domingo, 8 de agosto de 2021

Heroísmo, quem são e o que representam os heróis?

Em recente conversa com uma amiga, Nordi, ela me fez a seguinte  pergunta: como é possível que alguém como Napoleão tenha sido preso como inimigo perigoso e mais tarde venerado a ponto de seu túmulo ser um dos monumentos mais imponentes da França?

Boa pergunta, e para refletir sobre esse paradoxo, vejamos um pouco o que significa e o que é o heroísmo.

Recentemente foi queimada a estátua de Borba Gato em São Paulo, estátuas foram derrubadas no governo Trump, quando a cortina de ferro caiu os vultos da era comunista cultuados e eternizados em gigantescas estátuas, vieram abaixo. Entra regime, sai regime e os que foram líderes e heróis passam a ser tratados como inimigos da pátria. 

                 Não seria verdadeiros heróis os soldados homenageados no monumento acima?

O que os tornara heróis? Conduzir uma revolução, atuar no comando em guerras, estar do lado da justiça, do povo, da lei, e quais são os critérios além dos óbvios como chefiar movimentos, o que os qualifica? E as dúvidas não param aí. Que tipo de movimento, popular, de esquerda, de direita, revolucionários, conservadores eles lideraram?

E que dizer dos elevados à categoria de mitos? (Vale rir...)

É preciso tentar entender a História e as histórias. A História premia ou castiga segundo alguns parâmetros como o de ser justiceiro, alguém que derrubou um regime de força e de opressão, o grande conquistador (Alexandre e o próprio Napoleão se enquadram), o injustiçado (Tiradentes?), o condutor das massas em direção à liberdade (Gandhi), o desbravador (bandeirantes, Rondon), o líder nas guerras de libertação (Churchill) e muitos mais. E que histórias com "h" minúsculo sobre eles se contam?

A ambiguidade do sentido de heroísmo se evidencia conforme os regimes, as lutas revolucionárias, as guerras, as conquistas. Generais brasileiros na guerra do Paraguai são heróis e Solano Lopes ditador sanguinário? Os caudilhos, os cangaceiros, os bandeirantes, em que categoria cabem?

Quem merece monumentos, qual o peso e porque santificar um personagem num "altar da pátria" soa ridículo, despropositado?

São muitas as interrogações e dúvidas, e isso porque os critérios de heroísmo são inteiramente relativos ao momento histórico, aos valores de certa época, e, principalmente, às consequências dos atos dos personagens relevantes. 

Para sairmos da relativização, há alguns critérios decisivos, e eles podem ser avaliados pelas consequências. Quais mudanças em direção à preservação de valores essenciais como liberdade de ação, de credo, de opinião; a prevalência de regime democrático; a busca de justiça social; direitos civis assegurados por lei; direito à propriedade; implantação de instituições capazes de assegurar a vida, a saúde, o bem-estar. 

Paradoxalmente, os heróis não são os responsáveis diretos por sociedades onde liberdade e direitos fundamentais sejam implantados e assegurados. As mudanças históricas, os modos de viver, de produzir, de valorar, as importantes e cruciais revoluções técnicas, tecnológicas, essas movem a história, muito mais e mais profundamente do que os heróis e pseudo-heróis. 

Tiranos que impuseram seus regimes de força, esses sim, são o rebotalho da História. Aos heróis cabe a dúvida... Nem os heróis de história em quadrinho se livram de ambiguidades.

E que dizer dos anti-heróis? Deixo o (a) leitor (a) para pensar quem e o que assim os qualifica.

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