terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O que é pensamento?

Quais são os sinônimos na língua portuguesa para "pensamento"?
Raciocínio, mente, ideia, abstração, reflexão, inteligência, alma, espírito, e outros que o leitor pode acrescentar.
Interessante observar que termos como "cérebro" não são sinônimos em muitos contextos, como o médico/biológico, por se referirem a algo físico. Pensamento são apreendidos, cérebros nunca...
Outra observação: sem o cérebro não se pode pensar, é claro!
Então surge um problema, como algo físico produz algo mental?!
Essa dificuldade levou a maioria dos filósofos a distinguir radicalmente o corpo físico do pensamento impalpável, abstrato, portanto, incorpóreo. A relação corpo/alma vem de Platão, passa pela filosofia medieval, sofre algum abalo com o empirismo inglês, é reforçada por Descartes, se sofistica com Kant e se transforma com os filósofos que adotaram a hipótese da linguagem como decifração para a oposição material/mental.
Se a linguagem possibilita pensar, o cérebro com suas regiões e suas sinapses é condição necessária. 
Mas então o que ou melhor, como pensamos? 
Certos animais reagem, aprendem e memorizam. Mas não falam...
Assim, o tipo de pensamento exclusivamente humano vem de algo mais complexo, a capacidade de significação, quer dizer, de usar signos, símbolos, grafismos, imagens, códigos (braile, por exemplo).
"Eu penso" é uma expressão verbal, com significado e com ela alguém quer dizer algo em certo contexto e situação.  Ao escrever esta página eu penso, raciocino, uso a memória, meus conhecimentos com o propósito de expor algo a alguém, que eu possa ser compreendida. 
Calados pensamos, sonhamos, nos preocupamos, desejamos, criamos, duvidamos, chegamos a conclusões. Todas essas atividades são fruto de cérebro, linguagem, aprendizado, situações pessoais, ambiente, e a miríade de circunstâncias que nos fazem ser alguém.
Comparemos o artista escrevendo sua obra prima com alguém que sofre sob efeito de drogas, álcool, miserabilidade, escravo, dependente, sem possibilidade de reagir.
A que circunstância um e outro respondem?
Comparemos um bebê com suas reações a estímulos e seu rápido aprendizado com a velhice ao ser sugada pelo Alzeimer. Chegaremos à conclusão de que somos constituídos por essas e muitas outras condições. Assim deixaremos de lado a divisão platônica corpo/alma e veremos os seres humanos em sua diversidade e complexidade. 

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