quarta-feira, 13 de março de 2019

Olavo de Carvalho, sob o manto da erudição a Filosofia é erodida.

Incomodada com os rumos do Ministério da Educação sob o comando de um assecla de Olavo de Carvalho, resolvi ler algo sobre sua escola filosófica. Tomei por base o ótimo e sério artigo de Martim Vasques da Cunha, publicado na "Gazeta do Povo".
Pude observar que o dito filósofo, é mais um guru que domina seus asseclas sem que seu pensamento represente uma contraposição confiável e bem construída ao esquerdismo. Ambos são extremistas, ao invés de convidarem ao pensar crítico e independente, emitem juízos para apoiar sua posição político-filosófica.
No caso de Olavo de Carvalho, o convencimento e a arrogância o levam a se proclamar único, professor universitário algum teria chance de debater com ele. E pior é que tem razão, pois muitos professores de Filosofia adotam um só filósofo ou uma só doutrina filosófica o que lhes veda o olhar para a História da Filosofia. Mas não é nisso que esse julgamento de O.C. se baseia e sim no seu autoproclamado conhecimento filosófico e literário.
O.C. pretende recuperar o verdadeiro sentido do ser. Que tal ficarmos com Heidegger para essa empreitada? Segundo O.C. Heidegger falhou porque almejou ao sistema total. Errado, Heidegger inseriu o seu próprio pensamento na história do ser.
O.C. diz que se deve ficar com a tensão entre unidade e multiplicidade, mas isso não tem nada de original. Sua "dialética simbólica" que superaria Hegel se baseia em um "modelo celeste", círculos entrelaçados de céus, Platão, inteligência divina, a Filosofia teria que ter uma "disciplina da alma".
Há uma mistura entre filosofia e misticismo, o Espírito faria a síntese. Esse "céu" de O.C. nada fica a dever ao céu redentor do proletariado, as massas operárias no paraíso...
Esse desejo de poder místico explica em parte que seus asseclas sofram um processo de convencimento e não de reflexão independente, de crítica, de uso de conceitos e noções próprios a esse debate inteligente de ideias de que a Filosofia deve se nutrir.
O.C. sofre de delírio de grandeza. Apregoa que ser inteligente é admitir a verdade. Mas qual verdade, como entender esse conceito?
Propõe criar "uma elite intelectual treinada para perceber a verdade" (!)
E o pior é não admitir o contraditório!
Por essas e outras razões é que os seus asseclas atualmente ocupando cargos no Ministério da Educação se vêm às voltas com a necessidade de lidar com dificuldades gritantes que os sistemas de ensino enfrentam em nosso país, em todos os níveis. E não conseguem dar um rumo confiável e necessário ao ensino.
O.C. e cia limitada não representam uma alternativa à doutrinação esquerdista. Trata-se de uma opção tão ideologizante e perigosa quanto à dos marxistas/leninistas/gramscianos.
É preciso urgente recuperar a razão, em todos os sentidos da expressão.

2 comentários:

  1. Bom, você como filosofo consegue compreender que grandes intelectuais são pessoas que podem causar rupturas em grandes sistemas, surgindo mudanças culturais e científicas. Sé O.C teve essa coragem de deixar seu legado, quem sou eu para criticar, tenho que agradecer, foi a partir de um vídeo dele que vi há 6 anos atrás que conheci ás obras de Hegel.

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  2. Vc não precisa de OC para entender Hegel e sim de Jean Hyppolite e tantos outros estudiosos de Hegel!

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