terça-feira, 5 de outubro de 2010

O que é estrutura? O que é signo?

Toda construção precisa de estrutura. Estruturas são artificiais, são criadas por meio de signos, de símbolos, de traçados, de sinais. Todos eles comunicam algo, levam à constituição de algo, visualizam algo, estabelecem padrões para significar algo para alguém. Assim, uma árvore não é uma estrutura, seu desenvolvimento é natural. Já um prédio, uma obra de arte, um texto, uma mensagem de propaganda - em todos eles há símbolos, signos, materiais que carregam uma significação, precisam que alguém os decifre, leia, possa compreender e dê um destino, faça uso apropriado.

Um sinal de trânsito se estrutura com traços, desenhos gravados em um material que é físico (a placa de madeira, de plástico, de metal), recortado em tamanho padrão, com cor determinada e codificada, resultado de convenção internacional. Sinaliza proibido com traçado transversal, estacionar com letra, há uso de figuras, de símbolos.





A linguagem humana é mais complexa. Além de sons, produção vocal e sinais sonoros, imediatamente colados a esses sons, há o significado deles.

O primeiro estruturalista foi F. de Saussure (1857-1913). Ele definiu signo como dois lados da mesma moeda: de um lado os significantes audíveis, o que se ouve quando alguém fala; de outro lado os significados: aquilo que se compreende.

A fala é uma sequência de signos estruturados conforme regras. Não língua sem regras. A criança assimila a língua paterna como um todo, com regras para formular frases, associando a mensagem ouvida com a situação, o objeto, a história que ela ouve, enfim, todas as mensagens são lidas. E tudo quer dizer algo, tudo "fala": o tom da voz, a expressão da face, gestos, e a impressionante capacidade que a linguagem tem de criar, apenas pelos signos, desde a presença do que não está aí ("papai vai chegar amanhã!"), até um pedido, uma história, um alerta para se cuidar, uma palavra para consolar, a criação literária, narração, poesia, texto jornalístico, mensagem, e-mail.

Somos invadidos pela estrutura de signos, de símbolos (a face de um ícone do esporte, do rock, da política), de sinais. Ignore um sinal de trânsito e lá vem multa, acidente, e mesmo a morte.

Ofenda com uma palavra, e você pode ganhar um inimigo.

Elogie com uma palavra, e você pode ganhar um amigo.

As estruturas imitam as coisas ao reconstruí-las ou contruí-las seguindo um modelo, algo produzido pela cultura, pelo intelecto.
As palavras não estão no lugar das coisas, elas significam, estruturam a realidade. Os produtos humanos "falam", como você sabe diferir entre casebre, casa, mansão, palácio? Pela relação entre significar e criar artefatos. Como alguém pode dizer: "Você mora num palácio!" com ironia para significar que a casa é de fato precária? A compreensão depende do dito, da situação e do contexto, da intenção do falante.
O que se pensa, depende de signos, como se pensa, depende das regras para combinar signos.

Para dizer a ausência, o não, é preciso dizer "não". Para dizer que nada é para sempre, é preciso dizer "nada". "Sempre" não designa nada na realidade. Porém, sem advérvios, pronomes, preposições, ficaríamos sem tempo, sem cronologia, sem hoje, sem amanhã...

Um comentário:

  1. Olá Prof. Inês!
    Saudades de suas aulas...do problema do significado e da verdade na epistemologia. Tempos que os signos pareciam menos vivos que hoje.
    Que artificialidade esta construção de signos que faz com que possamos nos comunicar..interpretar e significar...
    Um abraço,
    Léo Peruzzo

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