sábado, 19 de março de 2016

Habermas e o lulopetismo

Em sua teoria da ação comunicativa, Habermas destaca duas possibilidades: a de argumentar oferecendo razões e respaldo na realidade, na sociedade e nas relações interpessoais (razão comunicativa); segunda possibilidade é a da razão estratégica, que visa convencer, obter determinado fim, seja no campo econômico, seja no campo político.
Pois bem, o lulopetismo jamais visou atender às expectativas sociais e normativas, e sim diretamente o poder, não o do povo brasileiro e sim o de seu partido, o PT. Tudo bem, visar o poder político, via eleições em um Brasil que finalmente chegara ao estado democrático de direito. 
O problema, grave, foi ter visado fins políticos por meios ilícitos, de pura e simples corrupção, dilapidação de empresas públicas, em conluio com parlamentares (mensalão) e, o que só há dois anos veio à luz com a operação Lavajato. Esta revelou que o conluio era maior, uma teia envolvendo empresários, parlamentares, diretores da Petrobras e quem sabe de quantas mais? Belo Monte? Furnas? Angra?
O toma lá, dá cá tinha um inspirador, Lula, justamente aquele de quem se esperaria atitudes de probidade, de veracidade, de normatividade que deveriam permear o exercício honesto e limpo do poder.
O projeto de poder do lulopetismo era outro, a permanência no poder, o cala boca das camadas mais pobres e ignorantes, fáceis de manobrar com alguma esmola, sindicatos cujas lideranças dependem de subserviência de seus membros, e, justificando tudo isso, uma classe de intelectuais formada nas universidades.
Vejamos esta última, a classe de intelectuais de esquerda, leitores (será que leram mesmo?) de Marx e Gramsci, predominam em universidades, especialmente as públicas. Seus papers, seus alunos e seus orientandos, seguem o unipensar, o pensamento em bloco, rígido, que propagou um ideário da divisão da sociedade em classes, que culpabilizou o FMI, os bancos, a livre iniciativa, a propriedade privada que demonizou o capitalismo.
Mas observem o seguinte: os movimentos sociais almejam ser proprietários, nem que seja expulsando proprietários legítimos (MST). O projeto de casas populares, o que são elas se não propriedade privada? 
Os servos dessa cegueira ideológica se reúnem e gritam palavras de ordem, desprezam os argumentos, as razões, as investigações. Pobres intelectuais, zero de pensamento crítico e independente, e pior, isso se esparrama nos livros didáticos, no discurso dos sindicatos de classe, até os movimentos sociais justos se veem arrastados nessa maré. 
Além da cegueira ideológica, que os impede de ver a realidade social, política e econômica (estrago nas contas públicas, endividamento, inflação, desemprego, perda da solidez monetária arduamente conquistada), há a surdez para as evidências que desmontaram o esquema de corrupção no qual teríamos permanecido se não fossem investigadas tanto a corrupção como os corruptores.
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Um público educado requer informação honesta, fontes fidedignas, diálogo baseado em argumentos, calcado na verdade objetiva, na lealdade entre cidadãos, nas normas sociais. Razão comunicativa, portanto. 
A razão estratégica funciona para vender e comprar, para convencer e obter apoio político, ela é necessária às sociedades modernas como um todo, mas estas resvalariam para ditaduras e regimes de força se a razão comunicativa for prejudicada ou até mesmo alijada.

É que, quando se trata de diálogo, de democracia e de justiça, não pode haver travas. É preciso abertura, coragem, dar satisfação de seus atos, ser honesto, visar o bem comum.

Chegar a acordos, a consenso, é próprio das democracias avançadas, que usam a razão comunicativa, os argumentos para obter: entendimento que forma o saber cultural, a educação; o cumprimento de normas sociais que integram todos os membros de uma sociedade (não somos bandos e sim cidadãos em uma democracia, em que vige o estado de direito, com leis e regras); finalmente, em questão estão as pessoas, cada qual com sua personalidade desenvolvida e constituída pelo caráter, pelo respeito e pela dignidade.

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