quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O que ser ético?

O que se entende por princípios éticos?
Pelo lado sociológico, entram em cena os costumes e tradições de um povo, de uma cultura e de uma sociedade.
Pelo lado moral, entram em cena a educação recebida da família, da escola, dos credos religiosos, dos ensinamentos e exemplos de vida.
Pelo lado filosófico, entram em cena as bases de atos éticos diferentemente de ações e práticas que visam resultados imediatos. Ninguém faz perguntas sobre a ética de uma receita de bolo, mas pode e deve questionar sobre as intenções do confeiteiro ou da dona de casa (casos extremos como envenenar alguém, até os mais corriqueiros, como bajular o chefe de departamento...). Pode-se igualmente questionar eticamente o modo como os ingredientes foram produzidos (mais uma vez um caso extremo como o de trabalho escravo), transportados, embalados, comercializados (por exemplo, vender produtos com prazo de validade vencido).
Essas são questões éticas que envolvem a sociedade como um todo em especial a ética na política. Raros são os personagens íntegros, política e politicagem se confundem. Do lado da ética ambiental estão envolvidas desde a mudança climática até as pesquisas científicas, desde movimentos que se valem de financiamento e de repercussão na mídia, até a conscientização em escolas sobre o problema do lixo.
Por que pessoas que sabem perfeitamente do custo ambiental que é deixar lixo na praia, ainda assim desprezam o descarte correto?
Essa é uma questão ética, orientar suas ações pelo que é válido segundo um princípio da universalidade: vale para todos e eu, minha pessoa individualmente, faço parte dessa universalidade.
O antiético seria usar subterfúgios como "só hoje não", "por que vou fazer se outros não fazem?", "Eu jogo papel na rua e fico tranquilo pois sei que nem todos fazem", e assim por diante.
Não há desculpa possível pelo não conhecimento, pela não educação, pode-se dizer que toda a  sociedade é esclarecida, alertada, ignorar não é mais desculpa hoje em dia. E isso sem mencionar as infrações de trânsito! Sinalizar é obrigatório, mas é relegado por muitos.
O outro lado da moeda são os princípios éticos desprezados pelo poder público, e os exemplos são múltiplos, escandalosos, notórios e, ainda assim, justificados ou mesmo negados. 

Negar, ignorar, justificar, ou na linguagem popular, enrolar é fácil e uma das razões mais fortes é a das consequências desses atos antiéticos passar pela peneira da indiferença, e, claro, da impunidade. Alerta-se para essa última, mas passa-se por cima de algo impossível de punir e de avaliar. A indiferença, o dar de ombros, a falta de princípios éticos, ou seja, um grau de consciência do que é o bem geral e para cada indivíduo.

Vaidade e fama falam muito mais alto do que integridade e correção. 

Uma ressalva, quando escrevi acima "esclarecida", não foi no sentido kantiano de plena autonomia e responsabilidade, agir como se cada ato pudesse se tornar exemplo para todos. 
A falta de "esclarecimento" (Erklärung) parece ser estado permanente de nossa sociedade, mais grave em sociedades não democráticas. 

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