insegura, pagaram caro e, "bem feito que morreram", assim repercutiram o acidente os comunistas, aquela parte radical, pronta para dar as palavras de ordem costumeiras e desgastadas.
Por meio das mídias sociais, é fácil causar perplexidade, ganhar notoriedade e marcar acontecimentos com os adjetivos da ideologia comunista. Mas:
1°. Ninguém tem nada a ver com o modo como pessoas ricas gastam seu dinheiro. O construtor do submergível foi irresponsável, idem as autoridades, os "passageiros" foram imprudentes. Porém, cabe a cada indivíduo tomar suas decisões, desde que estas não entrem em conflito com normas, regras, leis, enfim, com o senso comum, deveres e atitudes responsáveis. Aventuras têm seu preço (sim!) e riscos. E a ironia, o Titanic fez mais vítimas.
destroços do submergível
2°. Milionários devem morrer? Devem ser eliminados? Eles são a causa dos males e das injustiças sociais? É preciso então assassinar Bill Gates? Elon Musk? Steve Jobs? E recuando, alguém deveria ter matado Henri Ford?
3°. Nas sociedades capitalistas bens são produzidos, o mercado tem suas regras, há legislações, tais como leis trabalhistas, que cumprem o papel de ajustar e de fiscalizar; há um sistema bancário; as bolsas de valor têm seus altos e baixos, com risco. O que não significa que países comunistas distribuam equitativamente as riquezas e bens produzidos, que haja justiça social. Pelo contrário, o controle do Estado é prejudicial, e, além disso, é indispensável haver produção de bens e serviços, ciência e tecnologia dependem investimento em pesquisa e educação de alta qualidade. O Estado não caminha sozinho.
4°. O comunismo foi responsável pela morte por fome de milhões de pessoas na URSS, em gulags. Na China, Mao Tsé perseguiu e matou opositores, principalmente intelectuais, e até hoje há censura, exploração da mão de obra do pequeno trabalhador, houve a terrível imposição do filho único, e mais: há milionários tanto na Rússia como na China! Como isso é possível?! Em grande parte por corrupção e cartéis. Vale lembrar o outro lado, que o comunismo produziu também pobreza e discriminação como na ditadura cubana.
5°. Milhares de pessoas apostam em loterias para quê? Na esperança de se tornarem... milionários.
***
A vida humana é feita de ação e de reação, de aprendizado e de competição, de busca pelo sustento, de descoberta, de empecilhos, de realizações e de frustrações, de afeto, de amor e de sofrimento. Em geral as pessoas querem o bem para si, para os seus e se contentam com o simples e corriqueiro.
segunda-feira, 12 de junho de 2023
A abertura para o Ser
Um dos conceitos mais abstratos e difíceis de compreender em Filosofia, é o de Ser. Ao mesmo tempo empregamos o verbo "ser" o tempo todo e nas mais diversas situações. É o primeiro verbo que se aprende em uma língua estrangeira e isso porque é impossível entender os estados de coisa, as situações, fazer sentido, compreender e comunicar-se sem o verbo ser.
Saindo um pouco do cotidiano, o Ser é entendido de modo diferente por cada filósofo, cada escola de pensamento. Assim, por exemplo, para Platão, Ser é ideal, é ideia, tudo o que é inteligível. No sentido mais sublime e necessário, o ser é a Ideia de Bem. Demiurgo, o Deus fazedor de tudo, usou os modelos ideais para formatar tudo o que existe.
Se dermos um salto para o século 19, para Nietzsche, sem Deus, prevalecem a vida, os valores, o dar sentido, renovar e extrair de si força dionisíaca. Para renovar, para ganhar força de leão, ser seu próprio legislador, é preciso desconfiar daquilo que se inventou para si a fim de justificar a fraqueza humana, inclusive os conceitos abstratos da Filosofia. Portanto, desconfiar do Ser.
Heidegger (1889-1976) vê o Ser de outro modo, num primeiro momento é o ser humano mortal, ser aí enraizado no mundo, imerso na banalidade do dia a dia. Em um segundo momento o homem é aquele que possibilita a abertura para o Ser neste palco que é o mundo. E como o mundo recepciona? Atualmente com a velocidade, com o tempo controlado, com a conquista do espaço, cada canto do planeta utilizado, cada instrumento e cada técnica são disponibilizados, tudo ficou ao nosso alcance, nos serve. E mais, tudo passa por planejamento, por disciplina, por organização, por controle. O ser foi parar neste nosso mundo de coisas, do ter que fazer isso ou aquilo, dominados por modos de pensar e de ser uniformizados.
Assim, cultivar e cuidar do Ser, pastorear, encontra essas séries de empecilhos.
A busca do Ser, digamos, se complicou. E isso por nossas próprias ações, projetos, produções, guerras.
Onde reencontrar o Ser? Os caminhos para a autenticidade, para uma nova relação com o Ser viriam da linguagem, da poesia, da arte, da reflexão filosófica. Aberturas para o Ser se mostram num templo grego, em um quadro renascentista; olhar a natureza e usufruir dela diretamente, conduz ao Ser; o mergulho na poesia que renova o olhar, o sentir, remete ao Ser.
Templo testemunha do tempo
Portanto, a questão não é o que somos e sim quem somos, os cuidadores do Ser.
quinta-feira, 1 de junho de 2023
Narrativa, o termo político do momento
No dicionário da língua portuguesa "narrativa" significa: "Exposição de fatos; conto; história"; no Aurélio (alguém ainda usa?):"1. narração. 2. forma literária na qual se expõe uma série de fatos reais ou imaginários; conto, história."
Ultimamente o sentido de "narrativa" se tornou político e ideológico, serve para marcar o adversário, e somente o adversário, como sendo falso, fantasioso, mentiroso. Que narrativa se refere a algo imaginário, saído de um conto de fadas.
E não só isso, trata-se de um daqueles termos ou conceitos que tornam o seu usuário um sabichão, alguém por dentro do vocabulário da vez e capaz de lançar no ar, como um balão de ensaio, com glamour, a frase mágica: "é apenas uma narrativa", algo inventado, que engana trouxas.
Ora, narrar algo é descrever, mostrar, contar uma história ou fatos. Assim, narrativa diz respeito a algo possível, que poderia acontecer, mas que precisa ser inteligível para o ouvinte, para o interlocutor. Precisa fazer sentido, e mesmo sendo literário, diz algo, afirma algo, descreve algo.
maio de 2023
No sentido empregado por nosso presidente ao se referir à ditadura venezuelana como uma "narrativa", reforça o uso atual político e ideológico, passa por cima de fatos que foram sim narrados pela imprensa, por testemunhas, por imigrantes famintos, por reportagens idôneas.
A própria narrativa dos opositores da ditadura de Maduro, daqueles que foram ameaçados e presos, dos que vivem sob um regime autoritário, trata (ou narra) de acontecimentos conhecidos, constatados e não de falsidade.
Quer dizer, uma narrativa tanto pode ser um estilo de descrição como constatação de fatos.
Assim, Lula errou duas vezes; primeiro, ao encobrir acontecimentos publicamente constatáveis; segundo, ao usar o termo em um só sentido, no de mentira.
Inclusive no sentido literário, acontecimentos são narrados, descritos, enumerados, não faz sentido considerá-los como mentiras. E no sentido habitual alguém pergunta, por exemplo, "como foi sua viagem?" O interlocutor responde narrando as impressões e acontecimentos. Faz sentido você duvidar? A menos que o viajante seja um mentiroso contumaz, o que é fácil de descobrir, você acredita...
Conclusão: Lula é um desses mentirosos? Ou ele próprio recusa a realidade por ele recoberta pelo véu da ideologia?