segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Algumas dicas para trabalho científico - mestrado

Diretrizes para dissertação de mestrado

                                                                   
             Quando lecionava no programa de mestrado da PUCPR, criei este texto, que pode ajudar na elaboração do projeto e na própria dissertação de mestrado.
              A dissertação segue as mesmas exigências de um estudo científico, como um estudo monográfico. Assim como a tese de doutorado, a dissertação versa sobre um tema no qual foi feito um recorte bem delimitado, acerca de um autor (es) e/ou assunto. O importante é a delimitação, o alcance, os objetivos da abordagem ficarem claros, não pode haver superposição e nem cabe abordar o que não diz respeito ao tema/autor(es) propostos. Nela são abordados aspecto(s) relevante(s) sobre dado assunto em uma área do saber científico ou especializado. Trata-se de um trabalho que provém de leituras, experiências, observações feitas pelo profissional ou estudante, trabalho esse que vem contribuir para abordagens teóricas e práticas, com novas visões de um problema, sugestões, críticas, enfim, tudo o que possa contribuir para o avanço do saber. 

O projeto bem elaborado é o passo inicial. É preciso:
1.    Determinação do tema/problema a ser abordado: deve ser relevante, deve evidenciar a formação em uma especialidade, aprofundando um aspecto da área estudada ou das experiências do profissional, mostrando que sua proposta é séria e produtiva. O tema deve ser interessante, o problema deve ser bem formulado e bem analisado. Para que surja a problematização, o pesquisador deve ter feito leituras, questionamentos, vale sua experiência profissional, alta dose de criatividade, curiosidade intelectual e, principalmente, ideias inteligentes. Se o problema for bem colocado, começam a surgir hipóteses de trabalho que serão desenvolvidas a partir de uma ideia central e dos objetivos a serem atingidos.
2.    Levantamento das hipóteses: as hipóteses são questionamentos como: Por que não?  Como isso se dá? Qual a origem ou fonte do problema levantado? Como solucionar certas questões? Quais são os resultados possíveis de certas abordagens? O que fazer diante de um suposto diagnóstico do problema levantado? O problema levantado tem em vista quais novas perspectivas? A causa provável de tal anomalia ou as causas prováveis quais seriam? Por que justamente essas causas ou essa problemática é mais atuante e mais importante do que outras? Sem essas hipóteses o trabalho resulta em banalidades ou repetições, sem problematização a pesquisa fica sem rumo, sem objetivo, fora de propósito.
3.   Levantamento de bibliografia: pesquisa em bibliotecas e institutos, pesquisa na internet, sugestões do professor orientador, enriquecimento de fontes a partir de livros básicos. 
4.  Cronograma detalhando as etapas da pesquisa.

A dissertação:
1.   Após a seleção e leitura de capítulos, itens, artigos, é proveitoso fichá-los na forma de resumo, esquema ou resenha. É do estudo desta bibliografia e dos assuntos selecionados nos esquemas ou resumos, que sairá o trabalho final. Essa coleta bibliográfica não deve ser apenas cópia, mas sim uma análise dos pontos essenciais e dos argumentos desenvolvidos nos textos. Isso possibilitará a redação final da dissertação. 
2.   Estrutura da dissertação: o trabalho se compõe de uma introdução (tema, objetivos, justificativa), itens desenvolvidos: hipóteses abordadas, desenvolvimento dos objetivos, em que entram: análises, modo de desenvolver os aspectos principais do tema, resultados alcançados e isso tudo de forma lógica, argumentando e mostrando a situação do problema, o modo como a questão pode ser abordada; conclusões com um relato resumido dos objetivos alcançados.
3.      Pesquisa propriamente dita: há várias metodologias de pesquisa, que variam conforme a natureza do tema e do problema; elas podem vir isoladas ou combinadas:
      a) Pesquisa bibliográfica: já mencionada acima; b) pesquisa laboratorial e/ou de campo: requer recursos experimentais como resultado de observação participante, investigação de um campo de estudo, em que ideias ou problemas possam ser examinados, selecionados, organizados, manipulados, demonstrados. Eles são fruto de observação inteligente, de experiências dirigidas por uma ideia ou hipótese, análise dos resultados obtidos, intervenção para corrigir desvios, investigação do modo como certos casos se desenvolvem, se modificam, enfim, é preciso um local (laboratório ou campo pesquisado), um objeto/problema/caso a ser investigado e meios disponíveis para a verificação de cada etapa da pesquisa e de seus resultados; c) estudos a partir de documentos: ir às fontes documentais, recorrer a dados estatísticos, estudos de institutos especializados. Em algumas áreas esse estudo é complementado com entrevistas, questionários, estudo de casos, registros documentados de uma série de observações que representam o resultado de uma atividade acadêmica (relatórios de pesquisa ou de estágio) ou profissional, inventários de acompanhamento da evolução de um ou mais casos (com tratamento estatístico), as intervenções realizadas e os resultados obtidos.


Todo estudo bem feito tem resultados que fazem avançar o estado da arte, a situação da área investigada, apontando perspectivas novas, soluções criativas, mostrando onde há erros, desvios, o que pode ser aperfeiçoado, enfim, resultados em termos de avanço científico, ou aprofundamento de um tema, desenvolvimento de um novo produto ou artefato, de uma tecnologia ou de um método de trabalho mais produtivo. E isto só se dá com estudo sério, projetos úteis e interessantes, uma grande dose de ousadia e curiosidade, gosto especial pela sua área de atuação, e um preparo profissional adequado e estimulante.
Há que se evitar a mera repetição, temas desgastados, e a "inútil erudição".

3 comentários:

  1. Professora, estou escrevendo minha dissertação sobre: O FALSEACIONISMO E A ASSIMETRIA LÓGICA ENTRE FALSEABILIDADE E VERIFICABILIDADE EMPÍRICA EM KARL POPPER. Meu orientador é o Cleverson, mas gostaria de saber se poderias ler, e quem sabe, sugerir alguma alteração ou melhoria.
    Obrigado pela atenção!

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  2. Prezado Jonas, considero que minha opinião nada acrescentaria, além disso não seria apropriado dar sugestões.
    Espero que vc compreenda...
    Boa sorte, um abraço

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