quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Nietzsche: "Todos os filósofos até agora amaram suas verdades"

Que pensamento incrível e certeiro esse de Nietzsche!
E o que ele quis dizer?
Em toda a história da Filosofia, até ele Nietzsche, houve essa marca de vaidade e de considerar-se como único, verdadeiro e insubstituível pensador. Ora, como é possível que cada qual se considere mensageiro da verdade e os outros não? Seriam portadores de mentiras?!
Um olhar para o desfilar dos filósofos mostra que, por um lado, se o pensador não praticasse com seriedade sua doutrina e se não estivesse convencido de contribuir com um pensamento original, teria que calar-se. Por outro lado, se estivesse convencido de que só ele teria razão, deveríamos abandonar a história do pensamento filosófico Ocidental.
Como sair desse dilema? 
E mais, o próprio Nietzsche seria uma alternativa para fazer a crítica e não cair na própria armadilha? É o que se chama em filosofia de "aporia", impossível afirmar algo sem destruir ao mesmo tempo o argumento.
O filósofo opina ou diz a verdade?!
Opiniões podem ser aceitas ou rebatidas, já a verdade seria única.
Não é bem assim. Opiniões não criam amarras, não comprometem, e a  verdade compromete?
Acho que é por aí, há um compromisso com os argumentos, raciocínios, ideias, conceitos, noções e demais meios de que os filósofos dispõem para apresentar suas contribuições à crítica do pensamento.
Sempre que se tratar de criticar, de expor sem contradições os argumentos, o filósofo faz uso legítimo de suas ideias e conceitos.
Se ele tergiversa, se bloqueia o raciocínio, se cai em contradição e aporias, a missão filosófica perde sentido.
Esse é outro desses conceitos filosóficos que são essenciais, fazer sentido.
Faz sentido a afirmação de Nietzsche de que todos os filósofos são até ele vaidosos, que todos se pretendem verdadeiros. É isso que ele quer dizer, faça filosofia, isto é, seja um filósofo comprometido com a história, amar suas verdades leva a ignorar o quão pouco sabemos
E isso não tem a ver com atitudes de humildade ao estilo do rebanho, ao rebaixamento, e sim com atitudes de serenidade, de alegria e satisfação de se saber produtor de ideias, renovador, inovador, aquele que abre caminhos sem exigir aplauso ou submissão.
Os ideólogos exigem adesão cega, seguir o chefe, aceitar (ou seria engolir) a doutrina.
A Filosofia permite respirar, inspirar, e ir adiante.
Fazer as perguntas que ampliem a crítica evita aceitar passivamente os instrutores, os ideólogos, os doutrinadores.
Kant dissera que é mais fácil segui-los, como na brincadeira infantil: "Tudo o que seu mestre mandar, faremos todos!". 

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