domingo, 15 de outubro de 2023

Os impasses da guerra no Oriente Médio

 O rumo inesperado que os ataques do Hamas sobre território israelense tomou durante a semana (de 07 de outubro ao dia em que escrevo, 15 de outubro 2023), se agrava a cada dia. Tomar partido parece que se tornou a única obrigação, e análises minimamente coerentes, com visão histórica e de conjuntura se perdem em meio a controvérsias, exige-se tomar partido, condena-se um ou outro lado, sem considerar o que está em jogo.

E o que está em jogo? A soberania de dois povos, o direito ao território, o direito à vida, o direito a instituições legítimas, ao governo próprio, a sua autodeterminação.

Na guerra de Israel contra o Hamas, surgem impasses, parece que estamos num beco sem saída, difícil sair de um estado de dúvida diante de tantos fatores a serem considerados. Que lado tomar?



É possível considerar dois tipos de adesão: a participação às claras, com responsabilidade pelo que é afirmado e passível de comprovação. E o engajamento cego que obriga a tomar partido, sem examinar razões e fatos.

O modo digamos, "participativo" é guiado por argumentos, as decisões são guiadas pelas consequências que tanto podem ser positivas como prejudiciais. Há abertura para críticas, capacidade de revisão diante de novos acontecimentos, busca permanente por esclarecimento, e, em especial, ver e de entender o que está em jogo, o outro lado da moeda. Aceitar quando evidências mostram que você pode estar errado. 

O modo "engajamento" visa tomar partido e execrar o outro lado, agir e decidir achando que você  está sempre certo, mesmo diante de evidências em contrário. O objetivo dos engajados é convencer, eliminar o adversário, obstinar-se com sua particular doutrina e visão de mundo, impedir a circulação de ideias, ver o mundo através de um véu que obscurece a realidade.

Há o estado de Israel, reconhecido, pelo qual judeus ao redor do mundo lutaram, que foi legitimado e cujas fronteiras foram estabelecidas. Ora, tais fronteiras sofreram e sofrem ameaça, precisaram ser defendidas e, em nome dessa defesa, expandidas. A que custo?

Há o povo e um estado palestino que precisa de um território, de governo legítimo, de reconhecimento, de fronteiras, exatamente e tanto quanto Israel.

E, finalmente, há uma governança mundial fraca, sem poder de atuar, hesitante chamada ONU. O poder real é o de países democráticos, que deveriam olhar para os dois lados, não de forma engajada com bandeiras ideológicas, e sim de forma participativa. E nisso encontra a barreira de países muçulmanos radicais, que sustentam o terrorismo, que treinam e armam milícias como o Hamas. 

Esses são os impasses. Indiscutível a defesa  de Israel dos ataques do Hamas e seus fanáticos, o pior e mais extremo exemplo de engajados, a ponto de impedirem que os próprios palestinos se desloquem e possam se salvar. Se isso não é terror, o que então é terror?

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