segunda-feira, 13 de abril de 2020

O que é a alma de um ponto de vista filosófico

Uma das metáforas mais interessantes e esclarecedoras sobre a alma, é a do sopro, sopro vital, respirar, inalar e sentir que o corpo se encheu com algo inefável, essencial, imaterial, invisível.
Assim com os pensadores da antiguidade, entre as três almas de Platão, há uma que é superior e que comanda as da coragem e da nutrição: trata-se da alma intelectual. O corpo é a prisão da alma imortal, esta quer se libertar, reencontrar a si no mundo das ideias.
Para Aristóteles somos substância com componentes materiais e formais, atuais e potenciais. A forma essencial do ser racional, a que não sofre alterações físicas, seria a alma.
Os pensadores cristãos concebem alma como puro espírito, imortal, nela são marcados indelevelmente pensamentos, desejos, intuições, na alma está alojada a consciência intelectual e moral, daí receber prêmio ou castigo na vida eterna.
Descartes insubordinou-se contra o conceito de alma cristão, para ele a alma é puro cogito, pensamento, portanto algo intelectual, imaterial, mas não habitáculo moral.
À medida em que avança o pensamento filosófico ocidental, a concepção de alma cede lugar à de mente, razão, o elemento racional se distingue do moral, a ação humana é impulsionada, motivada, movida por situações da vida humana em geral.
Quanto ao aspecto intelectual, não é próprio da alma no sentido de alma puro espírito, diversa da "carne". O aspecto racional ou intelectual tem a ver com o aprendizado, com a linguagem, com a comunicação, com a educação, com a cultura de cada  povo.
O conceito da alma encontra pouco terreno filosófico na modernidade. O sentido em que filósofos, literatos, poetas, artistas se referem a alma é sempre metafórico, ela flui, ela marca, ela assombra, ela sofre, ela encanta.
A alma prossegue sendo tema religioso, místico, a ela são imputadas virtudes incorporais, espirituais, e permanecem resquícios do pensamento antigo, como imortalidade, sujeição a prêmio ou castigo, em mundos do além, podendo usufruir de encontros com outras almas, ou mesmo receber tesouros e delícias do prazer.

Para refletir:
"A face é a alma do corpo" (Wittgenstein)

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