sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A tarefa política e cultural da filosofia

O Semeador

O Pensador

A produção intelectual faz parte das atividades humanas culturais, não é uma tarefa exclusiva das classes superiores, esclarecidas, nem da alma platônica sujeita à contemplação pura das ideias. Dewey (1859-1952), filósofo do pragmatismo norte-americano (ver o que é pragmatismo neste blog), mostrou que a filosofia não deve ser restrita às puras Formas, ao Ser, às Ideias como entidades em si mesmas, sublimes, alcançáveis apenas por uns poucos iluminados. Se fosse assim, a filosofia seria missão de experts, com uma linguagem hermética, inacessível como bem cultural, não poderia sequer ser transmitida nas escolas, nos ambientes culturais abertos para um público mais amplo.
O uso do vocabulário especializado tem seu lugar, mas muitas vezes ele é o refúgio da pseudofilosofia. A erudição e a superespecialização são desculpas de intelectuais afetados e comprometidos com certa ideologia, que impede a reflexão, admite apenas a inculcação de noções prontas, que não passam pela discussão pública e livre de ideias e propostas para a sociedade.
Para a filosofia dogmática (ver domagtismo neste blog), os conceitos se fixam como se fossem universais, devendo ser aceitos sem pensar, automaticamente, como palavras de ordem.
Ora, para Dewey, nem há o absolutamente ideal, o Ser em si, a Realidade Última, a Verdade Absoluta, nem o real como algo inerte, acabado que pode ser conhecido e percebido sem erro, sem dúvidas.

"A filosofia, diz ele, não pode resolver o problema da relação do ideal e do real. Este é um problema mesmo da vida. Mas a filosofia pode ao menos aliviar a carga da humanidade em lidar com o problema, emancipando a humanidade dos erros que a própria filosofia fomentou. Ela pode facilitar os passos certos que a humanidade pode tomar na ação, tornado claro que uma inteligência solidária e integral trazida para dentro da observação e da compreensão de eventos e forças sociais concretas, pode formar ideais que seriam suas propostas, as quais não devem ser nem ilusões e nem meras compensações emocionais".


O momento político atual deveria ser usado para isso, semear ideais que podem ser realizados, melhorar as relações sociais, e não usar o poder que foi concedido legitimamente ao Presidente da República para impor um projeto pessoal de permanência no mando de toda uma nação, fazendo pouco das instituições.

O "Pensador" de Rodin é solitário e ensimesmado, como ilustrado acima.

Neste momento, não é a melhor representação da filosofia. Talvez "O Semeador", de Zaco Paraná seja uma imagem mais forte e mais ativa. (Praça Eufrásio Correia - Curitiba)

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