sábado, 1 de outubro de 2022

O fanatismo X engajamento

 O fanatismo cega, distorce, adota o pensamento único, desinforma, visa a adesão sem possibilidade de contestação, de ouvir os outros lados, de respeitar o contraditório. A enorme diversidade de crenças, de posições políticas e partidárias se resumem a um só caminho, eu nem diria caminho pois o fanático não anda, não olha para o lado, acredita que a sua seita é a verdadeira, como se seita e verdade estivessem do mesmo lado.

O fanatismo mata, dias atrás matou uma jovem iraniana que se recusou a usar o véu. E esse é mais um dos problemas que mostra a gravidade do sectarismo: o seguidor deve ser fiel aos símbolos, à letra da doutrina se for uma religião, às obrigações e imposições, sem possibilidade de contestar pois o risco vai de uma expulsão até o castigo físico e moral. 

Os fanáticos tratam os outros como impostores, como infiéis, como inimigos. Se apegam a um livro considerado sagrado cujos "ensinamentos" devem ser lidos ao pé da letra. O que implica em negar toda e qualquer possibilidade de interpretação. Ora, entender, significar, interpretar e contextualizar formam a base racional, intelectual, mental da vida humana em sociedade. 

Esse obscurecimento da razão é que leva às perseguições, ao racismo, à violência, à violação dos princípios morais. São princípios inerentes à liberdade, ao direito à informação fidedigna, à formação educacional, ao direito de ir e vir. Como é possível explicar que sejam espalhadas notícias falsas, fabricadas com a intenção de ludibriar, de atacar? A explicação para quem está do lado racional é uma só, fanatismo, terror, miséria moral.  

O fanático segue seita, já o engajado segue ideias, propostas, causas. O engajado luta por suas ideias que são permeáveis, no sentido de serem comunicáveis, quer dizer, podem e devem ser contestadas ou validadas. O fanático não se comunica, ele se impõe e impõe regras, ele vocifera palavras de ordem.

O engajado discute com base em argumentos retirados da experiência, de visões de mundo, de um aprendizado cujas fontes foram a educação refletida, com valores, com princípios. E isso nada tem de burguês, de privilegiado, de elite. Educar e ser educado é um direito em sociedades abertas. O engajamento requer sociedades abertas, que respeitem direitos, aliás, que tenham estabelecidos esses direitos.

O engajado é livre, pois suas ideias e propostas nasceram da argumentação, do conhecimento, da participação.

O fanático é escravo de suas paixões, não pensa, só reage.

Problema: como enfrentar um fanático se ele se recusa a pensar?!

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