segunda-feira, 17 de junho de 2013

As críticas do ceticismo e do pragmatismo ao idealismo

Quantos "ismos"! Em filosofia é assim mesmo, as oposições teóricas decorrem de princípios, de fundamentos e de conceitos.
Tanto o ceticismo antigo, moderado ou radical, como o ceticismo moderno partem do princípio de que as dúvidas do sujeito e as aparências e instabilidade dos objetos impossibilitam certificar-se de que o conhecimento leve à verdade e que a realidade assegure tal verdade e certeza. A realidade pode confundir, as situações mudam constantemente, e nossa compreensão e acesso ao que nos cerca varia de pessoa a pessoa, de lugar a lugar e, hoje diríamos, de cultura a cultura.
O fundamento do cético é o de que não há fundamento algum, e esse paradoxo não pode ser resolvido, pois seria preciso sair do estado de dúvida e assim estabelecer um fundamento e isso é impossível. O ceticismo quanto a ideias puras e conceitos a priori decorre da própria experiência que mostra sempre novas facetas, que crenças antigas são reveladas falsas, que há mudanças e evolução na ciência, nos valores, nas representações sociais. "Por experiência, diz Montaigne, se sabe que a multiplicidade de interpretações dissipa e quebra a verdade", nunca se julgará a mesma coisa de modo análogo e não há duas opiniões semelhantes sequer na mesma pessoa, completa esse pensador cético em Ensaios (1571). 
Michel de Montaigne (1533-1592)
O conceito de conjectura e o de dúvida permeiam o pensamento cético, podemos conjecturar, mas nunca saber nada com certeza. Esse enunciado faz sentido: se tivéssemos tanta certeza por meio de sensações e de ideias, veríamos o mundo como os primeiros cosmólogos o viram e o interpretaram...

O ponto de partida do pragmatismo, escola norte-americana que tem em W. James e J. Dewey seus principais representantes (século XX), é a ação humana transformadora. A verdade precisa ter serventia, uma utilidade, um uso. O princípio de causalidade que para Kant é uma das bases do conhecimento, para o pragmatismo não passa de um modo de lidar com as coisas, de experimentar e de poder empregar nosso conhecimento. Ideal e real não são categorias puras, são recursos inteligentes para transformar a natureza, para construir não mundos platônicos ideais e superiores, que transcendem e são inalcançáveis. Construções ideais são projetos que podem melhorar a vida, mas que precisam ser factíveis. Que os homens possam nelas habitar. 
Os conceitos do pragmatismo são os de ação e reconstrução. A possibilidade de reconstruir, de refazer fica em aberto dando a chance permanente para a mudança. Esta não segue a direção da história idealizada por Hegel, por exemplo, pois os caminhos se multiplicam e podem ser mudados de acordo com as necessidades de um povo, de um país. Como? pode ser por meio de uma constituição, da eleição de bons governantes, mas o meio principal para Dewey é a educação em aliança com a democracia.
John Dewey (1859-1952)
Finalmente, a crítica do materialismo ao idealismo. Princípio: não há espírito nem divino e nem de um povo, há matéria produzida pelo trabalho humano. Conceito principal: conhecimento se baseia em dados coletados  pelas ciências (história, antropologia, física, economia). O fundamento teórico é de que teoria e prática se completam. Conhecer para transformar é seu moto, ele parece com o do pragmatismo, mas seu viés é político e ideológico. A meta é a revolução do proletariado, a conquista do trabalhador do produto de seu trabalho, a propriedade dos meios de produção distribuída entre todos de modo igualitário. Esse materialismo marxista, se revela no fundo um projeto de revolução social e econômica; um materialismo baseado, paradoxalmente, em ideias de luta social, na pressuposição de que na sociedade ideal as classes sociais desapareceriam.
Karl Marx (1818-1883)

Algumas conclusões: convém duvidar quando for o caso, pesquisar sempre, buscar as mudanças e transformações que sirvam para a melhoria da situação humana. 


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