terça-feira, 1 de novembro de 2022

Guerra de ideologias

 Nada chama mais a atenção nos dias de hoje, não que isso seja unicamente questão da atualidade, o jogo das ideologias. Esquerda e extrema esquerda, direita e extrema direita se digladiam. Por que é impossível, ao menos de um ponto de vista filosófico sustentar uma ou outra posição?

Ideologia significa conjunto de ideias que são defendidas sem respaldo filosófico e nem científico. Seu respaldo é social e político. Ora, para haver fundamentação é preciso que um tipo de razão, de argumentação, de raciocínio, de análise pelo qual certa ideologia deveria ou poderia ser sustentada. Ou que a ideologia passasse por prova, experiência, que a corrobore ou que a falseie.

Então qual é a força que move uma ideologia? Se é um conjunto de ideias, valores, posições políticas, propostas partidárias, a base não é a da argumentação, e sim a da valoração de um conjunto de posições,  de preferências que impulsionam a ação política. A política por sua vez, é a trama da cidade, da polis, do poder. A modernidade (a qual nem todas as nações ou países alcançaram) é caracterizada principalmente pela liberdade de pensamento e de ação, pela responsabilidade cívica, pela representação legítima de seus cidadãos, pela independência e atuação dos poderes de legislar, de governar e jurídico, sob certa constituição, ela igualmente legítima. 

É neste âmbito social e político que as ideologias atuam. Partidos políticos com expressão, certamente não os nascidos de interesse pessoal ou para simplesmente acomodar grupos e personalidades, aqueles partidos têm um fundo ideológico. De que natureza é esse fundo? Ele se caracteriza por ser pró ou contra, por exemplo, ao papel do Estado, ao direito à propriedade, à preservação da natureza, à liberdade de expressão, à saúde pública, e outros tantos direitos e deveres. 

Mas, ao se defrontarem com a realidade social e econômica, as ideologias travam. Alguns exemplos: sistema bancário, indústrias de grande porte, mobilidade social, meios e sistemas de transporte, conservação de rodovias, implantação de parques, manutenção de museus e prédios públicos. Em nenhum deles há ou deve haver preferência ideológica. 

Já na educação, na arte, nos símbolos há escolhas, há valores e portanto, algum tipo de infiltração ideológica ou de postura explicitamente ideológica. Até que ponto as ideologias mascaram, até que ponto influenciam, até que ponto vale a pena lutar por certa ideologia?

Impossível responder devido à própria natureza das ideologias. Elas são máscaras que, de tão coladas impedem todo e qualquer juízo de realidade. Indefensáveis à luz da razão argumentativa, porém capazes de fanatizar, de cegar.  Véus de ilusão... 

 

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