terça-feira, 9 de abril de 2019

Importância de criticar marxismo, sem cair em olavismo.

Em "Introdução à Filosofia da Ciência" (1a. ed. 1993, 3a. ed. 2003), apresentei um capítulo chamado "Abordagem dialética".
Mostrei os conceitos principais da dialética, a de Hegel e a de Marx/Engels.
Em outros capítulos apresentei a abordagem neopositivista, a funcionalista, a estruturalista e a abordagem pragmatista, bem como a crítica a cada uma dessas perspectivas.

Como entender que a dialética marxista pode e deve ser criticada?
Mostrar que a história evolui por contradição, movimentos em que há luta dos contrários, negação e ultrapassagem, pode até dar um retrato da história em certa perspectiva, a econômica. Mas nem mesmo em termos de economia política o marxismo pode ser método que retrate as mudanças e os fundamentos da economia em suas inúmeras facetas. Lucro, divisão do trabalho, salário, história do capitalismo não encontram na dialética explicações suficientes.
Inserir todos os acontecimentos, sociais e econômicos na história vista como base e ao mesmo tempo como produtora e condutora da ação, tanto a ação de fato como a ação revolucionária, acaba por presumir que só podemos agir em sociedade se essa ação for ao mesmo tempo determinada pelo fator econômico e determinante do futuro. Justamente, uma impossibilidade!
E esse futuro no qual as lutas de classe cessariam e o fruto do trabalho seria apropriado pelo trabalhador, exigiria o regime socialista e culminaria no regime comunista. 
Ora, a história mostrou que a produção não cessa, que ela se transforma, que o lucro representa possibilidade de investimento, e, finalmente, que em parte alguma houve uma revolução socialista em que o lucro fosse abolido.
Em termos de ciência, preconizar que fatos sociais são fetiches, significa tratar a realidade social e econômica como embustes. Ou seja, o movimento financeiro, produtivo, industrial, pesquisa científica de ponta, serviriam apenas aos interesses da burguesia, da classe econômica dominante. O cientista social deveria combater essa classe, e mudar o curso da história. É desse o papel que pretendem se incumbir intelectuais e professores marxistas e os que consideram Gramsci como guru.

Pois bem, a história não se resume a luta de classes, não há leis que determinem a história, as mudanças sociais e econômicas seguem padrões que dependem de inúmeros fatores, desde os geográficos, até os culturais, passando pelo avanço (ou não) tecnológico.
As sociedades humanas são desiguais, o capitalismo surgiu de necessidades da vida humana, seus efeitos maléficos podem e devem ser revertidos. Mas não inculcando na cabeça dos alunos uma ideologia. Nem sob o pretexto de que não há neutralidade. 
O que há e deve haver é empenho em estudos sérios, bem fundamentados, na exposição de razões e não de preconceitos.

Outro erro do marxismo é o finalismo, considerar que a história tem um enredo com um fim, a revolução socialista.
Perguntem aos russos e chineses se foi a revolução socialista ou comunista que pôs comida no prato e deu emprego. 
A fase comunista da URSS foi catastrófica! Mao Tsé Tung assassinou opositores. Há crueldade em vários regimes de força mundo afora. Vide a Venezuela de Maduro, cruel e despótica.

Em resumo, considerar que o reverso na educação brasileira sejam os "ideais" de Olavo de Carvalho soa como algo ridículo diante do grau em que a ideologia de esquerda penetrou em currículos e na pesquisa em ciências sociais.
Usar Olavo de Carvalho significa a tentativa de emplacar o reverso da medalha: Deus, pátria e família no lugar de luta de classes, socialismo e revolução. Mais um véu ideológico.

Do que a educação no Brasil precisa?
QUALIDADE, PESQUISA SÉRIA, PROFISSIONAIS PREPARADOS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário