quarta-feira, 3 de abril de 2024

A causa primeira para Aristóteles

A noção de substância baseia a teoria do conhecimento de Aristóteles. Ele considera que o indivíduo, que o ser individual é sempre determinado, e a esse ser ele chama de "substância". Se não houvesse indivíduo ou substância, não seria possível determinar aquele ser como isto ou aquilo, em certa situação, tempo, estado. Não seria possível conhecer as coisas. Substância, diz ele, é inerente ao ser de cada coisa. 

Em cada substância há propriedades, que são suas qualidades, quantidade, tempo, lugar, um tipo de atividade ou de passividade. Certo ser, como uma árvore, tem matéria, sua raiz, tronco, galhos, folhas; tem forma, pode ser baixa, alta, seca, distinguível como tal; brota, cresce, precisa dessas causas eficientes; a árvore fornece madeira, seiva, frutos, e esses vários usos são a causa final.

E como tudo isso veio a ser? Para haver mudança, algo age, em ato, e algo sofre esse agir, é a potência.

Em pura especulação metafísica, Aristóteles considera que todo esse movimento das substâncias, quer dizer, dos seres, não poderia ser indefinido, indeterminado, impelido sem cessar e desde sempre. Em um movimento infinito não teria como haver antes e depois, algo não ser e depois ser. Esse movimento infinito impossibilitaria haver geração. Deve haver, portanto, uma causa inicial, uma causa primeira que deu início a tudo o que veio a ser. Não erram os que veem nesse raciocínio, Deus, essa é uma das razões pelas quais Aristóteles influenciou a filosofia medieval, em especial, São Tomás de Aquino.  


Universo finito, com uma causa primeira

Impressiona no raciocínio filosófico de Aristóteles ser essa uma questão que intriga, fonte de inúmeras elucubrações, e, ao que tudo indica, impossível de ser solucionada. Até mesmo pela ciência, pela física, pela astrofísica. Mas que para Aristóteles era clara e solucionável.

Como tudo começou, o que deu o início a tudo? E se tudo, o próprio presente, o que se faz e refaz, e se fará sempre, essa especulação tornaria a questão de uma causa primeira impossível de receber resposta. 



Universo infinito para a Física atual.

Já para Aristóteles e, seguindo apenas o raciocínio filosófico-metafísico, teria que ser algo que a tudo movesse, mas esse motor inicial não poderia ser movido por outro. Isso sob pena de regressão ao infinito. Para aquele motor, teria que haver um princípio motor que o movesse, e assim por diante.

Nas teorias causais, determinísticas, conceber algo determinado como causa, é princípio necessário, fundador, fundamental. Nas metafísicas da finitude, o começo de todo ser, do determinado, da substância, segue o princípio geral da causalidade. 

Para o realismo aristotélico o conhecimento dos seres, das substâncias não advém dos nossos sentidos, nem de categorias puras do entendimento, não são propriedade de uma subjetividade transcendental. O conhecimento vem de uma relação do intelecto com as coisas, uma relação de adequação, em um juízo do entendimento por meio do qual se atribui a algo, a uma essência determinada, certas propriedades. Há uma adequação entre o pensado e o ser em sua realidade. Aquilo que se conhece é realmente aquilo que se conhece, um ser, substâncias e seus acidentes, suas particularidades.

Análise do inconsciente seria para Aristóteles sem sentido...

Duvidar do princípio de causalidade seria para Aristóteles absurdo...

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