domingo, 6 de outubro de 2024

Filosofia e Inteligência Artificial

 A inteligência artificial modificou nosso modo de comunicar, interagir, pesquisar, produzir, diagnosticar e prevenir doenças. Verdadeira revolução possibilitada pelo uso de bilhões de dados combinados entre si com resultados extraordinários, assustadores e sem volta atrás. 


Programada para calcular, pode resolver todo tipo de questões?

Algumas dúvidas e questionamentos são inevitáveis: a IA vai substituir pessoas? Em quais setores e atividades? Nosso modo de pensar, de raciocinar será conduzido pelas máquinas inteligentes? Quem tomará decisões e em quais setores? Haverá meios de evitar que valores humanos sejam relegados a segundo plano e que nos deixemos guiar por soluções algorítmicas?

Na hipótese de uma máquina alimentada com as ideias de filósofos clássicos, o resultado será uma nova vertente, um novo "filósofo"? Se isso for possível, qual a importância e o crédito que essa doutrina receberia? Essa nova corrente permitiria inferir reflexões plausíveis a ponto de serem publicadas e supostamente transmitidas? Neste ponto tem-se que parar e concluir pelo absurdo dessas suposições.

Arte, filosofia, literatura, poesia, mesmo com suficientes e acertadas informações, resultariam em algum tipo de pensamento filosófico, um romance com enredo arrebatador, poesia com fluxo estético? Creio que não.

Aos pedidos para um robô desses super inteligentes para elaborar um poema sobre a tristeza ou sobre a alegria, sobre a beleza, sobre o carinho materno, sobre o coração iluminado por uma súbita revelação, teríamos algo satisfatório? Aos programadores da IA esse tipo de questionamento poderia ser considerado e resultaria em algo interessante, mas seria perda de tempo, pois não são esses os objetivos visados por eles. Programar visa buscar soluções, resolver problemas. 

Imaginação, criatividade, reflexão, criação de ideias, questionamento de valores, são características de nossa humanidade, quer dizer, próprias da condição humana que não se resume em soluções inteligentes. Até mesmo para planejar e construir, inclusive as próprias máquinas com seus bilhões de dados, são necessárias a experiência, a formação e a engenhosidade. Um arquiteto é insubstituível. A mão do homem, sua inteligência e criatividade permanecem com seus múltiplos usos, significados, gestos, apelos. 

Essas são reflexões filosóficas, sim pois filosofar une pontos dispersos, mostra caminhos, permite visualizar o todo, entender o sentido da vida (ou não), as peculiaridades históricas e culturais, lançar um olhar sobre o burburinho de bilhões de pessoas em sua fantástica diversidade. Um polo de alta tecnologia de um lado, um povoado isolado numa floresta, de outro; conflitos, divergências, violência, guerras absurdas e ao mesmo tempo inevitáveis de um lado, de outro os meios para obter tranquilidade e segurança. Permeando tudo isso, o poder em seus vários espectros.

O quadro multifacetado da existência até pode servir para alimentar a IA. Mas nunca para compreender, avaliar, dar sentido a essa existência.

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