Corações e mentes se inflamaram com a incorporação do Ministério da Cultura pelo Ministério da Educação. Dificilmente se vê toda uma classe de intelectuais, produtores culturais, artistas tão unidos em protesto por uma causa tão polêmica.
Até que ponto é necessário um ministério para firmar a importância da cultura? A quem interessa esse tipo de prestígio? No governo Dilma a verba para o MinC minguava mês a mês sem que artistas e seus seguidores protestassem...
Vejamos o que está em jogo: a volta de um ministério dedicado à cultura apaziguou os ânimos de muitos que sinceramente acham que o prestígio da cultura e da arte automaticamente automaticamente restaurado.
É preciso perguntar: qual é o papel da cultura na sociedade brasileira atual? Quais são os produtos culturais que requerem verba do governo federal? Como aplicar a lei Rouanet com critérios condizentes? Quem julga o projeto merecedor de verba?
Teatro, dança, música, literatura, cinema, preservação do patrimônio público e museus raramente interessam ao investidor privado (não é o caso em países desenvolvidos), a menos que haja retorno garantido, como em publicidade.
A iniciativa particular nos setores acima descritos, por exemplo, uma escola de balé ou de teatro, cobrará de seus alunos. Qual o alcance desses empreendimentos? Pouco, raro e caro.
Por isso, uma orquestra, como a do Teatro Guaíra em Curitiba, precisa de verba pública, no Brasil há pouquíssimos mecenas.
Somos um país dependente do governo. Não há iniciativa, luta e garra para obter patrocínio de empresas de um modo contínuo e que não dependa de subsídios.
Desse modo, a produção cultural se vê amarrada a certos apadrinhamentos, a certa política, a certos governos.
Ora, a abertura para atrair produtos de melhor qualidade, educar o público para apreciar e participar mais e com continuidade, engajar escolas, universidades, organizações não governamentais em projetos com alcance maior, é isso que faz a ponte entre cultura e sociedade. Sem esquecer que cultura é a identidade de um povo, sua marca.
Um dos principais representantes da tribo Terena, afirmou com sabedoria: "Eu posso ser você, sem deixar de ser eu", quer dizer, a cultura dos índios pode assimilar produtos, sem que eles percam sua identidade.
"Cultura é como uma grande organização que assinala a cada um de seus membros um lugar onde ele pode trabalhar no espírito do todo", escreveu Wittgenstein.
Cultura não é, portanto, o pensamento oficial, não pode e nem deve passar pelo filtro de um partido político, de aprovação ideológica, ou pior, de disseminação de certa ideologia política. Esses filtros funcionam como trava à liberdade de criação, ao espaço para o pensar diverso, para a divergência, sem patrulha. Ainda Wittgenstein: "dogmas impedem a livre expressão de toda opinião, é como se eles fossem um peso atado às pernas que travam a liberdade de movimento".
Assim, se a cultura de um povo depender de seus ídolos, de seus apaniguados, de certos artistas com prestígio e com verba governamental, não é cultura. Esses "intelectuais" se aninham no poder, no dinheiro público, nas mídias sociais para, todo sorrisos, permanecerem com seu status.
Em sua dimensão filosófica, a cultura é muito mais séria e com resultados muito mais amplos: de que perspectiva o escritor, o cineasta, o cantor, o violinista da orquestra, a bailarina atuam?
A criação artística e cultural não nasce espontaneamente, precisa ser cultivada. E o que sustenta a produção de arte senão a própria sociedade educada, tanto pela educação formal, como pela informal? Não há cultura sem educação, nem educação sem cultura.
Tomemos dois filósofos contemporâneos, Habermas, para argumentar pró universalismo, e R. Rorty, para argumentar pró contextualismo.
O pano de fundo de ambos é a modernidade, entendida no sentido histórico de época em que há uma separação entre arte, religião e política, e em que a moral e o direito são exercidos com base em princípios e não na autoridade de um governante supremo. Na modernidade surgem as empresas capitalistas, há uma regulamentação do trabalho, em que passa a contar a produtividade. Cidades se expandem e o comércio se internacionaliza. A ciência progride, e a educação adota critérios formais, como: avaliações, séries, didática, conteúdos programáticos, democratização e universalização.
Habermas considera que não vivemos na pós-modernidade, pois o projeto emancipatório não se esgotou, a liberdade e a democracia ainda são a chave para superação da opressão.
(1929 -vivo e atuante)
Ele critica essa postura derrotista dos pós-modernos, sem cair no pressuposto iluminista de que a razão liberta, de que o sujeito é autor absoluto de seu destino. Essas filosofias do sujeito, ou da consciência, começam e terminam no ego. Ora, o sujeito voltado para si, fica impedido de agir, de sair de si, sua razão se fecha. O novo modelo para Habermas é o da intersubjetividade, que é social, ativa, participativa. Não é possível confiar ingenuamente na razão e nem desconfiar dela por se ver submetida a forças, ao poder.
A crítica da razão não se faz sem que sujeitos se defrontem, se confrontem, estabeleçam para si regras em que ganhem autonomia, apostar na irracionalidade ou na negação radical impede que a própria racionalidade faça a crítica do mito, dos jogos de poder, da ideologia. Que racionalidade é essa?
A da razão comunicativa, aberta pela linguagem em seus atos de fala que possibilitam atingir verdade e objetividade, sem prescindir de veracidade e autenticidade pessoal, juntamente com a prática de normas acordadas pela sociedade democrática.
(1931-2007)
Para Rorty, entrar em diálogo comunicativo com os critérios a que todos os partícipes atendem, ou seja, a validação dos resultados da ação comunicativa que visa entendimento, encontra sérios obstáculos. A sociedade atual é plural, há permanente conflito e discordância, impossível que haja um critério universal para justificar todos os embates sociais e culturais. Para Rorty, as práticas de justificação e validação de juízos de valor são locais, o horizonte linguístico de comunidades é seu contexto, e é nele e com ele que se fazem afirmações e se as justifica. A linguagem, com a cultura, as crenças e os valores aceitos bastam para atender ao critério de coerência de nossas afirmações.
Qual dos dois filósofos tem razão?
A pergunta está mal colocada, não há que dar razão a um ou a outro e sim mostrar o quanto as duas perspectivas satisfazem o saber, isto é, se com elas a Filosofia se enriquece e abre novos horizontes.
Habermas não nega a importância do contexto social e cultural em que a razão comunicativa se exerce, pois ela depende da ação, da busca cooperativa da verdade, de argumentos. E esses são extraídos localmente, mas sua validação exige que o seja para todos, a verdade pode ser contestada, se as condições para ela são satisfeitas ou não, mas dela não se prescinde.
Se olharmos para o conturbado mundo atual, então Rorty fornece certas chaves para entender que diálogos situados, contextualizados que sirvam à justificação podem prescindir da verdade, o conceito de verdade é supérfluo, o mais importante é a tolerância, a liberalidade, o antidogmatismo.
Ambos contribuem para o enriquecimento da Filosofia. E mais, uma posição não anula necessariamente a outra, tanto Habermas quanto Rorty condenam a violência, o terror, a alienação pelas forças imperativas do poder político ditatorial e do mercado sempre que seus efeitos se agigantam e fogem do controle de normas e das garantias do direito em sociedades democráticas.
É possível ignorar e deixar passar em brancas nuvens acontecimentos próximos ou em locais distantes, relativos à vida social, à situação política, econômica e mesmo moral?
Infelizmente sim, para grande parte da humanidade que afirma: "não tenho nada a ver com isso..." e desligam sua consciência moral, política, social. Deixam que outros se ocupem e se preocupem, "Eu vou cuidar de minha própria vida".
Engajamento, militância, extremismo, paixão cega por um partido, grupo social, ideologia política, seria o outro lado da moeda. Não a indiferença e o absenteísmo, mas pregar, influenciar, passar por cima de argumentos, deixar de lado a análise atenta e honesta em nome de um credo político, muitas vezes disfarce para tirar proveito da situação.
Assim, a ética da responsabilidade pleiteia o meio termo, no meio está a sabedoria, já ensinam filósofos como Aristóteles. O equilíbrio e a equanimidade levam a aderir a causas, posicionar-se e responsabilizar-se diante de injustiças, crimes, desvios da legalidade, corrupção das autoridades que lesam o patrimônio público e burlam regras essenciais a sua profissão e cargo, em nível mais amplo. E em nível mais restrito, devemos nos indignar com as faltas e falhas tidas como menores, como burlar regras de trânsito, pichar, sujar, destruir o patrimônio público e privado.
A condição primeira da ética da responsabilidade é a informação fidedigna, pois ignorar ou distorcer acontecimentos impossibilita responder adequadamente aos erros e desvios, como denunciar e exigir respaldo e reparos a esses erros e injustiças se não se conhece o que realmente ocorreu?
Veracidade, legitimidade, respeito às normas que foram acordadas por todos em estados democráticos de direito, apuração da verdade, exigência de discussão pública e argumentação sustentada pela busca incansável do bem comum, isso tudo é indispensável! São também condições da ética da responsabilidade ouvir as partes interessadas, capacidade de justificar e estender os resultados a todos os interessados, a chamada universalização, isto é, o máximo de pessoas julgando, agindo e transformando a sociedade com respeito ao bem comum.
Ao lado do poder da informação, a outra base necessária dessa ética é a educação. A responsabilidade é ainda maior e mais grave quando se trata de educar, de construir a personalidade, de capacitar para a vida em sociedade, de instrumentalizar para o exercício de uma atividade. E esses deveres dos professores e dos que propõem as políticas educacionais são cruciais, são indispensáveis. Inaceitáveis são a negligência, a indiferença ou o outro extremo, considerar que se pode imprimir na cabeça de crianças e adolescentes uma "história" falseada imposta como se impõe uma cartilha: não há outro lado, não há divergência, só o amém ao desgastado discurso de classe social, de luta de classes, de que o capitalismo é o mal por excelência.
Ora, é a maior das irresponsabilidades éticas incutir a noção fácil de digerir de que a pobreza e a desigualdade social são fruto dos empresários e capitalistas gananciosos...
Uma análise criteriosa da história não só a nossa, do Brasil, mas a da Europa, da Ásia, da África, portam elementos diversos, impossível reduzi-la à luta de classes, discurso esse que endeusa o Estado, que justifica ditaduras, que desconhece propositadamente os ciclos e movimentos complexos da história.
Não é preciso ser marxista nem gramsciano para reconhecer que há pobreza, miséria, violência, que educação universal e de qualidade inexiste.
Mas é preciso ação, preocupação, responsabilidade principalmente do poder público para tomar iniciativas que minorem a injustiça social. Produzir riqueza é o melhor meio para reduzir a pobreza.
Situar a pessoa em seu tempo e lugar, habilitar para o pensar que generaliza, amplia, abre horizontes, mais e melhor do que outro tipo de conhecimento, a Filosofia é capaz. Se você já se pegou dizendo, "Como não pensei nisso antes?!", sugere revelação, um novo modo de encarar algo banal ou espetacular, um ângulo diferente, uma perspectiva renovadora que pode transformar o modo de viver e de agir.
Como isso se dá?
Em grande medida pelo estudo dos filósofos, suas ideias, seus conceitos, seus métodos, suas posições diante dos enigmas e questões que eles propõem, e das respostas que oferecem à nossa reflexão.
Será possível, além disso, aprender Filosofia de forma sistemática, quer dizer, como se aprende outras disciplinas como Geografia, Física, Matemática?
Há filósofos dogmáticos, estes consideram que a missão filosófica seja doutrinar, não a busca de um método ou caminho e sim trilhar apenas um único caminho.
Outros como Sócrates, Platão e Aristóteles diriam que isso é impraticável, que o diálogo entre mestre e discípulos, que a transmissão do saber e o ensino mesmo da Filosofia se dá em uma relação do que ignora com aquele que sabe, e do que sabe considerando-se também como aprendiz.
O problema é que compreender o pensamento de grande parte dos filósofos é difícil. Quantas vezes já ouvi que "Filosofia é muito difícil, muito abstrata!"
Sim, é, daí a importância da dedicação dos professores ao seu estudo, que requer paciência, tempo, afinidade com o modo de os filósofos escreverem e apresentarem suas propostas, seu modo de ver, de conceituar, de expor suas ideias. O professor precisa se fazer entender, atingir seus alunos despertando-lhes a curiosidade, levando-os a insights, levantando questões de suas vidas e de suas vivências imediatas. A partir daí vai para o mais abstrato, pois é preciso abstrair, formular conceitos, deixar-lhes despertos para os ensinamentos dos filósofos.
O professor de Filosofia não é mais o instrutor, o ideólogo, o propagador de uma doutrina, de um sistema filosófico como se este fosse o verdadeiro e todos os outros falsos.
Os próprios conceitos como os de verdade, de doutrina, de ideologia, de verdadeiro/falso devem ser apresentados por meio do que importantes filósofos propuseram.
Mas, quais filósofos escolher? Como se mede a importância deles?
Evidente que os livros de História da Filosofia são um meio adequado. O que não significa abordar toda a História da Filosofia, isso seria improdutivo, seria como assistir ao desfile dos filósofos sem apreciar devidamente seu pensamento.
Assim, o professor deve ser criterioso, não atender simplesmente ao seu gosto pessoal e sim à importância de cada pensador. Que o mestre evite apresentar apenas o filósofo abordado em sua tese e deixe os demais de lado...
A leitura dos textos originais juntamente com os comentadores é um passo importante. Há que descomplicar a complexidade dos conceitos e ideias, sem banalizar.
Um exemplo, apresentar o conceito de "verdade" por meio da filosofia grega clássica e contrastar com um filósofo moderno e outro contemporâneo. Verdade como saída da ignorância (Platão, o mito da caverna); verdade como certeza, evidência, clareza (Descartes); verdade nos diferentes jogos de linguagem usados no cotidiano (Wittgenstein).
Preparo, estudo, honestidade intelectual, com esses meios o professor atinge a finalidade da Filosofia: explorar os caminhos do pensamento e semear ideias e conceitos.
Em sua teoria da ação comunicativa, Habermas destaca duas possibilidades: a de argumentar oferecendo razões e respaldo na realidade, na sociedade e nas relações interpessoais (razão comunicativa); segunda possibilidade é a da razão estratégica, que visa convencer, obter determinado fim, seja no campo econômico, seja no campo político.
Pois bem, o lulopetismo jamais visou atender às expectativas sociais e normativas, e sim diretamente o poder, não o do povo brasileiro e sim o de seu partido, o PT. Tudo bem, visar o poder político, via eleições em um Brasil que finalmente chegara ao estado democrático de direito.
O problema, grave, foi ter visado fins políticos por meios ilícitos, de pura e simples corrupção, dilapidação de empresas públicas, em conluio com parlamentares (mensalão) e, o que só há dois anos veio à luz com a operação Lavajato. Esta revelou que o conluio era maior, uma teia envolvendo empresários, parlamentares, diretores da Petrobras e quem sabe de quantas mais? Belo Monte? Furnas? Angra?
O toma lá, dá cá tinha um inspirador, Lula, justamente aquele de quem se esperaria atitudes de probidade, de veracidade, de normatividade que deveriam permear o exercício honesto e limpo do poder.
O projeto de poder do lulopetismo era outro, a permanência no poder, o cala boca das camadas mais pobres e ignorantes, fáceis de manobrar com alguma esmola, sindicatos cujas lideranças dependem de subserviência de seus membros, e, justificando tudo isso, uma classe de intelectuais formada nas universidades.
Vejamos esta última, a classe de intelectuais de esquerda, leitores (será que leram mesmo?) de Marx e Gramsci, predominam em universidades, especialmente as públicas. Seus papers, seus alunos e seus orientandos, seguem o unipensar, o pensamento em bloco, rígido, que propagou um ideário da divisão da sociedade em classes, que culpabilizou o FMI, os bancos, a livre iniciativa, a propriedade privada que demonizou o capitalismo.
Mas observem o seguinte: os movimentos sociais almejam ser proprietários, nem que seja expulsando proprietários legítimos (MST). O projeto de casas populares, o que são elas se não propriedade privada?
Os servos dessa cegueira ideológica se reúnem e gritam palavras de ordem, desprezam os argumentos, as razões, as investigações. Pobres intelectuais, zero de pensamento crítico e independente, e pior, isso se esparrama nos livros didáticos, no discurso dos sindicatos de classe, até os movimentos sociais justos se veem arrastados nessa maré.
Além da cegueira ideológica, que os impede de ver a realidade social, política e econômica (estrago nas contas públicas, endividamento, inflação, desemprego, perda da solidez monetária arduamente conquistada), há a surdez para as evidências que desmontaram o esquema de corrupção no qual teríamos permanecido se não fossem investigadas tanto a corrupção como os corruptores.
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Um público educado requer informação honesta, fontes fidedignas, diálogo baseado em argumentos, calcado na verdade objetiva, na lealdade entre cidadãos, nas normas sociais. Razão comunicativa, portanto.
A razão estratégica funciona para vender e comprar, para convencer e obter apoio político, ela é necessária às sociedades modernas como um todo, mas estas resvalariam para ditaduras e regimes de força se a razão comunicativa for prejudicada ou até mesmo alijada.
É que, quando se trata de diálogo, de democracia e de justiça, não pode haver travas. É preciso abertura, coragem, dar satisfação de seus atos, ser honesto, visar o bem comum.
Chegar a acordos, a consenso, é próprio das democracias avançadas, que usam a razão comunicativa, os argumentos para obter: entendimento que forma o saber cultural, a educação; o cumprimento de normas sociais que integram todos os membros de uma sociedade (não somos bandos e sim cidadãos em uma democracia, em que vige o estado de direito, com leis e regras); finalmente, em questão estão as pessoas, cada qual com sua personalidade desenvolvida e constituída pelo caráter, pelo respeito e pela dignidade.
Seria ótimo se não houvesse necessidade de um "dia internacional da mulher", mas infelizmente ainda há.
Sabe-se e pouco se faz contra a violência à mulher (física, moral, mental) em várias culturas. Proibição de dirigir, de trabalhar, de ir à escola, de conservar íntegra sua sexualidade. Isso causa sofrimento e rebaixamento da condição feminina.
Em países ocidentais, nosso inclusive, há ainda um autoritarismo ora explícito, ora velado: mulheres ganham menos, cabe elas "se virarem" com os filhos, se ganham mais que o marido, são humilhadas de outras formas.
Não há, da parte dos homens nada parecido com "a condição masculina". Civilizações há milênios atribuíram ao masculino, ao másculo, ao pater familiae o comando da casa, dos bens, a eles sempre foi dado o papel condutor, nos negócios e na guerra.
Os papéis femininos se restringiam à casa e aos filhos. Mudanças foram muito recentes, e elas precisam ser lembradas e postas em prática por nós mulheres o tempo todo, sem descanso.
O trabalho da mulher, dentro de casa precisa ser compartilhado e fora de casa precisa ser valorizado.
Pois bem, tudo isso é mais do que sabido.
Por que, então, ainda há discriminação?
Veja-se o caso da Filosofia. A quase absoluta ausência de mulheres na história da filosofia indica que o fator educacional pesa consideravelmente. As meninas frequentam a escola há muito pouco tempo. A geração que nasceu no início do século 20, no máximo estudava o antigo primário. Poucas desbravavam as universidades, e isso era visto como ponto pacífico.
A modernidade trouxe comodidades que aliviam o peso do trabalho doméstico, os filhos podem ser cuidados desde cedo por instituições, e isso, aos poucos foi alçando a mulher à condição de produtora.
Assim, educação, informação, trabalho, muito trabalho, permitem que o papel e a voz feminina tenham seu lugar, e nesse lugar não se exigem privilégios e sim reconhecimento.
Tomo as orquídeas que florescem em meu quintal no mês de março como homenagem à condição feminina, que muda e conquista terreno, e ao mesmo tempo se sente bem e confortável em seu corpo e beleza.
Muito feliz, muito apropriada a designação da 24a. fase da operação Lava Jato. "... traduzirmos a palavra alétheia por 'desvelamento' no lugar de 'verdade'", é segundo Heidegger mais adequado, representa a noção de que o ser desvelado permite que o ente (tudo o que "existe", por assim dizer) se manifeste, se abra e revele nosso comportamento, nossa existência, nossa liberdade. É um deixar que aquilo que é, seja o que é.
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E na manhã do dia 04 de março de 2016, finalmente o cerco chegou ao chefe, um ex-presidente. Tão logo se soube que Lula deveria depor, a militância lulista/petista foi convocada. E se apresentou para defender o indefensável, para encobrir com palavras de ordem e uma indignação que revela o grau de dependência ideológica ao discurso de que o salvador da pátria está acima de julgamento.
Vociferar diante de uma plateia arrebatada por um líder que os enganou, é fácil, e também perigoso. Lula diante do ter que revelar-se, escondeu-se para iludir, enganar, aproveitar-se de grupos e movimentos sectários que apenas esperam palavras de ordem e rejeitam todo e qualquer tipo de julgamento baseado em razões, em evidências, no desvelamento do que ele e as super empresas fizeram, de como uma empresa sólida foi dilapidada em benefício de poder, de barganha, de sujeição das instituições democráticas ao desejo imperioso de Lula de permanência no comando de todo um país, de toda uma nação!
Aos poucos o castelo foi ruindo. Uma pessoa medíocre foi imposta por Lula em uma eleição eivada de mentira e propaganda terrorista, obra do mago João Santana, a presidenta Dilma, que foi leniente com a roubalheira. Deve cair juntamente com seu chefe.
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Assim, verdade, no sentido de alétheia, leva a desvelar, enfrentar, deixar que a liberdade de ser ressurja e tome efeito:
"Porque a verdade é a liberdade em sua essência, o homem historial pode também, deixando que o ente seja, não deixá-lo ser naquilo que ele é, e assim como ele é", diz Hiedegger em Sobre a essência da verdade.
Traduzindo, os homens, ao longo da história, podem tornar o ente, a manifestação do ser de todas as coisas, em algo fútil, meramente utilizável, que se esconde, inautêntico, nivelado, simplista, dissimulado.
Em um país no qual há instituições sólidas, democracia, estado de direito, uma república com cidadãos de bem, que pagam seus impostos, mesmo deles pouco usufruindo -, as mentiras, as barganhas, a propina, a compra de parlamentares, a compra do silêncio, a desqualificação sumária de pessoas que denunciam a corrupção, tudo isso precisa ser evidenciado, trazido à luz, revelado.
Alétheia, gritemos todos nós!