Segunda-feira, dia 17 de novembro de 2025, à 1:30 da manhã, a loja/depósito da Louis Vuitton foi roubada. Na rua lateral à Via del Condotti, um carro foi arremessado à porta, a preciosa mercadoria foi levada sem deixar vestígios.
Sêneca (47? a. C. - 65 d. C.) nasceu em Córdoba, foi educado em Roma desde cedo, se tornou advogado e membro do senado romano. Despertou a inveja do imperador Calígula, só não foi morto porque Calígula considerou que a frágil saúde de Sêneca o levaria, e o poupou. Ironia, Calígula morreu antes de Sêneca. Este incomodava outro imperador, Cláudio, que o desterrou para a Córsega, onde passou nove anos sofrendo privações. Foi escolhido para educar Nero, que acabou por também perseguir Sêneca, condenando-o ao suicídio induzido.
Essas agruras não o impediram, pelo contrário, talvez até mesmo o tenham estimulado a uma vida austera, bem como à filosofia estoica, especialmente a ética das virtudes.
O tema central de seu pensamento, a tranquilidade da alma, a vida doméstica, a possibilidade de "a alma caminhar numa conduta sempre igual e firme (...) sem se afastar de sua calma, sem se exaltar nem se deprimir", sem precisar lamentar o estado de repouso, nem lamentar-se por não ter nada para fazer, tampouco "invejar furiosamente todos os sucessos do próximo". O remédio: tornar-se útil, consagrar-se aos estudos, praticar ações virtuosas, avaliar a si próprio, "habituar-se a ter o luxo à distância e a fazer uso da utilidade dos objetos e não de sua sedução exterior (...), aprendamos a cultivar em nós a sobriedade (...), a reprimir nossa vaidade" (in Da Tranquilidade da Alma).
Imaginemos Sêneca despertado de seu sono eterno, a passear e meditar pelas ruas de Roma. Ao se deparar com o movimento na famosa avenida, policiais e um grupo de curiosos, pergunta em uma mistura inteligível de latim e italiano, o que acontecera.
- Levaram toda a mercadoria da loja, responde um transeunte.
- Qual era essa mercadoria? indaga o filósofo.
- Bolsas de luxo, feitas manualmente em couro, com inscrição em letras douradas LV.
- Por que são tão preciosas a ponto de serem roubadas?
- São artigos caríssimos, que apenas mulheres muito ricas e vaidosas exibem onde quer que vão.
- Não entendo, como é possível um artefato em couro despertar tanta cobiça!
- A marca conta muito.
Sem compreender o sentido de "marca", objeto de desejo e luxo despertado por um artefato de couro, o filósofo segue em silêncio seu caminho de volta para o repouso eterno. Em seus pés, apenas sandálias.

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