Quer dizer que todo e qualquer objeto ou situação fora do sujeito, tudo o que está na realidade, só é atingível por meio de propriedades formais da razão, que são transcendentais e a priori. Mas não se trata da mente individual e subjetiva, ao modo de Descartes e sim formas puras do entendimento, não pessoais, não obtidas por meio da experiência.
A experiência tem um papel fundamental, mas não funciona sozinha pondo na mente ideias obtidas única exclusivamente pelo contato dos sentidos com o mundo externo, como para o empirismo de Locke.
A experiência, para Kant, seria caótica se não fossem as faculdades da intuição que organizam o material recebido pela experiência. Essa faculdade de pensar, de intuir por meio da sensibilidade, põe ordem no caos empírico. "Intuição" justamente é essa capacidade de conhecer objetos de modo a priori, isto é, são as condições da sensibilidade que põem os fenômenos todos a serem conhecidos, no tempo e no espaço.
A razão é soberana e imprescindível, o uso puro da razão funciona dentro dos limites da experiência, portanto, nada de idealismo platônico, nada da Metafísica tradicional que impõe de fora para dentro tudo o que em si mesmo existe, sem que o sujeito intervenha.
Não é possível ir além dos limites da sensibilidade, além do tempo e do espaço.
Os únicos juízos ou formulações que garantem certeza, são os juízos sintéticos a priori, as representações do espírito sobre os fenômenos empíricos.
Se o conhecimento se baseasse somente na experiência dos sentidos, o mundo exterior, que é mutável e que contém inúmeras facetas, seria inatingível e não se poderia obter conhecimento seguro. A experiência limita o mundo que conhecemos, mas ela não é possível sem a intervenção das formas puras a priori do entendimento.
Conclusão: se a razão fornece os princípios do conhecimento seguro, a priori, confiável, cabe a cada indivíduo usar os aparatos da subjetividade, os princípios e propriedades da razão pura.
Quanto às questões da prática, dos juízos morais, são outros princípios que contam: a boa vontade, sua autonomia, a liberdade e o senso de dever moral. Quanto mais livre, mais capaz de exercer o dever moral.
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