Na pesquisa que acabei de terminar sobre 15 filósofos, um deles é São Tomás (1225-1274), e uma de suas contribuições para a Teodiceia são as provas da existência de Deus.
Segue parte do texto acima mencionado.
"Na obra Summa Theologica São Tomás afirma que a existência
de Deus pode ser provada por cinco vias. A primeira baseia-se no movimento de
todas as coisas. Se elas se movem, são movidas por outras, estas são em
potência e requerem um ato para sua atuação.
E nesse processo, o que é atualmente
quente, como o fogo, faz com que a potência da madeira de ser quente, se
atualize pela combustão. A madeira potencialmente pode ser quente e fria. Mas
em ato, ou é galho na árvore, ou lenha, ou carvão. Nada pode ao mesmo tempo
produzir mudança e ser aquilo que muda. Tudo o que se move é movido por outro.
Não se pode ir ao infinito, é necessário um ser que mova todos os outros, o
primeiro motor, posto em movimento por si mesmo, que é Deus.
A segunda via se baseia na natureza da causa eficiente. No
mundo da experiência sensível há uma ordem de causas eficientes, e nenhuma é a
causa eficiente de si própria. Na série de causas eficientes, há as que são
intermediárias, e nessa cadeia se vai à causa última. Sem causa não há
efeito. A cadeia de causas eficientes
não pode ser infinita, senão ela não seria eficiente, não haveria o último
efeito, nem as causas eficientes intermediárias. Logo, é necessário admitir uma
primeira causa eficiente, a que se dá o nome de Deus.
A terceira via se sustenta por meio dos conceitos de
necessidade e possibilidade. Há na natureza coisas que podem ser ou não ser,
pois estão sujeitas a geração e à corrupção. Mas é impossível que tenham
existido desde sempre. Se tudo pudesse não ter existido, é porque houve um
tempo em que nada existiu. Se isso fosse verdade, até hoje poderia acontecer de
não haver nada, o que é absurdo. Deve haver seres que não são contingentes,
deve haver um ser cuja existência seja necessária. Como a cadeia não pode ir
até o infinito, deve ser possível postular um ser em si mesmo necessário, que
não recebe essa necessidade de outro. Este ser é Deus.
A quarta via parte do grau de perfeição dos seres, com mais
ou menos bondade, verdade, nobreza, e assim por diante. “Mais” e “menos” se
dizem de diferentes coisas conforme atingem o grau máximo de temperatura, de
bondade, de verdade; e são os melhores nessas categorias que atingem o grau
máximo de ser. O grau máximo de ser em cada gênero é sua causa. Assim, todo ser
precisa de sua causa, a causa de todos eles é Deus.
A quinta e última via para provar a existência de Deus
baseia-se na finalidade que todos seres têm, até mesmo os animais agem com um
fim, e obtêm o melhor resultado. Esse fim não é fortuito. Se mesmo os seres aos
quais falta inteligência agem em direção a um fim, isso se deve a algo dotado
de conhecimento e inteligência, tal como a flecha atinge o alvo por meio do
arqueiro. Por isso deve haver um ser inteligente que direciona todas as coisas
ao seu fim. A esse ser chamamos de Deus."
Pode-se notar semelhança com argumentos aristotélicos, o que não é fortuito. São Tomás e com ele a Filosofia Escolástica, tinham em Aristóteles seu modelo e inspiração. Essas vias são filosóficas, já a fé cristã ou de outro credo dispensa a razão. Há que se perguntar se há ou não conflito entre razão e fé, se não seria um ganho para a humanidade se a fé ao invés de cegar, abrisse os olhos, o coração e a inteligência. Em pleno século 21 a fé é cega em religiões doutrinárias e dogmáticas, nelas medram o fanatismo e a violência.
Pense-se num caso recente: a explosão de uma van no Iêmen que causou a morte de dezenas de crianças! Origem: conflitos étnicos e religiosos.
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