terça-feira, 13 de agosto de 2013

Impressões do Congresso Mundial de Filosofia - Atenas 2013

Pelo número de participantes, contei aproximadamente 2600 congressistas, a filosofia continua bem viva. Atenas acolheu no campus da Universidade, escola de Filosofia, esta multidão, de forma bem organizada, com bastante informação e oportunidade de pessoas do mundo todo se encontrarem e trocarem ideias.
Poucos brasileiros, muitos norte-americanos, chineses e japoneses. A maioria das palestras e comunicações em inglês; filósofos e áreas da filosofia, acho que todos foram contemplados.
Quanto à qualidade, apesar de ter assistido a poucas palestras e comunicações, não seguiu a quantidade. Nota-se que nos EUA filósofos europeus são apreciados e estudados, mais do que os próprios filósofos americanos; que no Japão há uma grande preocupação com a reflexão sobre meio ambiente, as catástrofes sofridas (bomba atômica, vazamento nuclear de Fukushima) são lembradas como resultado infeliz da aliança entre ciência e tecnologia; minha curiosidade com relação ao que chineses produzem em matéria de filosofia não foi satisfeita pelo obstáculo da língua, as reuniões da sociedade chinesa foram realizadas em chinês, é óbvio.
Uma impressão marcante foi a deixada por jovens filósofos, apaixonados, estudiosos e dedicados. Entretanto, ao ouvir um rapaz esloveno, em excelente inglês, discorrer sobre Descartes, ainda que enfático, em nada mais resultou do que repetição do que escreveu o filosofo em Meditações e no Discurso do Método. Isso produziu uma dúvida cética (cartesiana?) sobre o sentido de se conhecer, citar e repetir, sem mover nada, sem modificar nada de nossa situação, sem propor nada.
Creio que os estudos em filosofia e o conhecimento de história da filosofia precisam ultrapassar a erudição, o pleno saber acerca das ideias e conceitos filosóficos, e atingir o patamar seguinte que é o do uso para educar, para abrir a cabeça dos jovens e dos alunos para questões essenciais e também para as questões banais, do cotidiano. A filosofia deve ser inspiradora e não apenas repetição e erudição, não apenas citação ou copia e cola, não reduzida às extensas pesquisas bibliográficas para impressionar bancas examinadoras.
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E Atenas, a cidade, os monumentos, os museus? E Delfos com as deslumbrantes ruínas no Monte Parnasso? E o templo de Zeus, o Parthenon? 
Maravilhas destruídas por imperadores romanos, pelo avanço do cristianismo, pela civilização bizantina. Milhares de estátuas destruídas por representarem o mundo pagão!!!
Imperadores e exércitos, entretanto, não destruíram o legado civilizatório e cultural do mundo grego. Arte, arquitetura, teatro, poesia, literatura, matemática, filosofia permanecem vivos nos conceitos, na linguagem, no imaginário, na base daquilo que a civilização ocidental se tornou. Eternos.
Oráculo de Delfos

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