sexta-feira, 8 de junho de 2012

Com qual desses filósofos você se identifica?

Você é platônico se considera importante se comprometer com o ideal, com a realização perfeita de valores e se esses valores forem principalmente os do Belo e do Bem. Se você gosta de ensinar e entregar-se de corpo e alma à busca incessante de melhoria em especial a da alma, em tudo superior ao corpo, seu mestre é Platão.
Aristótelicos preferem a ordem lógica, a busca das causas principais e essencias por meio do raciocínio, a pesquisa de todos os setores da realidade de modo a chegar ao cerne das questões. Para você tudo tem um limite e não há mistério para a investigação humana. As coisas todas se encaixam, é possível ser feliz desde que se pratique atos justos e virtuosos.
Aqueles para quem a matemática é o compasso para medir todos os seres e ordená-los, aqueles que gostam da razão e consideram que clareza é o mesmo que verdade, que a negação e as dúvidas podem ser vencidas, aqueles para os quais pensar na solidão de seu quarto é a maior das aventuras, estes são cartesianos.
A confiança estrita no poder da razão e no cumprimento do dever pelo dever, caracteriza kantianos. Se, além disso você gostar de levar uma vida metódica e preferir sua cidade a todas as outras, aplicar-se com rigor a não transigir em matéria moral, você se identifica com Kant.
Mas se você se inclina ao que é transitório, ao que muda e evolui seguindo uma trajetória histórica, então sua afinidade é com Hegel. As coisas estão em curso para você, e se elas mudam, o fazem para melhor, culminam em algo absoluto; tudo o que for realizável o será por ser racional.
Esse otimismo não cabe para os nietzschianos. Eles são os irônicos, céticos, do alto da montanha contemplam ridículas criaturas perseguindo valores gastos como se a vida dependesse disso. A vida não pode depender de nada, há que inventar, há que criar seus próprios valores. Mesmo que isso os faça sofrer.
Os wittgensteinianos são intransigentes, exigentes consigo mesmos, acham que podem decifrar os códigos humanos, mas que Deus e religião são indecifráveis. Também gostam da vida simples e da solidão. Abrem mão da riqueza e seu espírito é investigador. A verdade pertence às atividades cotidianas, nelas há tudo do que se precisa para dar e encontrar sentido nas coisas. Sua metáfora predileta é a do jogo. Jogos exigem regras, cálculo e lógica.
Se você é desconfiado, se você não aceita regra alguma sem dar uma olhada no que a produziu e quais são os resultados dessas regras aparentemente inocentes e pretensamente científicas, você é um crítico de nossa cultura e do modo como as instituições nos limitam. O filósofo mais próximo a esse modo de ver é Foucault.

4 comentários:

  1. Há possibilidade de estar mais próximo de apenas uma "linha"? Acredito que não, temos variados momentos em que "somos todos" os filósofos e nenhum... depende da ocasião, de quem está envolvido e de que ponto estamos olhando o acontecer. Vale mais ter todos ao lado, mesmo que sejam dispares...

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    1. Olá Everton, sim vc pode ser platônico no amor, mas deve ser kantiano no trânsito, por exemplo.
      A mimha intenção é a de chamar atenção tanto para o rigor filosófico quanto para usos não acadêmicos.

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  2. Legal e interessante, pois, com este pequeno artigo, se vê que, de fato, a filosofia não está longe do nosso cotidiano. Parabéns profeasora Inês.

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  3. Olá Prof Inês! Sou Alexandre, fui seu aluno na Filosofia entre 2004-2007 na PucPR. Obrigado por suas palavras, como sempre, cheias de vida e alegria de viver! Grande abraço!!!

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