segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

A moral de rebanho e os políticos

A necessidade de angariar eleitores a torto e a direito, à esquerda e à direita, de norte a sul, de leste a oeste, quer os políticos tenham ou não capacidade, honestidade, compromisso com o país e a sociedade, essas condições e atuais circunstâncias, transformam os políticos em apascentadores de rebanho.

Há que baixar a cabeça, quanto mais seus seguidores e eleitores fiquem ou se sintam à mercê deles, submissos e engajados à horda, tanto melhor. A moral preconizada decorre de ressentimento que é natural a todos aqueles que, sem ter capacidade, se ressentem, ou pior, quando têm poder, disfarçam essa moral baixa em vitória da mediocridade. Tal ressentimento produz reações, mas nunca ação renovadora. Pelo contrário, há vulgaridade, há mesquinhez, palavras de ordem a serem seguidas sem reflexão, adjetivos ofensivos, bandeiras levantadas nas ruas, protestos para mostrar quem atrai mais adeptos. 

Longe desses ressentidos, senhores da razão, há os que criam valores, suas atitudes são nobres, suas visões são as do alto da montanha, não rastejam, são responsáveis pelos seus atos, se mantêm fortes apesar da estupidez, da idiotice dos que os cercam. São livres, sua vontade soberana não se curva ao senso comum servil, são capazes de discernir.

Os que seguem fielmente a tropa, que se vangloriam de pertencer à tropa, essa condição é o máximo para o chefe, pois sua missão é facilitada pela obediência. O chefe do rebanho mantém as ovelhas sob seu jugo por meio da moralização, ele incentiva todos e cada a serem leais, essa lealdade nunca é questionada. Esses fracos, diz Nietzsche, tendem a se agrupar ao passo que os fortes tendem a se distanciar uns dos outros, agem e pensam com autonomia. Para os que têm espírito independente, para os que não se limitam a reagir, vestir camisa de uma ou outra cor, não significa nada, absolutamente nada.


A cegueira do rebanho


É fácil manter esses fieis sob o domínio do chefe, este se investe de mandatário, um mandatário divino, acima de suspeita, os lados em litígio acreditam piamente que seu chefe, e somente ele pode, deve, e irá governar. 

Uma nuvem escura desce sobre o país, impede a visão, enevoa a crítica, dissemina ódio.

Enquanto isso, os fortes aguardam, sem esmorecer.

"Quase todo político, sob certas circunstâncias, é tão importante mostrar-se um homem honesto, que ele, tal como um lobo faminto entra em um estábulo: não, entretanto, para surpreender um carneiro e devorá-lo, e sim para esconder-se por inteiro em suas costas." (Nietzsche, in: Menschliches, Allzumenschliches. Humano, Demasiado Humano, 1878).

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