Mesmo a filosofia tem sido usada com esses propósitos.
É possível, entretanto, apontar para campos pouco explorados, com ajuda de alguns filósofos.
No século I de nossa era os estóicos, filósofos romanos, se voltam para a vida concreta, para os valores que ensejam aceitação, simplicidade, confiança, sobriedade, moderação. Há que desprezar o caráter fraco, "bestial, infantil, indolente, desleal, de histrião, de mercador, de tirano", escreve Marco Aurélio, "a vida é breve; é preciso desfrutar o presente com prudência e justiça, ser sóbrio folgando", nada de ficar lastimando, ser como o promontório que permanece firme com o vai e vem das ondas.
Difícil, em uma sociedade que prega o sucesso a qualquer preço e o imediatismo. Resolver tudo já, cumprir metas, devorar e devolver, de preferência sem precisar pensar muito.
É pena, deveríamos ter as malas prontas para partir, o navio mesmo longe, um dia chega. Mas para ir embora é melhor estar leve, não precisamos de bagagem alguma...
Outros filósofos ensinam a desconfiar de mitos, de crenças arraigadas, riem dos presunçosos e criticam as pessoas que se têm alta conta. A meta que os orgulhosos perseguem é a glória. Mas também o oposto, crer-se inferior ao que se vale, é viver na sombra, de sobras.
Montaigne (século 16) não teme ferir os orgulhosos e nem teme desprezar os fracos e subalternos. Chegar à velhice, aceitar doenças, sem temor. "É impossível que alguém tenha descanso enquanto temer a morte", diz ele. (Ilustração de Dali para "Ensaios" de Montaigne)
O homem oscila entre a animalidade e a racionalidade. Não se deve ignorar nem uma nem a outra: semelhança com os animais e ao mesmo tempo capaz de grandeza; algo de monstruoso (vilanias e violência), algo de gradioso (criatividade e atos livres). É isso que Pascal (século 17) chama de "duplicidade do homem". Talvez levar em conta essas facetas e disparidades sirva para mostrar porque ainda há fome no Sudão e fartura em shoppings. "Praça de alimentação" não é algo bizarro?
Essas são algumas das boas razões para vidas mais satisfatórias.
Belo texto Profª. Inês,
ResponderExcluirli algumas parte de Montaigne. Gosto muito desse filósofo!
Um forte abraço!
Vc gostou tb do texto sobre Wittgeinstein, seria interessante ler a biografia, "O dever do gênio". Seu blog, como sempre, muito interessante!
ResponderExcluirAbraço
Inês