quarta-feira, 8 de março de 2023

Nós mulheres, e o simbolismo das flores

Chegará o dia  em que não precisaremos mais de flores?

Receber flores é um ato lindo, generoso, simbólico. Acho que todas nós agradecemos o gesto. Mas ainda é preciso mais, muito mais...

Vamos à realidade, especialmente a histórica. Data de algumas dezenas de anos o acesso ao trabalho digno, à representação política, voz e voto. Mais recentemente o reconhecimento da capacidade para cargos executivos e governamentais, ainda que lento.

Mas gostaria de me deter na educação, no ensino regular, que foi o impulsionador do acesso amplo ao mundo do trabalho, dos negócios e da responsabilidade social e política.

Me refiro apenas à cultura ocidental, isso porque é bem conhecida a ignóbil situação da mulher em países que seguem seitas, religiões, com atraso gritante quanto aos direitos e papel das mulheres, verdadeiras mordaças as subjugam. Voltando ao Ocidente, de modo geral, basta recuar um pouco para o tempo das avós, no caso de pessoas mais velhas, suas próprias mães e tias, por exemplo. Cursar o primário nas décadas de 30/40 bastava; seriam esposas, mães e donas de casa. Para que estudar? Algumas poucas reivindicaram esse direito hoje indiscutível. Foi a educação que abriu as portas.

Anton Tchekhov (1860-1904), no conto Uma história enfadonha, descreve personagens femininas às quais restava trabalhar em fábricas, serem atrizes ou prostitutas. Diz ele: "A mulher moderna é tão chorosa e rude de coração como na Idade Média. E, a meu ver, agem sensatamente os que lhe aconselham educar-se como os homens". O juízo, à primeira vista chocante, é compreensível. A má impressão se desfaz com o conselho de algo impensável àquela época: a educação no mesmo patamar em que era dada aos homens. É preciso se dar conta disso, direitos, respeito, consideração decorrem da força, do impulso, da qualificação. Degraus duros, mas que foram e continuam sendo imprescindíveis.

Por isso, menos flores e mais reconhecimento e oportunidade. 


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