Postar o que se faz, o beijinho, a comidinha sendo preparada, o sorriso, o muxoxo, as idas e vindas, lugar para onde a pessoa foi, onde está, o que está fazendo, a incansável e medíocre informação acerca de ninharias.
Todos precisam saber o que está acontecendo com todos, o tempo todo!
Fiz isso, fiz aquilo e publico, publico, publico...
Qual o real interesse? Exposição, publicidade, gracinhas, selfies até não mais poder, isso parece que satisfaz desejos e prazeres, que são momentâneos pois em seguida vem o esquecimento.
O anonimato, a impessoalidade, a discrição e a modéstia são substituídos pela exposição permanente, pelos egos, pelo exibicionismo, pelo enaltecimento de si.
Impossível condenar ou rejeitar o papel importantíssimo das redes sociais como informação relevante, como facilitação da comunicação, como meio de integração e de valores, entre eles a amizade.
Mas na maioria das postagens não é disso que se trata, e sim satisfazer a curiosidade, tratar do lugar comum como se fosse de grande importância, o que a pessoa é pouco importa, vale muito mais sua aparência para os outros.
A diferença entre ser e parecer se vê diante de um abismo!
Sem apelar para velhas dicotomias como a de que ser vale mais do que parecer, pois para a filosofia essa diferença é bastante problemática, entretanto, a contraposição entre um e outro ganha um novo patamar nas constantes atualizações nas redes sociais de tudo o que se fez, nada escapa, a privacidade deve e pode ser invadida.
A veracidade e a verossimilhança são dispensáveis.
***
Um exercício de imaginação: será que filósofos como Kant, Wittgenstein ou até mesmo Foucault usariam desses recursos? Kant almoçando? Wittgenstein postando fotos de sua cabana na Noruega? Foucault pesquisando nas bibliotecas?
Talvez eles indagassem: Qual o real valor das informações? A avalanche de imagens preenche o vazio existencial?
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