terça-feira, 25 de novembro de 2014

A condenação do capitalismo à serviço do ensino ideologizado

Infelizmente a confusão que se faz em sala de aula, e não só na disciplina de filosofia (em todos os níveis de ensino), também na de história, geografia, até mesmo português, que educar significa incutir "pensamento crítico". 
Está na lei de diretrizes para a educação o preparo para o "exercício da cidadania", implicitamente interpretado como opção ideológica de luta em prol dos fracos e oprimidos da sociedade capitalista de classes. Grande parte dos livros didáticos traz essa lição ideológica, de inspiração marxista. Há desigualdade social, isso é injustiça e a fonte dessa injustiça, que precisa ser esclarecida às crianças, adolescentes e jovens, é a sociedade capitalista, que explora a classe trabalhadora. 
Como e quando surgiu essa instrumentalização do ensino?
Houve necessidade de reagir à ditadura, uma reação necessária à extorsão da liberdade de pensamento promovida nos anos em que os militares ocuparam o poder no Brasil. Um dos instrumentos de justa revolta e inspirador da luta pela democratização do país foram as universidades. Marx e o marxismo pareciam ser a tábua da salvação, mesmo porque eram professores e alunos que professavam a filosofia e a doutrina ideológica marxista, ou de esquerda em geral, os que eram censurados e perseguidos. Muitos foram obrigados a se exilarem.
Pois bem, de instrumento ideológico de luta e reação, passou a verdade histórica, social, política única. O poder considerado como exclusivamente econômico, hegemônico, dos países do hemisfério norte (capitalismo dos EUA), esmaga o hemisfério sul, pobre, explorado, e pior, impõe a cegueira para "realidade" do mercado, dos bancos internacionais, do terceiro mundo espoliado e mantido na pobreza pelos interesses do grande capital. "A propriedade é roubo!", exclamam. A cegueira se deve à instigação ao consumo pela propaganda, e até pelas novelas globais! 
Essa análise se impôs como verdade incontestável, sem contra argumentação, pois seu apelo político-partidário é forte, e se espalhou pela cultura, pela educação, pelas Ongs, nos movimentos sociais de reivindicação pelos direitos de inúmeros segmentos sociais (movimentos de ocupação de propriedades rurais e urbanas).
Sim, o capitalismo cria uma realidade chamada "mercado", com suas regras próprias, visa sim o lucro, muitas vezes explora o trabalho e a mão de obra. Há problemas estruturais difíceis de solucionar em países pobres. Mas não impossíveis de solução. O Estado interventor precisa governar, precisa gerir a sociedade, e para isso precisa da produção e ampla circulação de bens e mercadorias. A chamada produção de riqueza, o liberalismo, execrado e necessariamente praticado, desde fins do século 18. Simplesmente governos não governam sem deixar livre a produção. E isso não tem nada a  ver com regimes políticos. A propriedade, aliás, é um direito e não um roubo.
Socialistas, comunistas, democratas, democracias  sociais, ditaduras de esquerda e de direita, nenhum regime político pode dispensar o fator econômico de produção, e nele há quem produz, quem consome, quem comercializa, quem transporta. E isso independentemente de ideologia político partidária. Não foi a esquerda e nem a direita que inventaram o mercado, que se internacionalizou, que requer investimento em larga escala em todos os setores, principalmente o tecnológico.
Criar riqueza e não manter largas faixas da população na ignorância e na pobreza, essa deveria ser a preocupação dos governos. Para isso é preciso educação, saúde, segurança, direitos básicos e inalienáveis, para faixas cada vez maiores de cidadãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário