segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O que é niilismo?

Um aluno me perguntou há algumas semanas atrás o que é niilismo. O termo vem no latim "nihil", que significa "nada". O niilista não é um pessimista.
O pessimista é um derrotista, nada presta, tudo é cinza, o futuro é negro, ele próprio é um impotente.
Já o niilista, pelo contrário, sabe reconhecer que há limite, que há sofrimento, morte; para ele não faz sentido procurar uma ordem universal que justifique a existência de todas as coisas.
Mas isso não o torna fraco, isso o fortalece e o encoraja, o torna senhor de si, pois ele não precisa se curvar para nada, ele é um espírito livre, não precisa de mitos, de fantasias, de ideologias. Como tudo é invenção humana, como em tudo há a marca do homem, em tudo há essa limitação intransponível, a de que podemos muito pouco.
Assim, o niilista não é impotente justamente porque vê a partir de uma perspectiva, a do alto, a da montanha, a nossa insignificância.

Compreensão, cuidado e carinho

No relacionamento familiar há três "cês":
Compreensão: procurar entender o outro, suas razões, seus problemas, analisar as situações que criam conflito e procurar resolver na medida do possível tais problemas. Em seguida dar as suas próprias razões para agir de tal ou tal maneira; há situações que podemos controlar, mas muitas outras que jamais controlaremos e que jamais compreenderemos. É preciso reconhecer isso para haver um melhor relacionamento.
Cuidado: amparar, zelar, tornar o outro seguro é fundamental, em especial no cuidado dos pais com os filhos (as). Quem cuida deve saber que não pode proteger alguém de todos os perigos, mas pode fortalecer aquele que você ama para que ele possa, com confiança, seguir suas metas, seus projetos e protejer a si mesmo. O cuidado deve promover a autonomia do outro e não tornar o outro um eterno dependente.
Carinho: incentivar, estimular, reconhecer os méritos e os defeitos é tão bom ou melhor do que beijos, abraços e afagos. Franqueza e sinceridade, jogo aberto, evita que se precise punir.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O que é ceticismo?

Diante de tanta violência, corrupção, defesa de seus próprios interesses, egoísmo, é natural certo ceticismo. Ceticismo em filosofia significa descrer, duvidar, considerar que a verdade é uma moeda gasta.
Assim, a atitude do cético é a de se prevenir contra todo tipo de intolerância, todo tipo de dogmatismo (= considerar que apenas há uma verdade, a sua, a da sua religião, a da sua política, a de seu partido, e de seu modo de ser e de pensar).
Filósofos céticos não duvidam de questões e situações banais, das quais duvidar seria completo sem sentido, por exemplo, não é preciso duvidar de que temos um corpo, de que estamos nos comunicando, de que existe um planeta Terra, de que isso que vc acabou de ler não é uma ilusão.
O cético duvida, e com razão, de que o homem pode conhecer tudo, resolver tudo, saber com absoluta certeza o que acontecerá no minuto seguinte. Mesmo no campo da ciência. É que a ciência evolui, muda, o que hoje é confiável, amanhã pode não ser mais.
Hume (1711-1776), filósofo escocês, defendia o cetismo em questão relativas a nossa experiência. "Tudo o que é pode não ser", dizia ele.
Pensar assim é um bom remédio contra o preconceito e a intolerância, que geram violência.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Por que a nova palavra de ordem é "desafio"?

Vocês já repararam na quantidade de vezes que o termo "desafio" é usado na TV, nos jormais, nas empresas, nas escolas, no dia a dia das pessoas, pelos políticos, nas cúpulas mundiais? Desafios da reportagem, desafios do milênio, desafios do mudança climática, desfios da economia, etc., etc.
Já parou para pensar por que essa palavra está na ordem do dia?
Ela foi importada dos manuais para empresários norte-americanos ("challenge"), se espalhou no meio empresarial como busca de cumprimento de metas, e hoje é usada dando o sentido psicológico de obrigação de chegar lá. Assim, quem não chega lá (seja lá onde for, nos esportes, passar de ano, vencer etapas) é visto como perdedor.
Até mesmo em certas escolas voltadas para "os desafios do futuro", há no currículo uma matéria chamada de "empreendedorismo", que nada mais é do que treinar seu filho, sua filha para ser um futuro empresário, que vence desafios, um vitorioso.
Mas e o resto? Não dá para, na educação, olhar o mundo só por uma fresta de janela. Há outras, como a criatividade, a camaradagem, cultivar valores, um estilo de ser e de pensar mais livre. O vida não é feita só de profissões, nem só de desafios, nem só de treinamento.
Seu filho, sua filha não deve ver só uma árvore, quando há a floresta para ser percorrida, contemplada, explorada.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O cuidado como essência do homem

Ainda sobre como educar seu filho, sua filha:
Cuidar significa zelar, respeitar, importar-se com a criança, amparar seus passos, entender suas dúvidas e preocupações.
Evitar o excesso de cuidado, cercar a criança com proteção por todos os lados, o que se chama de superproteção, impede que ela reaja, que ela interaja com as situaçoes. A criança superprotegida corre o risco de se tornar um adulto tímido, fraco, com sede de aprovação por parte de todos, em tudo, e o tempo todo.
Já a criança que sofre com o desleixo, o descaso, o abandono, cresce com raiva, com medo, suas reaçoes diante das dificuldades são as piores possíveis: não enfrenta nada, sofre, o mundo para ela é cheio de armadilhas.
Assim, o melhor é sempre o cuidado na medida certa, na hora certa. Cuidado não só quanto à saúde e perigos físicos, mas cuidado quanto ao que a criança sente, como ela pode ser tranquilizada e estimulada, mas não a competir e sim a desenvolver suas potencialidades. A criança bem cuidada, é também aquela que é bem educada, mais segura, mais feliz.
Quanto mais atenção e carinho melhor! Nunca bata, mas repreenda sempre com firmeza, mostre no que ela errou, como deveria agir e por que é melhor assim.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Aristóteles e os valores morais

Para Aristóteles é preciso educar a criança criando hábitos, desde cedo. A vida feliz é a vida conforme à virtude. A virtude depende da prática de valores morais. Ninguém nasce virtuoso. Só nos tornamos justos praticando atos justos, só somos bons, praticando bons atos. A virtude é cultivada pela educação, pois ela é uma disposição de caráter que torna alguém bom e o faz agir bem.
Os principais valores morais têm a ver com a moderação, pois tanto o excesso como a falta são prejudiciais. Para aplicar as virtudes é necessária uma sabedoria prática, quer dizer, um discernimento da razão voltada para a vida, para as decisões do dia a dia.
A coragem é o meio termo entre o medo e a falta de confiança; o justo orgulho é o meio termo entre a vaidade oca e a humildade servil; a calma é o meio termo entre a raiva e a inércia; a verdade é o meio termo entre o exibicionismo e a falsa modéstia; a amabilidade é o meio termo entre aquele que briga a toa e o que vive elogiando ("puxa saco"). Enfim, a prática do justo meio, da moderação, é fundamental.
É preciso mostrar isso à criança com exemplos, com histórias, sem forçar, mas sempre incentivando.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Educação infantil e a filosofia

Em que a reflexão filosófica pode ajudar no cuidado e na educação infantil?
Creio que o primeiro passo é dar liberdade juntamente com responsabilidade.
Expor as questões e os problemas para a criança de modo que ela entenda o que pode e o que não pode fazer; o que deve e o que não deve fazer.
E isso sempre com abertura, honestidade e, principalmente mostrando os porquês, em uma linguagem simples e acessível.
Amanhã, dia 2 de dezembro, postarei reflexões de filósofos sobre educação.
Lembre: seu filho ou filha não pode fazer o que bem entender, senão ela se tornará um tirano ou uma tirana.