Um sinal de trânsito se estrutura com traços, desenhos gravados em um material que é físico (a placa de madeira, de plástico, de metal), recortado em tamanho padrão, com cor determinada e codificada, resultado de convenção internacional. Sinaliza proibido com traçado transversal, estacionar com letra, há uso de figuras, de símbolos.
A linguagem humana é mais complexa. Além de sons, produção vocal e sinais sonoros, imediatamente colados a esses sons, há o significado deles.
O primeiro estruturalista foi F. de Saussure (1857-1913). Ele definiu signo como dois lados da mesma moeda: de um lado os significantes audíveis, o que se ouve quando alguém fala; de outro lado os significados: aquilo que se compreende.
A fala é uma sequência de signos estruturados conforme regras. Não língua sem regras. A criança assimila a língua paterna como um todo, com regras para formular frases, associando a mensagem ouvida com a situação, o objeto, a história que ela ouve, enfim, todas as mensagens são lidas. E tudo quer dizer algo, tudo "fala": o tom da voz, a expressão da face, gestos, e a impressionante capacidade que a linguagem tem de criar, apenas pelos signos, desde a presença do que não está aí ("papai vai chegar amanhã!"), até um pedido, uma história, um alerta para se cuidar, uma palavra para consolar, a criação literária, narração, poesia, texto jornalístico, mensagem, e-mail.
Somos invadidos pela estrutura de signos, de símbolos (a face de um ícone do esporte, do rock, da política), de sinais. Ignore um sinal de trânsito e lá vem multa, acidente, e mesmo a morte.
Ofenda com uma palavra, e você pode ganhar um inimigo.
Elogie com uma palavra, e você pode ganhar um amigo.
As estruturas imitam as coisas ao reconstruí-las ou contruí-las seguindo um modelo, algo produzido pela cultura, pelo intelecto.
As palavras não estão no lugar das coisas, elas significam, estruturam a realidade. Os produtos humanos "falam", como você sabe diferir entre casebre, casa, mansão, palácio? Pela relação entre significar e criar artefatos. Como alguém pode dizer: "Você mora num palácio!" com ironia para significar que a casa é de fato precária? A compreensão depende do dito, da situação e do contexto, da intenção do falante.
O que se pensa, depende de signos, como se pensa, depende das regras para combinar signos.Para dizer a ausência, o não, é preciso dizer "não". Para dizer que nada é para sempre, é preciso dizer "nada". "Sempre" não designa nada na realidade. Porém, sem advérvios, pronomes, preposições, ficaríamos sem tempo, sem cronologia, sem hoje, sem amanhã...
Olá Prof. Inês!
ResponderExcluirSaudades de suas aulas...do problema do significado e da verdade na epistemologia. Tempos que os signos pareciam menos vivos que hoje.
Que artificialidade esta construção de signos que faz com que possamos nos comunicar..interpretar e significar...
Um abraço,
Léo Peruzzo