Como definir Ética? Como definir Moral? Essas perguntas surgem nas aulas de Filosofia, a resposta não é simples.
Ética é uma entre outras disciplinas dos cursos de Filosofia. Ao passo que Moral não consta como disciplina acadêmica. O contrário de ético é antiético; o contrário de moral é imoral. Muito diferentes as duas acepções. O que dá uma pista para a diferenciação. "Atitude ética", "atitude antiética", significa seguir ou não princípios jurídicos, de sociabilidade, valores exemplares ou o contrário, condenáveis. "Atitude moral", "atitude imoral" sugere comportamento louvável, adequado, que segue normas de conduta ou o contrário, inadequado, que causa indignação, vai contra expectativas sociais e de convivência, fere emoções e sentimentos perante certo público.
Como as fronteiras não são assim tão nítidas, experimentemos ir para a História da Filosofia.
O princípio ético para Sócrates é a sabedoria, a reta vontade é o guia para a ação ética, é preciso tanto o saber como a prática das virtudes, a mais nobre delas é a justiça.
Para Platão a alma imortal é a sede de quatro virtudes espelhadas na polis (sociedade): temperança, fortaleza, sabedoria e justiça.
Na obra "Ética a Nicômaco" Aristóteles, como o título indica, expõe princípios e conceitos da ação e sua finalidade, que é a busca de um bem, que não reside no transitório, nem é algo particular, e a que todos almejam, e que é a felicidade contida na virtude. Virtude é uma disposição do caráter, tem a ver com escolha baseada no justo termo, nem tanto ao céu nem tanto à terra (ver postagem de 29/abril/2016).
Em Descartes fica clara a distinção, ele propõe máximas morais, seguir com cautela em suas decisões, estudar as dificuldades, ir do mais simples ao mais complexo. Como se vê, trata-se da ação, da conduta que serve de guia para ele próprio, mas que pode servir para outras pessoas.
O mesmo para Pascal, que analisa a natureza humana, sua grandeza e sua fraqueza, o que motiva nossas ações? Todos querem ser felizes, os meios falham, daí buscam o que é infinito e não falha, Deus (ver Pensamentos, capítulo "A Moral e as Doutrinas").
Kant escreveu um tratado sobre a razão prática, sobre os fundamentos da moral, quer dizer, princípios que guiam ou que deveriam guiar a conduta, o maior entre eles o dever, agir por dever. Não é uma "ética" do dever e sim uma moral do dever. O que sustenta o argumento de que, quando se invocam princípios para a vida prática, isso indica ser território da moral e não da ética.
Nietzsche pergunta o que valem os valores, responde que se deve ir além de bem e mal, partir para novos valores em nome de vida renovada, reavaliada, questionar o ser "bonzinho/a", explorar novos horizontes, não ser rebanho.
Conclusão, a Filosofia Prática reflete sobre a moral. A Filosofia Teórica reflete sobre os princípios básicos da Ética.
Haveria algo nos seres humanos, ainda desconhecido que resgatasse todos nós?
Tribos primitivas seguiam princípios ou apenas sua natureza para sobreviver? O que mudou, se é que mudou? Ainda somos em parte selvagens a seguir impulsos ou dominamos nossos instintos sob a forma da lei, da sociabilidade, de respeito a princípios éticos como justiça, liberdade, autonomia?
Creio que nem a inteligência artificial responderia, pois a sabedoria cabe a nós e não à programação de máquinas, especialmente aquelas que "pensam". Essa observação vai no sentido da ética e não da moral.
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