domingo, 11 de julho de 2010

A boa vontade não custa nada

Algo que chamou a atenção no caso do goleiro Bruno, foi a imprensa de modo geral voltar-se para o efeito sobre os pequenos torcedores do Flamengo. Para os fãs o jogador é bom, mais do que bom de bola, um herói.
Ora, suspeito de assassinato, ele se transformou em vilão. Como entender o mal? Como explicar que um ídolo faça o mal?
Para Hobbes o homem quer devorar o próprio homem, em uma eterna luta. Para Rousseau, ao contrário, o homem nasceu bom, a sociedade é que o corrompeu. Freud também culpou a civilização por bloquear os impulsos.
Uma visão diferente acerca do mal, é a de Santo Agostinho. O mal não é uma coisa, portanto não depende de Deus, não é algo criado. O mal vem da vontade que é livre. Há o livre arbítrio, a livre escolha, ou então não é mais vontade. Mas como pode a vontade escolher matar alguém que tem nos braços um filho seu?!
Quando falta força, quando a decisão abandona a fortaleza, a coragem, as virtudes pelas quais se consegue vida plena, vida feliz, é a própria vontade que assim agiu. Mas não a boa vontade.
Cultivar a boa vontade é difícil, requer sacrifício, luta, empenho, boa educação, hábitos cultivados desde cedo, pela pessoa, única responsável pelos seus atos. De nada adianta encontrar culpados, ou desculpas. Ele foi fraco porque, coitadinho, não teve chance, a sociedade é que é má, os pais o abandonaram, etc. etc.
A disposição para agir bem depende da vontade que extrai dela mesma a força para se encaminhar, ou seja, encontrar seu caminho.
Pode-se perder a fortuna, amigos, a saúde, mas a boa vontade depende apenas de nós, ela nos pertence, é gratuita, basta que a reconheçamos e que tenhamos a força moral necessária para cultivá-la.

Um comentário:

  1. Ines, empenhar-se para educar a vontade exige duas coisas: liberdade e responsabilidade. Nem todos estão dispostos a pagar o preço. Há uma frase que sempre me lembro e uso: posso não ser responsável pelo que a sociedade fez de mim, mas tenho plena responsabilidade pelo que faço com aquilo que a sociedade fez. O presente me pertence. O momento agora está em minhas mãos e só eu posso me decidir sobre minha atitude agora.

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