quarta-feira, 12 de junho de 2013

O que é realismo? O que é empirismo?

O realismo toma por base, como o nome indica, a realidade das coisas tais como elas se apresentam, os objetos como origem de todo conhecimento, aquilo com que nos defrontamos é aquilo que conhecemos, impossível iludir-se ou enganar-se quanto a isso. A realidade não é uma construção do sujeito.
Por essas razões, os realistas criticam o idealismo filosófico. Para que multiplicar entidades em um mundo platônico ideal, pergunta Aristóteles. A essência dos seres reside em sua individualidade, em sua especificidade. Todo ser possui uma essência que o caracteriza e o distingue, e acidentes, isto é, o modo como se apresentam, seu estado, seu lugar, seu tempo. 
O realismo vem até a filosofia atual. Moore é um dos principais representantes. Ele argumenta ser impossível  negar que "Isso é uma mão" se refere realmente à mão da pessoa; essa constatação é também a base para um juízo verdadeiro sobre a realidade.

A corrente do empirismo é inglesa, surge no século XVII. John Locke era médico, e a ciência o ensinou que a experiência é o ponto de partida e a finalidade de toda atividade do pensamento, que as ideias provêm todas das sensações por meio das quais nossa capacidade intelectual surge e se desenvolve. A mente é vazia até o contato com o mundo, depois vêm as ideias, a imaginação, a memória, há o papel da linguagem na transmissão e conservação do pensamento. Todos os princípios e máximas morais são produto da cultura e não inerentes ou inatos. Podemos aprender sempre, é pelo uso da razão que crianças aprendem, mas esse uso depende inicialmente das sensações, e estas levam à reflexão. Nada há a priori na mente, nenhuma forma, nenhum princípio transcendental. Digamos que tudo está por fazer, tudo depende da capacidade humana de experimentar, de explorar. As ideias e a consciência delas são operações produzidas pelo próprio indivíduo. 
Como saber que o pão alimenta ou que a água afoga quem não sabe nadar? Sabemos disso pela experiência, responde Hume (empirista inglês, século XVIII). 
Esses argumentos pretendem "derrotar" todo tipo de idealismo, e também o racionalismo francês de Descartes. 

Um parêntese: interessante que hoje há um retorno às concepções de estilo cartesiano, a bagagem inata prepondera sobre a adquirida, o cérebro/mente carrega grande parte de nossas capacidades, o código genético coordena nossa vida física e mental, decretam filósofos como Pinker.

Críticos do realismo, o consideram ingênuo. O que se vê, o chamado real, requer contato, descrição, interação, objetivos. As coisas não estão ali, pura e simplesmente. Situações reais e corriqueiras, quando transpostas para a literatura, para o cinema, por exemplo, assumem outro tipo de realidade, a ficcional. O objeto visto pela lente de um fotógrafo se transforma. Se torna outro tipo de objeto. E que dizer de sonhos, ilusões, desejos, o inconsciente?
Wittgenstein considera que as situações de nossas formas de vida são tão diversas e variadas, que ver a mão, como no exemplo de Moore, e com base nessa constatação achar que o real produz certeza, são aspectos, possibilidades. Que sentido faz dizer "Isso é uma mão" ? Pode ser, por exemplo, a resposta de um paciente a um médico que avalia seu estado de consciência, ou alguém mostrando a uma criança o desenho de uma mão. Depende das circunstâncias. Achar-se diante de uma árvore e constatá-la não assegura que todo conhecimento assim começa; "isso é uma árvore" pode ser a avaliação de um botânico. Em nossa lida com o mundo, observações desse tipo fazem sentido dependendo do contexto de uso. Como saber se não é resposta a uma objeção? Ser real ou não é o que menos importa. Importam aspectos relevantes para aquela situação. Falantes trocam ideias, informações, levam em conta os propósitos de um e outro, entre muitas outras possibilidades.  

Críticos do empirismo, em geral kantianos, acham que sem aparatos racionais para ordenar as experiências, estas só nos confundiriam. Sem princípios universais e atemporais para avaliar e validar as experiências, estas se multiplicariam em vão.

E o que diz o senso comum? Que pão é pão, que pedra é pedra... Filósofos justamente discutem isso.
Pergunte você também: o que é real?

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