Partículas já foram pressupostas pela filosofia natural com Demócrito, século 6 a. C., mas a intenção dos primeiros filósofos era dar uma resposta metafísica sobre a causa natural e primeira da existência de corpos e de seu movimento.
Há diferenças importantes entre a fé em Deus (monoteísmo cristão), a ciência natural e a indagação filosófica. Essa diferença reside em métodos, propósitos, perspectivas, resultados e visões de mundo.A religião e a crença em Deus dispensam provas, não requerem experiência sensível, muito menos resultados aplicáveis.
É muito estranho e mesmo absurdo, paradoxal, que a comprovação da existência de uma partícula, por mais essencial que ela seja para entender a relação entre matéria e energia, seja "a partícula de Deus", como tem sido chamado o bóson de Higgs.
bóson de Higgs
Faz parte da religião e mesmo da ciência e da filosofia, o desconhecido, o misterioso. Nossa mente, nossa inteligência e o modo como significamos e nos comunicamos resultou de uma evolução histórica; o modo como produzimos conhecimento depende de teorias, cálculos, fórmulas, instrumentos. A ciência progride com esses recursos. E todos eles são produtos de nossa história e de nossa evolução. Não há como sair dessas situações e circunstâncias. Quer dizer, o modo como indagamos e as razões que nos incitam dependem dos tipos de conhecimento, da curiosidade, da linguagem e dos signos. São eles que permitem fazer essas perguntas. Respondê-las pode abrir caminhos, ou não...
E essas são reflexões filosóficas.
A metafísica é aquela parte da filosofia que indaga pelas causas primeiras de todas as coisas, os princípios do ser, como é possível que haja ser e não nada. É um pouco difícil entender essas perguntas em torno do ser, do nada, do vir a ser, se os seres são determinados, como identificá-los, se todos têm uma finalidade ou não, se são fruto do acaso ou de um princípio superior.
A ciência até pode ser reflexiva e mesmo crítica quando os cientistas se perguntam sobre os limites de seu conhecimento e os objetivos mais gerais da ciência, sobre seus fundamentos e modelos (matemático, empírico, lógico, tecnológico).
Mas a ciência não deve e nem pode pretender ter a verdade última ou ter descoberto e decifrado a origem do universo.
Certa dose de ceticismo é uma precaução contra a risível pretensão de, com nossos instrumentos e recursos, responder a todas as nossas dúvidas.
Inclusive porque o tipo de pergunta que fazemos, pela causa ou origem, é característica de nosso humano modo de ser.
Muito boa sua reflexão professor Inês. Me parece que pos trás deste "pretencionismo cientificista" estão os embolorados intuitos de produção de informação mercadológica, para vender. Uma explicação que de fato não explica e ainda causa uma confusão danada em muitos... A solução do enigma de onde viemos e para onde vamos é verdadeiramente viável? E se um dia descobrirmos haverá o depois? Depois de temos catalogado "tudo", respondido e resolvido "tudo", resta tempo para "algo"? Enfim, não sei se um dia este motor vai parar...
ResponderExcluirOlá Everton
ExcluirSim, inclusive pq há outros modelos para pensar o universo...
PROFª. INÊS,
ResponderExcluirlembro, numa conferência do prof. Bortolo, em que afirmava que, no fundo, Deus sempre foi o grande problema da filosofia. E assim parece ser, com todas essas indagações pela razão última do ser.
Obrigado pela reflexão.
Abraços!
Olá Isaac
ExcluirQ. bom vc ter gostado!
Abraço
Inês