É paradoxal que o sentido da vida dependa de seu reverso, a morte. A partir do modo como pessoas e culturas encaram, valorizam, compreendem, aceitam ou rejeitam a morte é que a vida passa a fazer sentido. Assim, para os que acreditam na vida pós-morte, a perspectiva com que veem a existência é a de seu prolongamento, o que fazem nesta vida leva ao prêmio ou castigo na outra.
Para aqueles a quem importa a atual existência, o sentido precisa ser construído, a responsabilidade é apenas pessoal, as escolhas são feitas em função de seu projeto de vida. Segundo Sartre (existencialismo francês) estamos condenados a ser livres, a carga das escolhas é algo de que apenas podemos fugir pela má-fé, quer dizer, negando para si mesmo a total e livre responsabilidade de escolher. Todos aqueles que não assumem seu projeto vital, ou que sequer pensaram na possibilidade de ter um projeto para dar sentido a sua vida, camuflam, escondem, protelam, exigem que os outros tomem decisões no lugar deles; ou então consideram que bens possam satisfazer completamente seus desejos.
O poço dos desejos não tem fundo, compreender e aceitar que a morte é o limite inexorável transforma a perspectiva com que se lida com os desejos.
Inês, é muito interessante como você destrincha a filosofia existencial. E achei interessante o conceito de "poço de desejos". Infelizmente esses desejos para os existentes inautênticos consiste em dar aos existentes autênticos o motivo da sua existência real.
ResponderExcluirMas o que você acha que pode se fazer para mudar as concepções sobre a autenticidade da existência num mundo dominado pelo capital e pelo interesse?
Olá Professora Inês,
ResponderExcluirmesmo a internet sendo bastante lenta, aqui na Bahia, sempre venho conferir seus textos. Eu os utilizo sempre.
Um grande abraço!