sexta-feira, 15 de novembro de 2019

A moral epicurista: regras para o bem viver

Epicuro (341 a.C.-270 a.C.), nasceu na Grécia no período helenístico, época de grande desenvolvimento científico, com Euclides, Arquimedes e Eratóstenes, brilham não só a ciência, como também os ideais de vida plenamente realizada.
A curiosidade de Epicuro pelo saber, seu interesse pela filosofia, a influência de Demócrito, o amor pela poesia, forjaram o pensador. Era morador de Atenas, sofreu com doença no rim, e ainda assim, ou por isso mesmo, cultivava o espírito para se desviar de suas dores e demonstrar o quanto valem a alegria e os prazeres.
Fundou uma escola que seguia uma doutrina próxima de uma seita filosófica, justamente chamada de "epicurista", que contou com inúmeros discípulos, inclusive mulheres. Estes foram fiéis aos ensinamentos do mestre, que era querido e cultuado, ao ponto de a doutrina não ser modificada em nenhum de seus aspectos. 
A filosofia prática e a  vida prática eram enaltecidas, muito mais do que as teorias, pois a prática permite, por meio de raciocínios e discussões, uma vida feliz. O amor à verdadeira filosofia dissolve dúvidas e inquietações, liberta.
"Habitua-te a pensar que a morte nada é para nós, visto que todo o mal e todo o bem se encontram na sensibilidade: e a morte é a privação da sensibilidade", escreveu Epicuro.
Os maiores prazeres são aqueles que não provocam dor alguma, perda alguma, a condição para a felicidade vem de nosso interior, de nossa intimidade dos quais somos os donos.
Para Epicuro o mundo não provém do nada, se compõem de uma variedade infinita de átomos, em movimento eterno e contínuo. Inclusive a alma se compõe de partículas sutis, distribuídas por todo o corpo.
Não há vida feliz sem o prazer, o prazer é o primeiro bem, mas ele não decorre de riquezas, nem de poder e sim por meio da "ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se mantenha nos limites impostos pela natureza"
Assim, o prazer não reside em aproveitar tudo ao máximo, buscá-lo na sensualidade. Isso só para os ignorantes. O verdadeiro prazer vem de nos acharmos livres de sofrimento e de perturbações da alma, vem de nos contentarmos com o suficiente para bem viver, vem de alcançarmos um estado de serenidade, de não perturbação. É importante escolher amizades, e dar é muito melhor do que receber; é melhor ter pouco mas ser sábio, do que ter muito e ser insensato.

Assim Epicuro reflete sobre a existência de Deus:
"Deus ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer e nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso: o que também é contrário a Deus. Se nem quer e nem pode, é invejoso e impotente, portanto, nem sequer é Deus. Se pode e quer, a única coisa compatível com Deus, de onde provém então a existência dos males? Por que razão ele não os impede?"

Eis um exemplo do modo sutil de raciocinar dos filósofos gregos, argumentar para pôr em xeque nossas doutrinas, crenças e ideologias.

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