quarta-feira, 2 de agosto de 2023

O que é dogma?

O termo "dogma" vem do grego, e significa aquilo que se pensa ser verdade, e é justamente esse o sentido com o qual é empregado. Dogma funciona como se fosse uma parede intransponível, ou um freio que restringe toda e qualquer crítica ou opinião contrária.

A força do dogma reside nisso, nesse fardo obrigatório e irremovível. Uma pessoa, em seu íntimo, até pode controlar sua crença, mas expressar opinião em público é proibido. Além disso, os dogmáticos controlam e impedem a expressão dos inimigos. Sim, pois dogmas não podem ser confrontados, cada qual, como se diz popularmente, no seu quadrado. 

Dogmas são formas de expressão afirmativas, assertivas e impositivas, e por isso mesmo incontestáveis. É como se fosse um ponto final tanto da linguagem como do comportamento e do pensamento. Até aqui a pessoa pode ir, nunca além do que é obrigatório pensar e dizer. É preciso seguir o líder da seita cegamente.

Desse modo o risco de contestação é mínimo ou inexistente, a crença permanece num lugar fixado, imutável. Não há como se comunicar por meio de um dogma, pois mostrar evidências, comprovar, discutir e explicar são formas de se comunicar, quer dizer de dar razões, ouvir os outros, tentar entender outros pontos de vista. Por isso, quanto aos dogmas, que são verdades de crença, é em vão mostrar o que outras culturas ou grupos pensam. Todo dogma é indemonstrável. 

O dogma guia o(s) adepto(s) de forma fechada, "quase como se alguém atasse um peso nos seus pés que restringe sua liberdade de movimento" diz Wittgenstein (Culture and Value, p. 28).

Dogmas religiosos controlam a vida e o comportamento, como as obrigações doutrinais nas religiões, a reza em direção à Meca, a obrigatoriedade do véu islâmico, a circuncisão no judaísmo radical, a crença na alma imortal destinada ao castigo eterno ou ao gozo eterno, a Santíssima Trindade para o catolicismo. 

Dogmas políticos requerem e podem vir revestidos por ideologias. Ideologias são partidárias, movem líderes tirânicos, obrigam à adesão ou aqueles que aderem o fazem por crença, por exemplo, de que a propriedade é roubo, de que o capitalismo é intrinsecamente mau, ou, ao contrário, riqueza e dinheiro podem e devem ser absolutamente almejados. Em geral em política posições ideológicas acabam por se tornar dogmas.

Por fim, não há como e nem porque contestar, resta acatar ou se livrar do peso atado aos seus pés.

Entretanto, religião e política podem e devem servir para que se possa respirar o ar livremente, inspirar cabeças e corações, permitir a livre adesão, e dessa forma levar adiante aspirações pessoais em uma sociedade onde reina a autonomia.

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