sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O fascismo e a ex-reitora de Harvard

 Comecemos com o conceito de "fascismo". Verbete que não consta no dicionário Globo da língua portuguesa, nem no dicionário Ferrater Mora de Filosofia. 

O conceito é sociológico, no dicionário de Sociologia o fascismo é descrito como movimento social e ideológico da 2a. metade do século 20, que combatia o marxismo, o liberalismo e o capitalismo, enfatizava a nação-estado, liderado por chefe carismático, controlador da vida social, da família, da educação e da religião. Pregava ideologias racistas, defendia o uso de força militar e policial para vigiar e eliminar toda e qualquer oposição. Um retrato da Itália sob Mussolini. 

Aplica-se aos nossos dias? As acusações de fascista são frequentes e vociferadas à torto e à direito. Mas têm suas implicações. No caso da Dra. Claudine Gay, ex-reitora de Harvard, que renunciou ao cargo, ela recebeu solidariedade de grupos que acusam sua "queda" como intervenção ideológica, fascista, racista. Claudine é negra, e isso tem graves consequências, a mais grave a perseguição e o preconceito contra o qual todos devemos lutar, luta difícil que carrega valores e paixões. 


Claudine Gay, ex-reitora de Harvard

 

Entre as implicações está o acesso a cargos e funções. Como sopesar, avaliar e decidir quanto aos meios pelos quais mulheres, em especial negras, são consideradas com relação a cargos, qual é o peso da identidade? Essa é uma questão difícil, sem resposta simples, se meios legais usados para a não discriminação por si sós devem ser aplicados, independentemente de outros fatores.

O pedido de demissão da Dra. Claudine pode ser interpretado como pressão social, um caso notório que reforça as teses de que a identidade viria em primeiro lugar, e os que são contra seriam justamente "fascistas"? Foram as suas declarações que ressoam a antissemitismo que a fizeram renunciar à reitoria de Harvard? Ou foi seu currículo? 

A resposta que veio a público apontou como causa o antissemitismo, no atual momento de extrema tensão dos debates em torno da guerra Israel/Palestina (Hamas). O que ficou patente foi, entretanto, o mérito acadêmico. A ex-reitora nunca publicou um livro sequer, constam em seu currículo apenas onze artigos em revistas especializadas, e o mais grave, a acusação comprovada de plágio!

Dr. Christopher Rufo declarou a esse respeito: é preciso "identificar, nutrir e liberar as melhores mentes e não projetar utopias sociais". E tampouco acusar de fascista quem argumenta e analisa de forma independente.

Sim, se levássemos em conta o fator mérito, não haveria tanta acusação de fascismo, uma adjetivação que é vazia, burra, apressada, irracional, leviana. Ao contrário do real fascismo que a história provou ser mais perigoso, o fascismo que fecha mentes e corações, amordaça e mata.


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