terça-feira, 21 de março de 2017

Criacionismo e evolucionismo

Educadores se vêem diante de dilemas quando de suas aulas de ciência, em especial sobre a evolução do planeta, dos seres vivos, entre eles nós, seres humanos, ao serem confrontados com ensinamentos bíblicos sobre a criação do mundo e de todos os seres por Deus.
Se explicam de acordo com a ciência estariam negando a fé? Se adotam a postura religiosa, cristã, estariam sonegando conhecimento científico aos seus alunos?
Trata-se de um falso dilema, pois a fé sincera brota de crença, de iluminação, de tradições. A ciência nasce de perguntas, questões a serem postas sobre como a vida surgiu, e isso por meio de comprovação, de exposição de suas observações e experiências ao crivo da comunidade de cientistas. Com esses procedimentos, sempre sujeitos a acertos e erros, a cálculos, ao avanço dos instrumentos de teste, à publicidade de resultados, a ciência é imprescindível. E mais, em nossa época a aplicação em benefício da saúde e melhoria da vida (exemplo: vacinas), não permite volta atrás.
Pesquisa científica: conhecer e aplicar
Impossível e condenável deixar as explicações científicas de lado como se fossem desacreditar ensinamentos bíblicos.
Deus criador é tema de fé religiosa, baseada em dogmas, em verdades da tradição, às quais não cabem dúvidas. Os professores e a própria escola devem deixar isso claro. A fé diferencia-se do conhecimento, seu poder quando sincera e aberta é o de dar paz e respostas satisfatórias à alma, ao espírito. 
Ao passo que a ciência, se for ignorada ou banida, produz conflitos desnecessários, leva ao obscurantismo, e como consequência, insufla preconceitos. Além disso, como negar o poder da ciência, as evidências da teoria evolucionista, sem, ao mesmo tempo, fechar as portas para o saber?
No remoto século 13, o filósofo e religioso Duns Scotus entendera que a fé verdadeira pertence a uma dimensão superior à do conhecimento, mas não substitui o conhecimento. 
Hoje diríamos que a fé, aquela que move montanhas, não deveria fanatizar e sim abrir os corações para essa vida de recolhimento, de meditação, de oração, de desprendimento.
A interioridade da fé
E que, de outro lado, a ciência, não anula a fé pois requer pesquisa e comprovação, satisfaz a inteligência, a razão em suas necessidades de indagar e obter resposta. 
De onde viemos? Como surgiu e se transformou a vida? A ciência é exigente e cautelosa, avança com estudo, teses, teorias, sempre suscetíveis de correção e, por isso mesmo, confiável.

E esse questionar os seres tem um limite, nossa própria capacidade de compreensão. Como, com nossos meios, podemos interrogar e saber até onde esse questionamento nos leva. Conhecer nosso próprio modo de conhecer, e por aí entramos noutro terreno que a cultura humana proporcionou desde Tales de Mileto até os pensadores de nossa época: o saber filosófico.
Esse saber filosófico entende que essas distinções, entre fé e ciência permitem que ambas convivam, que uma não substitui a outra, que há um enorme ganho cultural e educacional se vistas sob a perspectiva da reflexão. 
Em tempo: as religiões e os credos são vários e diversos, a ciência é unificada.

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